Ambulâncias, viaturas de polícia e também do Corpo de Bombeiros podem passar a trafegar em faixas preferenciais no Recife, evitando o conhecido zigue-zague para conseguir chegar aos seus destinos. A nova realidade está prevista no projeto de lei nº 9/2013, já aprovado na Câmara de Vereadores, mas que ainda espera a sanção do executivo municipal.

A proposta já esteve em discussão entre os anos de 2011 e 2012, mas acabou não avançando. De acordo com o conteúdo, novas sinalizações nos pavimentos, que não representariam custos aos cofres públicos, seriam disponibilizadas em todas as avenidas recifenses com mais e três faixas de rolamento para veículos, contando com pintura diferenciada. Com uma frota que supera 600 mil carros, a Capital amarga frequentes congestionamentos e entraves em diferentes modais da escala da mobilidade, fatores que, de acordo com especialistas, ainda seguem na contramão dos objetivos de fluidez.

“O que buscamos é priorizar a vida, focando nas dificuldades ainda existentes na prestação de socorro à população. Hoje os corredores que levam as grandes unidades hospitalares estão saturados e acabam contribuindo para o registro de acidentes. Ainda falta compromisso da parte dos motoristas e queremos apenas reforçar esse elemento”, explicou o vereador Rogério de Lucca, autor do projeto.

Segundo o parlamentar, a medida já vem sendo adotada com êxito, há mais de 30 anos, em grandes cidades como Nova Iorque e Paris, onde a livre circulação possibilita a prestação do atendimento em poucos minutos. Lucca defende que a proposta tem a aprovação dos órgãos de trânsito, a exemplo do Detran, mas a entidade prefere não se manifestar enquanto a matéria segue em tramitação.

Na visão do consultor em trânsito, Carlos Augusto Elias, a adição da faixa já poderia ser realidade sem a necessidade de força de lei. “O código de trânsito já prevê essa liberdade de circulação, sendo um fator que poderia ser bem mais fiscalizado e passível de orientação. Contudo, é preciso lembrar que o fluxo travado não ajuda a quem está no volante, independente do que está ou não sinalizado na via”, ressaltou.

Conforme o especialista, o incremento mensal de 17 mil novos veículos em todo o Estado torna a situação fora do controle. “São artérias que não foram projetadas para essa demanda e qualquer iniciativa feita para segregar algum tipo de serviço oferecido à população é considerada bem válida”, acrescentou, lembrando os trechos para transporte público, batizados de Faixa Azul, já em funcionamento no Recife.

Não dar passagem para veículos de urgência e emergência, como ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e viaturas policiais, é um crime previsto pelo CTB. A legislação prevê infração gravíssima, com multa de R$ 191,54 e acréscimo de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

“Precisamos trabalhar muito mais a educação e cidadania dos motoristas do que se voltar apenas para o que está impresso no asfalto. Todos os critérios de penalidade já existem e, mesmo assim, nem sempre o procedimento é feito a contento”, diz a presidente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Taciana Ferreira.

Para a gestora, a medida em análise ainda apresenta várias lacunas. “As viaturas podem ser oriundas de diversos lugares, inclusive outro municípios, enfrentando várias dificuldades ao longo desse caminho. Afunilar apenas o trecho mais próximo aos hospitais não consegue garantir a celeridade de todo trajeto e assegurar um socorro exitoso. É preciso aperfeiçoar”, ponderou.

Fonte: Blog da Folha

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)