SÃO PAULO — Na véspera da eleição, os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) estão diante de uma encruzilhada quando analisadas as intenções de voto nos três maiores colégios eleitorais do país. A última pesquisa Datafolha põe o tucano e a petista em lados extremamente opostos no Rio e em São Paulo, ao mesmo tempo em que os dois aparecem embolados em Minas Gerais. Considerados os votos válidos, enquanto no Rio Dilma abriu 18 pontos de vantagem sobre Aécio, ele segue na liderança, com 22 pontos à frente da petista, em São Paulo. Em Minas, as duas candidaturas estão empatadas com 50% dos votos válidos.

Em relação ao levantamento realizado no dia 14, Dilma passou de 43% para 52% no Rio, que tem 8,5% dos eleitores do país. Já Aécio caiu de 41% para 35%. E 8% dos eleitores do estado pretendem votar em branco ou anular. Outros 5% se declaram indecisos. Em votos válidos, o placar é 59% a 41% para a petista.

Em São Paulo, estado com 22,4% dos eleitores, Aécio segue na liderança, mas viu a sua vantagem sobre a petista cair de 29 para 21 pontos. O candidato do PSDB tem 55% contra 34% de Dilma (61% a 39% nos votos válidos).

Em Minas, que tem 10,7% do eleitorado, permanece o empate técnico, mesmo com os ataques da campanha petista sobre a gestão de Aécio como governador do estado (2003-2010). No entanto houve, reversão do candidato que aparece em vantagem numérica no estado. Dilma passou de 41% para 45% e está à frente de Aécio, mesmo com o tucano tendo oscilado positivamente um ponto, passando de 43% para 44%. Se forem levados em conta apenas os votos válidos, ambos estão numericamente empatados com 50%.

No Rio Grande do Sul, também foi mantido o cenário de empate técnico. Em relação à semana passada, Dilma subiu de 43% para 46%; Aécio se manteve com 45%. O total de indecisos entre os gaúchos passou de 7% para 6%. Já os que pretendem votar em branco ou nulo oscilaram de 4% para 3%.

No Ceará, Dilma ampliou a vantagem sobre Aécio. A petista passou de 66% para 69% enquanto Aécio foi de 25% para 24%. O número de indecisos no estado caiu de 5% para 3%.Em branco ou nulo passou de 4% para 3%.

No Distrito Federal, o tucano continua liderando com folga, mas viu a sua vantagem sobre a adversária do PT cair. Aécio oscilou de 57% para 55% e Dilma, de 31% para 33%. O total de indecisos está em 6%; em branco ou nulo foi de 7% para 6%.

No Datafolha de anteontem, Dilma apareceu pela primeira vez, no segundo turno, à frente de Aécio fora da margem de erro. Ela tem 48%; Aécio, 42%. Votos em branco e nulos somam 5%. Outros 5% estão indecisos. No Ibope, a petista tem 49%. Já o tucano caiu quatro pontos e tem 41%.

O grande desafio, independentemente de quem vença o pleito, é “pacificar” os eleitores, após uma campanha “extremamente polarizada e acirrada”, diz o cientista político Fernando Antonio Farias de Azevedo, da UFSCar. Para Azevedo, como Dilma subiu no Sudeste, e mesmo em São Paulo (diminuindo a vantagem de Aécio de 29 para 21 pontos em uma semana), a hipótese de que o país deixe as eleições dividido entre Sul/Sudeste e Norte/Nordeste parece estar descartada:

— Pelas pesquisas, fica enfraquecido esse argumento de um país dividido em duas partes. Mas, se não tem uma clivagem geográfica, tem, claramente, uma clivagem de renda.

Para Azevedo, o problema dos candidatos não está nessa divisão, mas no nível de acirramento das campanhas.

— A campanha chegou perto da fronteira do ódio partidário, e isso deixa cicatrizes mais difíceis de se apagar. Dissolver essa polarização vai demandar mais esforços do que a própria eleição. O candidato eleito terá de fazer um gesto de pacificação, dizendo e mostrando que é o presidente de todos os brasileiros e não só de uma parte deles. É necessário fazer isso até mesmo para ter legitimidade e governar. O papel de quem não for eleito também será importante nessa pacificação.

Fonte: O Globo

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)