Negros ampliam participação no mercado de trabalho, mostra Dieese

1Pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que cresceu a participação de negros no mercado de trabalho no Grande Recife, mas a falta de qualificação ainda é entrave para essa parcela da população. Segundo o coordenador do estudo, Jairo Santiago, entre 2012 e 2013, houve a criação de 15.000 novas ocupações para trabalhadores negros. “Também notamos um crescimento considerável da população negra no setor privado com carteira assinada. Em 2004, tínhamos 33 negros a cada cem vagas. Em 2013, aumentou para 46”, diz o economista.

O Boletim Especial sobre o Mercado de Trabalho para os Negros na Região Metropolitana do Recife foi divulgado na última terça (18). O levantamento foi feito em parceria com a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco – Condepe/Fidem e Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo (STQE). “A mudança da desigualdade está acontecendo, sentimos mudanças para melhor, ano a ano. Elas são homeopáticas, quase imperceptíveis, mas no intervalo 2003-2013 você consegue notá-las”, comenta Jairo Santiago.

Embora exista uma desigualdade em relação aos rendimentos médios — o rendimento médio por hora dos negros (R$ 6) representa 68,9% do rendimento dos não negros (R$ 8,71) –, essa distância teve uma redução significativa de 2012 para 2013, quando o rendimento da população negra cresceu 4,2% e da não negra caiu 0,9%. “No geral, os rendimentos médios por hora cresceram para a população total. É um crescimento pequeno, mas quem liderou foi a população negra, enquanto os não negros declinaram”, ressalta o coordenador do estudo.

Ainda conforme a pesquisa, a taxa média de desemprego total no Grande Recife aumentou, de 2012 para 2013, tanto no segmento de negros (12,6% para 13,5%) como no de não negros (10,5% para 11,6%). No entanto, o segmento negro responde por 76,9% do total de desempregados na RMR no ano passado. A situação se agrava quando esses dados são verificados por sexo. Há uma diferença de 7,2% entre as taxas de desemprego das mulheres negras (16,1%) para os homens não negros (8,9%).

Com relação à composição setorial, o setor construção detém maior participação dos negros: 9,6% contra 6,9%. A explicação para isso se deve ao fato de essa atividade ter postos com pouca exigência de qualificação profissional, além de jornadas mais elevadas e relações trabalhistas precárias.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE), Aldo Amaral, afirma que a entidade vem estimulando a qualificação profissional para garantir melhores condições sociais e de trabalho, independentemente da questão racial. “Olhamos para a categoria como um todo. Todo mundo ali tá junto, se defendendo e lutando pelo que é necessário”. Ele considera que os trabalhadores tiveram ganhos expressivos este ano, após paralisação realizada em agosto passado. “Tivemos 9% de aumento salarial e o valor da cesta básica passou de R$ 305 para R$ 350. Também conseguimos 30% de periculosidade para os trabalhadores da refinaria [Abreu e Lima], por exemplo, independente se ele exerce a função no canteiro ou no escritório”, comenta.

O Sintepav-PE tem hoje cerca de 15.000 associados e a estimativa é que o estado tenha 38.000 trabalhadores na construção pesada. O sindicato nunca fez uma pesquisa sobre o perfil da categoria levando em conta a questão racial.

O pedreiro Sandro Silva, 40 anos, trabalha há 10 anos na construção civil. “Já tive vários empregos, a maioria por conta própria. O último foi de borracheiro. Como era em uma casa alugada, não deu para continuar”. Silva estudou até o sexto ano do ensino fundamental. “Minha família não tinha muito dinheiro, então tive que sair para ajudar. Desde então, não parei de trabalhar ou procurar emprego”.

Segundo Edivair Demétrio, 31, carpinteiro que trabalha na mesma obra de Silva, existe possibilidade de ascensão na construção civil. “Eu comecei como ajudante de pedreiro, depois fiz um curso de carpintaria na própria obra e fui ser auxiliar de carpinteiro. Agora, sou carpinteiro”. Assim como seu colega, Demétrio também passou por várias profissões. “Eu terminei a escola e cheguei a ensinar lá no interior, mas não fiquei muito tempo. Meu último emprego foi como cobrador, mas estava odiando. Um amigo meu que trabalhava como pedreiro foi quem disse que era bom trabalhar na construção civil, pois não exigia muita coisa”, informou.

No que diz respeito à qualidade dos postos de trabalho, os negros até estão mais representados do que os não negros no assalariamento privado e nos empregos com carteira assinada. Entretanto, a participação relativa dos negros é bem maior nas ocupações onde prevalece a ausência de proteção previdenciária. Os números do Dieese mostram que 37,6% dos trabalhadores negros ocupam postos relativamente precários: são 8,5% de assalariados sem carteira assinada; 20,7% de autônomos; e 8,4% de empregados domésticos.

O vendedor informal Lauro José da Silva Filho, 44, tem uma carroça na esquina da obra onde Silva e Demétrio trabalham, no Torreão, na Zona Norte do Recife. “Antes eu vivia no interior, cortando cana, mas era um trabalho muito pesado. Quando vim pro Recife, comecei como ajudante de pedreiro, mas fiquei desempregado. Foi então que meu irmão me deu uma carroça de presente, uns 25 anos atrás”. Lauro tem um filho de 12 anos e faz questão que ele vá para escola. “Ele nunca trabalha comigo, pois quero que tenha algo melhor que eu tenho. Então exijo que ele estude”.

Para a presidente do Sindicado das Empregadas Domésticas de Pernambuco, Luiza Batista, a falta de qualificação reflete na contratação da categoria, formada, em sua maior parte, por mulheres negras analfabetas. “A gente sabe que as trabalhadoras sempre deram conta de todo o serviço sem qualificação, mas as exigências aumentam. Na pauta do sindicato, pedimos a qualificação para elas. Se há investimento para outras categorias, por que não investir para elas?”, cobra.

O economista Jairo Santiago explica que o aumento da inserção dessa parcela da população no mercado de trabalho depende da educação. “A falta de qualificação é um fator, mas o maior problema é a educação. É na educação de base que os governos têm que investir. Vimos em 2013 um aumento da população no ensino superior e diminuição nos ensinos básico e fundamental. Isso é ideal para que essa desigualdade seja atenuada”, argumenta, acrescentando que o movimento negro tem que continuar exercendo pressão para influenciar essa mudança. “As políticas afirmativas são positivas. Mas não basta implementá-las, também é preciso monitorá-las e proporcionar a educação de base, isso é o mais importante”, destaca.

Fonte: G1 PE

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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