Dois réus são condenados pelo assassinato do promotor Thiago Faria

Julgamento do Caso Thiago Faria ocorre no RecifeApós quatro dias de júri popular, o Conselho de Sentença decidiu pela condenação de José Maria Pedro Rosendo Barbosa e de José Marisvaldo Vitor da Silva pelo assassinato do promotor Thiago Faria Soares e pela tentativa de homicídio da noiva dele, Mysheva Freire Ferrão Martins, e do tio dela Adautivo Martins. O agricultor Adeildo Ferreira dos Santos foi inocentado pelos jurados. Os advogados de José Maria e de José Marisvaldo pretendem recorrer das sentenças.

O veredicto foi conhecido por volta das 4h30 desta sexta-feira (28), na sede da Justiça Federal, no bairro do Jiquiá, Zona Oeste do Recife. Apontado como mandante do crime, José Maria Rosendo, conhecido como Zé Maria de Mané Pedro, foi condenado a 50 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado. Como foi preso em 28 de outubro de 2014, restam 48 anos e quatro meses. José Marisvaldo, conhecido como Passarinho e que teria tido o papel de seguir o promotor e informar aos atiradores onde ele estava, foi condenado a 40 anos e 8 meses em regime fechado. Restam-lhe 31 anos e 8 meses a cumprir. Foram negados os pedidos de ambos de apelar em liberdade.

Abraçados, Maria do Carmo Faria e Daniel Faria, mãe e irmão do promotor, eram emoção pura. Choraram, rezaram e vibraram com a condenação de dois dos três réus que eram julgados. Houve ainda um suspiro de decepção com a absolvição de Adeildo, mas o resultado, em geral, foi considerado satisfatório. “Imagine eu aqui há quatro dias e agora, ao final, receber essa notícia, que foi muito justa. O meu filho merecia Justiça e agora ela começou a ser feita. Ainda temos dois julgamentos e eu espero êxito nos outros dois também”, declarou a aposentada de 71 anos, que acompanhou os quatro dias do júri ao lado do filho.

Daniel Faria também acha que foi feita Justiça. “Claro que em parte, porque ainda tem uma pessoa foragida, uma pessoa que será julgada, mas me sinto muito satisfeito com a decisão e muito feliz porque sei que o meu irmão vai descansar em paz agora”, observou.

O advogado da família, André Canuto, também comentou o veredicto e chegou a emocionar-se, recebendo o carinho da mãe do promotor, que enxugou suas lágrimas e agradeceu por todo o apoio. “Acho que o resultado reflete o que eu já falava desde o primeiro dia. Que a prova dos autos eram contundentes. Que por mais que a defesa usasse de estratagemas e de teses mirabolantes para implantar dúvidas, eu aqui, durante o dia de hoje, várias vezes intervi para dizer que dúvidas não havia. Perícia, prova técnica… Além disso você tem provas contundentes do principal acusado, José Maria Rosendo, em vários momentos desse processo”, salientou, acrescentando que não pretende recorrer da decisão sobre a absolvição de Adeíldo.

O assassinato de Thiago Faria ainda tem dois acusados, os irmãos Antônio Cavalcante Filho e José Maria Domingos Cavalcante. Antônio está foragido e José Maria, que está no Centro de Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, será julgado no dia 12 de dezembro porque o advogado dele, Emerson Leônidas, faltou a esse júri popular.

O júri
O júri popular começou na última segunda-feira (24, com o depoimento da noiva de Thiago Faria, a advogada Mysheva Martins, então noiva da vítima. Ela relatou os últimos acontecimentos antes de o noivo ter sido assassinado em outubro de 2013 e chegou a se emocionar quando detalhou o crime. Em seu depoimento, o delegado Alexandre Alves, responsável pelas investigações, defendeu a noiva de Thiago Faria. Ele disse também como chegou a cada um dos acusados.

Durante a terça-feira (25), a antiga moradora da Fazenda Nova, Cláudia Tenório Freire de Melo, que é tia de Mysheva Martins, fez um relato breve de uma ameaça que José Maria Pedro Rosendo, o Zé Maria de Mané Pedo, teria feito ao promotor – teria prometido “estourar a cabeça” de Thiago. No mesmo dia, o inventariante da Fazenda Nova, Carlos Ubirajara, afirmou que a área que se tornou foco da disputa que culminou na morte de Thiago não tinha renda mensal. Pelo contrário, que “só dava dor de cabeça”.

Mas, no depoimento de Mysheva Martins, no dia anterior, ela contou que a fonte de água mineral existente no local renderia cerca de R$ 1, 4 mil diariamente, ou seja, mais de meio milhão por ano.

O perito criminal federal Carlos Eduardo Palhares Machado retratou, também na terça, a trajetória das balas e dos ferimentos na vitima. Ele declarou que houve divergências entre as perícias feitas pelas polícias Civil e Federal. Segundo Palhares, a Civil, por exemplo, afirmou que o primeiro disparo havia sido fatal, o que ia de encontro ao depoimento de Mysheva, que dizia que Thiago ainda teve tempo de encostar o carro antes de ser atingido pelos demais tiros. O perito afirmou que a PF confirmou o depoimento de Mysheva, de que o segundo tiro é que foi fatal.

Na quarta-feira (26), o destaque foi a ouvida de José Maria Pedro Rosendo Barbosa, acusado de ser o mandante do crime. Inocentado em dois proces¬sos por cárcere privado e sequestro nas comarcas de Vitória de Santo Antão e Garanhuns, o fazendeiro Zé Maria de Mané Pedro, como é conhecido, foi interrogado por quase cinco horas.

Negou envolvimento na morte de Thiago e, quando pode, lançou suspeitas sobre Mysheva e o ex-namorado dela, um empresário do ramo de funerárias. Segundo Zé Maria, Mysheva “vale por dez jararacas (serpentes de até 1,6m)” e que cresceu “sendo envenenada pelo pai”.

Ainda na quarta, no interrogatório de José Marisvaldo, ele respondeu quase todas as perguntas por quase duas horas. Só se recusou a responder às do assistente de acusação de Mysheva. Adeildo Ferreira dos Santos também foi ouvido na quarta-feira, mas evitou responder a maioria das perguntas, dizendo repetidas vezes que não se recordava bem dos fatos.

Nessa quinta (27), ao longo do dia, houve os debates entre acusação e defesa. Cada uma das partes teve três horas para expor os argumentos. No caso da defesa, o tempo foi dividido entre os advogados dos três réus. O advogado João Olímpio Mendonça, que representa José Maria Rosendo, afirmou que as acusações são embasadas somente na conduta dele anterior ao crime e que estavam tentando formular uma imagem “de cão de tridente, a figura do diabo” a respeito do réu.

Já José Rawlinson Ferraz, que representa Adeildo Ferreira dos Santos, declarou que o acusado “é uma moça”, buscando mostrá-lo como uma pessoa frágil, ingênua, “matuta”. Ele disse que Adeildo só foi interrogado por pouco mais de 10 minutos e indiciado em seguida.

Anderson Flexa, que defende José Marisvaldo Vitor da Silva, contestou provas e depoimento de Mysheva. Ele mostrou imagem de uma câmera de circuito interno em que um motociclista aparece seguindo o carro do promotor. Para o advogado, o porte físico da pessoa que aparece na filmagem não combina com o do réu e que a moto não era a dele.

Na acusação, o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Bruno Costa Magalhães recitou, para sensibilizar o júri, um poema de Rubem Alves sobre a perda de um filho. Ele pediu uma condenção maior para Zé Maria Mané Pedo por haver “arquitetado o crime”.

Como motivação para o assassinato, destacou desavenças com Lourival, pai de Mysheva, e a confusão por conta da herança. Ele também mencionou divergências na área demarcada na fazenda e o fato de Thiago ser uma peça fundamental na imissão de posse das terras. Já o advogado assistente André Luiz Canuto destacou investigação da Polícia Federal que, de maneira técnica, “desvendou mentiras nas versões dos depoimentos dos acusados” – eles falavam que estavam num local quando estavam em outro (a PF fez rastreamento das antenas do celular).

Na réplica, o procurador da República disse que os réus agiram “como feras” no dia do crime. Ele ainda usou seu tempo de fala sobre as alegações da defesa para mostrar fotos do corpo desfigurado do promotor e reforçar a tese de culpa dos acusados. “Isso é bicho e bicho tem que ser enjaulado”, comentou. Na tréplica, o defensor João Olimpio Mendonça colocou em dúvida a versão da noiva do promotor na época, a advogada Mysheva Martins. “Na parte do passageiro foi encontrado no assoalho uma sandália e uma bolsa marrons. Houve alteração do local do crime, com realocação desses objetos”, diz, lendo documento da perícia anexado ao inquérito, acrescentando que isso fez os peritos concluírem que esses objetos não estavam dentro do carro. O advogado de Mysheva, José Augusto Branco, faz um aparte dizendo que perito que elaborou laudo em 3D explica a respeito da falta de sangue nos objetos da então noiva da vítima.

Fonte: Folha-PE

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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