Academia de R$ 35 por mês faz setor da educação física ter novo boom no país
Três esteiras, duas bicicletas e 20 aparelhos de ginástica para os mais diferentes grupos musculares do corpo, todos em uso. Com música dançante tocando alto no ambiente, os homens e mulheres se revezam nos aparelhos para melhorar a saúde ou ficar sarados. Tudo isso longe de custar uma fortuna por mês: a partir de R$ 35, as academias de bairro oferecem boa forma aos frequentadores e músculos ao setor de educação física do país.
De 2000 a 2010, o número de academias cresceu mais de 20 vezes. Números do Confef (Conselho Federal de Educação Física) apontam que, há 11 anos, havia 797 registros de empresas abertas com permissão para funcionar como tal. No ano passado, eram mais de 16.950.
E esses números ainda estão muito abaixo da realidade. Estima-se que haja em funcionamento no Brasil todo, hoje, mais de 32 mil locais para prática das mais diferentes modalidades esportivas. A grande diferença é que, 1 em cada 9 academias funcionam com registro – as demais entram em outras categorias autônomas de prestadores de serviço.
Uma pesquisa do instituto Data Popular sobre os hábitos e práticas saudáveis dos brasileiros mostra que o Brasil é o segundo país que mais tem academias no mundo. O economista Renato Meirelles, responsável pelo levantamento, afirma que os números oficiais são de “empresas abertas” como academias.
– Estima-se que haja 90% mais locais de ginástica do que o divulgado. O grosso do crescimento de academias são aquelas de bairro. Isso mostra que é possível tornar barato e acessível o acesso à ginástica e ao condicionamento físico, ao mesmo tempo em que se vê uma preocupação maior do brasileiro pela busca da melhora da qualidade de vida. É a democratização da saúde através da academia.
Em torno de 4,2 milhões de pessoas praticam exercícios frequentemente, isto é, quase todos os dias da semana, como mostra o estudo.
Para Gilberto Bertevello, presidente do Seeaatesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Esportes Aquáticos, Aéreos e Terrestres do Estado de São Paulo), o setor só viu um crescimento tão intenso como o de agora nos anos 1980, quando as escolinhas de natação se proliferaram no país.
– Está abrindo academia a torto e a direito. O setor cresce assustadoramente. Vejo um pouco de modismo nessa necessidade da melhora do condicionamento físico por causa da chegada da Copa [2014] e da Olimpíada [2016], mas é importante e benvindo esse interesse da população e da própria mídia pelos hábitos saudáveis.
Cara ou barata?
O professor de educação física e especialista em fisiologia do exercício Ricardo Burgatti afirma que a vontade do brasileiro de se exercitar está na ordem do dia. E defende que não é o tamanho da academia ou o preço da mensalidade que contam na hora de colocar a saúde em dia.
– Uma esteira cumpre o papel dela em qualquer lugar. Se a pessoa for bem orientada em qualquer uma das duas, na cara ou na barata ela terá um bom resultado. Não dá para negar que as academias maiores têm maior variedade de aparelhos. Mas não é o aparelho que faz a pessoa, é ela que faz o que quiser com o próprio corpo. Exercitar o que ela gosta e tem vontade é que dá resultado.
Burgatti diz que a orientação é importante para permitir que a pessoa se exercite e não se machuque porque fez algo de forma errada. É o caso do jogador ou corredor “de final de semana”.
– Caro ou barato não fazem diferença se o exercício for feito da mesma forma. Há lugares que treinam com lata de tinta e peso de concreto. Um exemplo que eu gosto é o dos pedreiros: a maioria deles tem um corpo bem definido, mas nenhum tem equipamento de ponta, suplemento à vontade ou nutricionista. Ele está o dia inteiro com a mão na obra e tem uma forma legal e boa saúde. O segredo é se mexer que o corpo responde.
A engenheira química Kelly Fernandes, de 24 anos, diz que não trocaria a academia do seu bairro por nenhuma grande. Ela paga R$ 60 por mês e diz que vai praticamente todos os dias por causa da proximidade.
– Gosto de musculação e, pra mim, o exercício é igual em todos os lugares. Por isso treino na rua de cima da minha casa. De julho do ano passado pra cá, perdi 6 kg e já não tenho mais dores no meu braço por causa de tendinite. Estou satisfeita.
Fonte: R7
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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