O seminário
Arte na diversidade: Ética e Estética foi iniciado na manhã desta sexta-feira (27), em Serra Talhada (PE), integrando a programação do IX Encontro Nacional de Culturas Populares e Tradicionais. A mesa de abertura contou com o poeta, repentista e cantador de Antônio Cardoso (BA), Mestre Bule Bule, o escritor e pesquisador de literatura fantástica de Campina Grande (PB) Bráulio Tavares e a presidenta da Fundação Casa de Rui Barbosa, Lia Calabre.
O mediador do debate, o secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (MinC), Guilherme Varella, lembrou que o seminário faz parte do programa Cultura e Pensamento e destacou a importância simbólica de ele ser realizado no Sertão do Pajeú pernambucano e dentro de um evento como o IX Encontro Nacional de Culturas Populares e Tradicionais.
“A gente tem uma proposta muito clara de fazer do Cultura e Pensamento um encontro de saberes que consiga refletir a diversidade dos saberes acadêmico, de fora da academia, das culturas populares, das culturas indígenas, colocá-los dentro de uma mesma plataforma e expor toda a complexidade do pensamento cultural brasileiro”, introduziu.
Mestre Bule Bule abriu sua exposição tocando viola e entoando versos enredados pelo refrão “O sertão melhorou tanto que nem parece sertão”. Perguntado sobre como definiria este encontro de saberes populares, Bule Bule foi direto. “É tudo aquilo que o Brasil sempre fez sem ser oficial. Se hoje você encontra em cada canto do Brasil um mestre que é de relevância para trazer para este evento, é porque eles continuaram fazendo seu trabalho desde que começaram, não pararam. Agora está sendo oficial”, disse.
O escritor Bráulio Tavares destacou que a região do Sertão do Pajeú é muito rica historicamente por ser uma das fontes do Cangaço e a terra natal e de atuação intensa do cangaceiro Virgulino Ferreira, o Lampião. “Só isso já nos coloca algo crucial da cultura brasileira, que é a revolta rural, a revolta do homem nordestino, cantada e decantada por Glauber Rocha em Deus e O Diabo na Terra do Sol”, disse.
Do ponto de vista das expressões da cultura, Tavares lembrou que a região tem uma produção de pensamento intensa de cantadores, cordelistas e poetas populares há quase 100 anos. “O brasileiro pensa o Brasil de manhã, de tarde e de noite. Não tem assunto que preocupe mais o brasileiro do que o Brasil. E é isso que a gente precisa refletir nas nossas telas, na imprensa, no mercado editorial, no mercado fonográfico, em todos os lugares”, afirmou. “Sabemos o que a academia, as lideranças políticas, os grandes escritores como Guimaraes Rosa, Gilberto Freire, Euclides da Cunha e outros falam sobre o Brasil. Mas o brasileiro da rua teoriza o Brasil de todas as maneiras possíveis”, disse.
O seminário Arte na diversidade: Ética e Estética continua neste sábado (28), com mais duas mesas. Confira a programação ao final da matéria.
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, participaria, nesta sexta-feira, de roda de conversa com artistas, gestores e fazedores de cultura durante o IX Encontro Nacional de Culturas Populares e Tradicionais. A ida do ministro, no entanto, foi cancelada por falta de condições de pouso em Serra Talhada.
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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