Volume do São Francisco é o pior desde o início das medições, há 83 anos

PONo sexto e último dia da viagem pelo Rio São Francisco, a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo encontrou nas margens da cidade de Itacarambi, não muito longe da divisa de Minas com a Bahia, o lavrador Joaquim Dourado de Almeida, 46 anos. Ele havia estacionado a sua carroça, puxada pelo casal de burros Pretinha e Gostosão, sobre um dos tantos bancos de areia que estão emergindo do rio à medida que a água baixa. A quem quisesse ouvir, pregava: “Está na Bíblia que seria assim: tudo isso vai secar.”

A crença popular inventa histórias. Exagera no trato de fatos reais. Porém, nessa questão em particular, o lavrador Almeida, à sua maneira, fez um alerta relevante. O volume de água do rio – tecnicamente chamado de vazão – tem caído no São Francisco. A baixa está em relatórios estatísticos e fica clara quando se estuda o volume de água despejado no rio pelas represas das usinas. Na hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, por exemplo, o volume devolvido ao rio caiu 23% na comparação da média dos anos entre 1931 e 1992 com a média entre 1993 e 2012.

Não se pode dizer com certeza a causa: se pelo uso da água para abastecimento de uma população crescente, pela irrigação – a autorizada e a clandestina – ou pela terra que desliza das encostas desmatadas. Quando se olha o estado de degradação do rio, a sensação é que ele é vítima de tudo isso ao mesmo tempo. A estiagem dos últimos três anos é um agravante: acentua a evaporação nos seis Estados por onde passa. O rio corre hoje com 49 metros cúbicos de água por segundo (metros cúbicos por segundo). Trata-se do pior volume nos 83 anos de medição em seu leito e uma fração do volume normal, que é de 2,8 mil metros cúbicos por segundo.

Sem paralelo

Os mineiros, especialmente os que vivem no norte do Estado, estão alarmados com os efeitos da estiagem no rio. Quem bem sintetiza a dimensão do estranhamento que tomou conta das pessoas é a empresária Janice Fiúza Figueira. A dona Nini, como é conhecida na cidade que leva o mesmo nome do rio, São Francisco, tem 80 anos e está impressionada: “Os antigos, quando eu era criança, falavam de uma seca que deixou o rio coberto de areia. Eu mesma nunca tinha visto nada assim”. Com a água se esvaindo, um cenário de desolação se instala. Não há trecho que escape.

Início

Em São Roque de Minas, quase ao sul do Estado, a nascente no Parque Nacional da Serra da Canastra secou. O ponto de partida do São Francisco não é um único veio de água, mas a reunião de vários nascedouros que se encontram para formar um córrego. A primeira nascente, mais robusta, que desce de uma serra, secou no fim de setembro pela primeira vez. O fenômeno foi um duro golpe no meio ambiente combalido. Entre julho e agosto, um incêndio consumiu 70% da vegetação nativa do parque. O silêncio na reserva, as árvores carbonizadas, as cinzas na vegetação rasteira e o ir e vir assustado de animais raros – do lobo-guará, do tamanduá-bandeira, do gavião do Chile – dão mais dramaticidade à nascente seca.

A 150 quilômetros dali, em Iguatama, que se autointitula primeira cidade banhada pelo São Francisco, a cena é estarrecedora. No alto da ponte que corta o rio há uma imensa carranca – careta simbólica, esculpida em madeira, que é colocada nos barcos do São Francisco para espantar os maus espíritos da natureza.

Sob a ponte, porém, percebe-se que o amuleto de pouco adiantou. O rio se transformou numa extensa poça barrenta, intercalada por ilhas de terra, lixo e galhos secos. Na tarde de quarta-feira, 8 de outubro, depois de ver uma foto do local no Facebook, o funcionário público Enilson Antônio da Silva, 49 anos, dirigiu 40 minutos de Lagoa da Prata, onde mora, à ponte de Iguatama. Lá, ficou perambulando, atônito. “Pensei que fosse montagem de computador e quis ver com meus olhos”, disse. “Como pode um rio desse tamanho ficar assim?”

Um dos cenários mais impressionantes fica escondido na estrada de terra que liga os municípios de São Francisco, Pedra de Maria da Cruz e Januária, no extremo norte. Nas margens da estrada há uma floresta de árvores totalmente secas. Não há uma gota de água sob as pontes, incluindo na do Córrego Arrozal, afluente do São Francisco. O córrego virou estrada. “Ele é perene, nunca secou”, diz o agricultor João Gonçalo da Silva, o João Novelo, 56 anos. “Se não fossem as cisternas, a criação morreria de sede “

Fonte: Folha-PE

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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