Uma comparação com os últimos dez anos mostra avanço no país nos indicadores. Em 2004, a fatia de domicílios que se declaravam confortáveis em relação aos alimentos era de 65,1%. Dez anos depois, em 2013, esse percentual subiu para 77,4%. Já os casos de insegurança, medida em três níveis (leve, moderada ou grave) desde a preocupação com a falta de alimentos no futuro até a efetiva restrição, recuaram de 18%, em 2003, para 14,8%, em 2013. A chamada insegurança moderada, quando existe redução de alimentos para adultos, passou de 9,9% para 4,6%. O de insegurança grave, quando atinge crianças, recuou de 6,9% para 3,2%.
Neste ano, o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou que o percentual de pessoas com insegurança alimentar aguda chegou a 1,7%, considerado erradicação, no entanto, a miséria parou de cair no país. Após uma década de queda sistemática da pobreza extrema, ela subiu de 3,6% para 4%.
— Esse estudo (FAO) usa uma escala parecida com a Ebia, para um dos aspectos. A FAO faz essa pesquisa de segurança alimentar de uma maneira mais ampla, usam dados de produção de alimentos, dados antropométricos — explicou July Ponte, técnica do IBGE responsável pela pesquisa de segurança alimentar.
O IBGE utilizou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) para identificar e classificar os domicílios de acordo com o grau de segurança alimentar, ou seja, se existe uma situação de conforto ou de medo e risco de ficar sem comer. A escala prevê quatro categorias. A segurança alimentar se aplica a domicílios que têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade em quantidade suficiente. Já a insegurança alimentar pode ser leve, moderada e grave.
Ela é leve quando em um lar há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro e a qualidade é considerada inadequada em casos de pessoas que não querem comprometer quantidade. No caso da insegurança alimentar moderada, ela está presente quando se verifica a redução quantitativa de alimentos entre adultos. Já a insegurança alimentar grave é constatada com a redução quantitativa de alimentos entre crianças e a fome (quando alguém fica o dia inteiro sem comer por falta de dinheiro).
FOME NO CAMPO ERA MAIOR
Segundo o IBGE, a fome ainda era maior no campo, com 13,9% dos domicílios em situação grave ou moderada. Houve aumento de domicílios na condição de insegurança grave de 19,5% para 21,4%, enquanto na área urbana, a proporção de domicílios com insegurança grave passou de 4,6% para 2,8%, e a moderada seguiu no mesmo sentido recuando de 6,1% para 3,9%.
O Norte e o Nordeste tinham os piores indicadores de insegurança alimentar, com indicadores bem abaixo da média do país. O Nordeste experimentou o maior avanço, mas ainda detinha os piores indicadores. Em 2004, a região tinha menos da metade dos domicílios (46,4%) com segurança alimentar, esse percentual ficou em 61,9%. No Maranhão, 60,9% dos domicílios tinham algum tipo de insegurança alimentar, ou seja, não tinham certeza de que iriam conseguir se alimentar de forma adequada, enquanto a média do Nordeste era de 38,1% de insegurança e 61,6% de segurança. Em situação grave, eram 9,8% dos domicílios. No Piauí, 55,6% dos lares tinham algum tipo de insegurança. No Amazonas, 42,9% tinham algum tipo de insegurança. Na região Norte, apenas Rondônia tinha indicador de segurança alimentar acima da média nacional.
No Sudeste, 85,5% dos domicílios estavam na situação de segurança, sendo que o maior percentual em todo o país estava no Espírito Santo. São Paulo detinha o menor percentual de domicílios com restrição grave: 1,7%. No Rio, eram 82,2% dos lares estavam na condição de segurança alimentar. O Centro-Oeste passou de 68,8% dos domicílios em situação de segurança alimentar para 81,8%.
Fonte: O Globo
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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