‘Não sou estuprador’, diz homem tido como mentor de estupro coletivo

1É na Casa de Detenção Provisória de Altos, Norte do Piauí, que o homem apontado pela Polícia Civil e Ministério Público Estadual como o suspeito de ser o mentor do estupro coletivocontra quatro garotas em Castelo, em maio do ano passado, está há mais de 360 dias recluso. Adão José Silva Sousa, de 42 anos, alega inocência, diz que nem estava na cidade no dia do crime e, quase um ano após o caso, permanece sem ser julgado. O homem está há 10 meses sem receber a visita de um defensor público.

Assim como na época em que foi detido, dois dias após o estupro, ele nega ter qualquer tipo de envolvimento nas agressões contra as meninas. “Não sei por que citaram o meu nome e até hoje não sei por que a Justiça não encontrou o verdadeiro culpado. As meninas sabem a verdade, sabem quem encostou nelas. Eu não fiz essa barbaridade, não sou estuprador, nunca obriguei ninguém a ter nada (relação sexual) comigo”, falou.

O G1 teve acesso ao presídio – a entrada no local foi autorizada pela Secretaria Estadual de Justiça (Sejus). Por medida de segurança, Adão permanece isolado em uma das celas. Esta não é a primeira vez que o homem experimenta a reclusão, pois já havia cumprido pena em regime fechado por tráfico de drogas e porte ilegal de armas em São Paulo

Além dele, quatro adolescentes, já condenados a cumprir medida socioeducativa, foram citados pela polícia e MP por estuprar, agredir e arremessar do alto de um penhasco de cerca de 10 metros de altura quatro amigasque fotografavam no Morro do Garrote, ponto turístico da região. Uma das meninas não resistiu aos graves ferimentos e morreu.

Em sua defesa, Adão diz que no dia 27 de maio estava em Campo Maior, cidade distante de Castelo cerca de 100 km. Ele confessa, no entanto, que foi para lá fugindo da polícia por ter assaltado e baleado a gerente de um posto de combustível. O assalto ocorreu numa sexta-feira, 22 de maio, cinco dias antes do estupro coletivo.

“Fugi pela linha do trem no sábado, umas 18h. Andei pela mata e peguei carona com um mototaxi e na segunda-feira cheguei em Campo Maior. Eu não estava em Castelo no dia desse estupro, não conhecia essas meninas. Nunca vi essas meninas. Eu tenho testemunhas pra dizer que eu estava em Campo Maior”, contou.

“Estão faltando com a verdade. O defensor disse para mim que não foi encontrado nada, nada meu e o exame não tinha como afirmar isso. Estão faltando com a verdade porque eu não tenho dinheiro para pagar um advogado. Porque eu posso fazer os exames tudo de novo se quiserem”, completou.

Quando Adão foi preso, os policiais encontraram na casa dos pais dele uma bermuda com vestígios semelhantes a sangue e esperma. O material foi submetido a exames de DNA e, segundo o delegado Laércio Evangelista, que acompanhou o caso, os laudos comprovaram que Adão e dois dos quatro menores, participaram do estupro coletivo contra as garotas.

A polícia também ouviu testemunhas que afirmaram ter visto Adão em Castelo horas após o crime. De acordo com ele, provas técnicas e os depoimentos foram suficientes para a condenação de todos os investigados.

‘Não fiz essa barbariedade’
Adão não nega já ter cometido outros tipos de crime e ser usuário de drogas como maconha e crack. Ele também não esconde o fato de que antes de ir parar na cadeia por suspeita no estupro coletivo vendia entorpecentes em Castelo. Ele mencionou que há a possibilidade de ter vendido maconha a alguns dos garotos apontados pela polícia na autoria das agressões contra as quatro amigas.

O juiz Antônio Lopes, da 2ª Vara da Infância e da Juventude, falou que os depoimentos das três meninas que sobreviveram às agressões confirmaram a presença dos quatro adolescentes e Adão no Morro do Garrote, cenário do crime bárbaro.

Envolvimento de PM
A exemplo de um dos adolescentes que cita um policial militar como sendo a pessoa responsável por planejar todo o crime, Adão acredita que o PM foi o cabeça de tudo. Gleison Vieira da Silva, 17 anos, um dos menores condenados, revelou aos outros adolescentes sobre o envolvimento do policial.

Tido como o delator do grupo, Gleison foi assassinado dois meses depois do estupro coletivo dentro do alojamento do Centro Educacional Masculino (CEM), quando já cumpria a medida socioeducativa.

No início das investigações a polícia ouviu duas das vítimas, as primeiras a terem alta do hospital. Segundo o delegado Laércio Evangelista, as meninas revelaram que os suspeitos falavam que estavam a serviço de “um patrão” e que este as queria.  Na época, a polícia colocou Adão como o principal suspeito de ter incentivado os adolescentes durante a sequência de agressões contra as garotas.

O advogado do PM foi procurado, mas até a publicação da reportagem não havia se pronunciado.

Condenado em outros processos
O som do abrir e fechar das grades e ao mesmo tempo o silêncio de uma cela solitária. Essa não é a primeira vez que Adão experimenta a reclusão. Natural de Castelo do Piauí, ele foi embora para São Paulo em busca de trabalho no início da década de 1990, quando era adolescente. Foi no estado paulista que deu início o seu enredo pelo mundo do crime.

O primeiro processo veio em 2002, quando foi preso por tráfico de drogas e condenado pela Justiça a cumprir três anos em regime fechado. Na sequência, logo após o cumprimento da pena em 2005, ele foi novamente detido, desta vez por porte ilegal de arma. Adão cumpria a sentença no regime semiaberto quando voltou a ser preso por tráfico. Reincidente, ele pegou uma pena maior: 10 anos, 10 meses e 21 dias de reclusão em regime fechado.

Adão deixou o sistema carcerário em 2013 para cumprir o restante da pena no semiaberto domiciliar, mas se ausentou de São Paulo sem autorização e estava sendo considerado foragido da Justiça quando veio para o Piauí. Ele estava há pouco menos de dois meses em Castelo quando aconteceu a barbárie.

Na cidade natal moram, segundo ele, o pai com 70 anos de idade, doente da próstata, e uma irmã, que cortou relações com ele logo após o assalto à gerente do posto de gasolina. “Ela era amiga da moça e ficou zangada comigo porque eu assaltei e atirei nela. Não fala mais comigo”.

Em São Paulo ele diz ter deixado três filhos, sendo duas mulheres e um rapaz. Desde que foi preso e transferido para a Casa de Detenção Provisória de Altos, Adão não recebeu uma só visita de familiares.

“Não recebo visita de ninguém. Meus filhos moram em São Paulo e estudam lá. Meu pai é doente da próstata e anda com uma bolsa do lado (sonda). Minha irmã não fala mais comigo desde o assalto”, contou.

Ao final da entrevista, Adão chorou e, ao perguntar se a reportagem seria vista por muita gente, pediu para mandar um recado para o tio que mora em São Paulo chamado por ele apenas de Chagas. “O senhor sabe que eu não faria isso, já fiz muita coisa ruim, mas não estupraria ninguém. Peço que o senhor arrume dinheiro e pague um advogado, porque só estou aqui porque não posso pagar um advogado”, falou.

Processo parado no TJ
O processo do estupro coletivo foi dividido em dois: um contra os quatro adolescentes, por serem menores de idade e outro contra Adão José. A Defensoria Pública entrou com recurso porque não aceita que o juiz Leonardo Brasileiro, magistrado responsável por proferir a sentença que condenou os adolescentes, julgue Adão por entender que já houve um pré-julgamento quando a sentença dos garotos foi proferida.

“Por se tratar de réu preso, o Ministério Público fez um requerimento solicitando que o processo principal não ficasse mais suspenso e diante disso já designei uma audiência de instrução na qual vamos coletar todas as provas testemunhais e iremos ouvir vítimas e testemunhas arroladas pela acusação e defesa”, falou Leonardo Brasileiro.

O G1 procurou a Defensoria Pública do Estado do Piauí, mas (por telefone) a assessoria do órgão se limitou a dizer que o defensor responsável pelo caso está viajando a trabalho. A reportagem também procurou a defensora geral do estado, Hildete Evangelista, mas ela não quis falar sobre assunto.

Menores alegam inocência
No início das investigações, dois dos adolescentes chegaram a confessar o crime. Agora, eles dizem que a confissão foi feita diante das agressões que sofreram dos policiais no momento da apreensão.

A Defensoria Pública do Estado, responsável pela defesa dos adolescentes, foi procurada pelo G1, mas informou que nenhuma declaração será dada sobre esse caso.

Responsável por proferir a sentença, o juiz Leonardo Brasileiro, da Comarca de Castelo do Piauí, disse que todos os depoimentos foram acompanhados pelo Conselho Tutelar e não havia sinais de tortura nos meninos.

O estupro coletivo das quatro garotas e o assassinato de Gleison, delator do crime, dentro do alojamento no CEM não são os únicos atos que pesam contra os garotos. Antes de serem condenados a cumprir medida socioeducativa, todos eles já tinham passagem pela delegacia por arrombamentos, roubos e assaltos.

* Colaborou com a marcação das entrevistas para entrada da equipe na Casa de Detenção Provisória de Altos e produção do vídeo, a repórter Gilcilene Araújo. As imagens são do jornalista Fernando Brito.

Fonte: G1

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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