Senhor Deputado Federal por Pernambuco Gonzaga Patriota.

Admira-me um projeto ser tão louvado como este – o PROUPE – e passar ao largo das opiniões dos Docentes das treze Autarquias Municipais do estado beneficiadas pelo mesmo.
Em Arcoverde a Seção Sindical local do ANDES SN luta desde 1994 pela implantação de um Regime de Trabalho que possibilite realizar pesquisa e extensão, além do dissociável e há muito – 42 anos – instituído Ensino. Ainda hoje trabalhamos em regime de hora/aula, fato que impossibilita quaisquer atividades acadêmicas naquelas áreas.
O Diretor-Presidente da AESA – Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde – seu Vice e uma dezena de assessores ainda são indicados pelo Prefeito Municipal, sem qualquer consulta à Comunidade Universitária. O então Prefeito de Petrolina e hoje Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho do PSB, sancionou Projeto aprovado na Câmara Municipal que instituiu eleições diretas para os gestores da FACAPE (Autarquia Municipal de Petrolina) e seus Diretores Pedagógicos desde 2006.
Não compreendo como é que o Estado de Pernambuco investe tanto dinheiro do povo nesse Projeto que não leva em consideração a melhoria na qualidade de ensino na região, que somente acontecerá com a adoção das mesmas medidas políticas,administrativas e pedagógicas utilizadas já a algum tempo na UPE ou nas Instituições Federais de Educação capitaneadas pelo MEC.
O Projeto tão sonhado e esperado por todos de estadualização ou federalização das Autarquias Municipais, resguardando-se as questões trabalhistas institucionalizadas, fica maculado por esta outra versão casuística e eleitoreira, que apenas aparentemente cria condições para dar impulso à educação superior na região. Porém, surge com os mesmos vícios de outrora, quando da criação destas Instituições de Ensino Superior no decorrer do período mais “selvagem” da ditadura militar – 1970 – visando tão somente respaldo eleitoreiro e controle político-ideológico fascista do povo, advindo da indicação a “bel prazer” pelos cefes dos Executivos Municipais, de pessoas as vezes até sem formação superior qualquer, fato que não aconteceu no vizinho Estado da Paraíba, que teve sua expansão universitária para o interior através da UFPB e da UEPB, mesmo no período da ditadura militar.
Comungar com este tipo de Projeto é dar continuidade àquele contestável sistema político, de Governos que almejam tão somente e antes de tudo o “seu” projeto de poder, esquecendo que estão sendo julgados por todos, inclusive por aqueles que anseiam por soluções dos problemas inerentes a partir de debates com todos os segmentos das Comunidades Acadêmicas locais, para não cometer deslizes históricos, irreparáveis no tempo; este soberano e implacável com os insensatos e imediatistas gestores da coisa pública.
Lutamos por uma Educação Superior gratuita, de qualidade, democrática e propositiva academicamente. Não pela utilização de bens inalienáveis à cidadania como trampolim político partidário e, portanto, eleitoreiro.
Cordialmente,
Arcoverde-PE, 30 de outubro de 2011
Otacílio Luiz de Freitas Góis – Docente da Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde-PE.