Na terra do frevo, o ensino da dança não é coisa só para os dias de fevereiro. Ocupa o ano todo. Afinal, frevar dá alegria – como a exibida pelos foliões nas ruas–, alonga as pernas, como bem exibem os passistas profissionais, e faz muito mais. Ajuda, por exemplo, na educação inclusiva.

Na Escola Municipal de Frevo Maestro Fernando Borges, na Encruzilhada, Zona Norte do Recife e única pública no mundo, os primeiros e mais complexos passos da dança patrimônio imaterial também chegam às crianças e jovens especiais, portadoras de alguma limitação. Eles têm experimentado com sucesso a nova possibilidade. Conquistam melhor coordenação motora, independência, foco e outras vantagens que as mães listam orgulhosas.

“Começamos na década passada, numa parceria com a Escola Ulisses Pernambucano, da rede estadual, que trabalha com crianças especiais. Depois, as mães de crianças matriculadas em outros colégios ficaram sabendo e foram naturalmente trazendo seus filhos”, conta Nara Frej, vice-diretora da Escola de Frevo Maestro Fernando Borges, do Recife. As aulas são às segundas e quartas à tarde, gratuitamente.

“Fiquei sabendo há dois anos por uma vizinha, que tinha matriculado a filha dela. Daí, passei a levar os meus, Thybo Rafael, de 21 anos, e Osvaldo, de 24. Foi a melhor coisa que fiz. Ocupa a mente deles e os dois  estão evoluindo no estudo regular”, conta a dona de casa Maria José Batista, moradora de Olinda.

Maria Clemilda Campos, 45 anos, vizinha de Maria José, atesta os benefícios que também coleciona. A filha dela, Priscila Alves de Souza, 24, tem síndrome de Down. A menina gosta tanto das atividades que frequenta até as colônias de férias.

No último Carnaval, Priscila subiu ao palco em apresentações nos polos descentralizados do Alto José do Pinho, Zona Norte do Recife, e na Várzea, Zona Oeste.

Para Maria Clemilda, as aulas de frevo só fizeram reforçar uma aptidão forte da filha, que “gosta de dançar todos os ritmos”, enfatiza. Em casa, basta tocar uma música e a garota começa a ensaiar.

Do frevo, Priscila também chegou ao maracatu. Mas como percussionista, num projeto social do Banco do Brasil que  levou as crianças para apresentações em público.

“Estão reconhecendo os nosso filhos, é importante a participação deles nesses grandes eventos”, afirma a dona de casa.

O sucesso é tão grande que mães estão se transformando em alunas, seguindo os passos dos filhos. Sheyla Rodrigues é uma delas. Há três anos começou a levar o filho Ítalo Vinícius Rodrigues, 15 anos. Agora, ela também encontrou tempo para frequentar as aulas destinadas a adultos. “Venho num terceiro dia, sem ele, para que possa me dedicar melhor”, afirma.

Quanto ao filho,  observa que Ítalo melhorou muito a coordenação motora, a fala e também o ritmo depois que passou a ser aluno da Escola de Frevo do Recife. “Está mais atento também nas aulas regulares, na sua escola”, conta.  Ele aprende a frevar duas vezes na semana.

A Escola de Frevo do Recife foi fundada em 1996. Atende a estudantes da rede municipal e ao público externo, gratuitamente. São cerca de 900 alunos, de diferentes idades.

As aulas  são ministradas inclusive por ex-alunos, que tornaram-se bailarinos profissionais a partir dos passos do frevo.

Uma companhia de dança foi formada pelos egressos da escola, que hoje buscam parceiros para financiar despesas com roupas e outros materiais. A Escola de Frevo do Recife  funciona na Rua Castro Alves, telefone: (81) 3355-3102.

Fonte: JC

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)