Aumento da pobreza marca campanha eleitoral no México
Quando Felipe Calderón tomou posse como presidente do México, há cinco anos, ele prometeu reduzir a pobreza no país. Ao invés disso, milhões de mexicanos passaram a engrossar essa estatística.
A pobreza é vista como um fator que atravanca o crescimento econômico do México e alimenta os violentos cartéis do narcotráfico. O debate a respeito desse problema tem dominado o discurso dos candidatos à sucessão de Calderón na eleição presidencial de julho.
À esquerda e à direita, os políticos prometem maneiras de ampliar a arrecadação tributária, melhorar o sistema educacional e reduzir a concentração de riquezas. Mas a tarefa para o próximo presidente será gigantesca, ainda mais porque mais de um quarto da economia mexicana está no setor informal.
O México é a terra do homem mais rico do mundo, Carlos Slim. No final do ano passado, ele tinha uma fortuna estimada pela revista Forbes em 74 bilhões de dólares, algo equivalente à 6,6 por cento da produção econômica do México em um ano.
A poucos quarteirões da Bolsa mexicana, dominada pelas empresas de Slim, Marcial Maya ganha cerca de 80 pesos (5,80 dólares) por dia vendendo castanhas, chicletes e cigarros nos semáforos. Nesse ritmo, ele precisaria trabalhar durante 35 milhões de anos, sem tirar folga nem gastar um tostão, para se equiparar à fortuna de Slim.
“Eu tenho seis filhos, quero que eles estudem, mas estou a ponto de pedir a eles que saiam da escola”, disse Maya, de 37 anos. “Simplesmente não tenho mais como sustentar.”
Cerca de metade da população mexicana vive abaixo da linha de pobreza, e o país não foi capaz de imitar a outra grande economia latino-americana, o Brasil, em seus avanços significativos contra a pobreza.
ANOS PERDIDOS
A crise econômica mundial é parte do problema, especialmente porque o México é muito dependente das exportações para os EUA. Mas Calderón também é criticado por não ter conseguido estimular a economia interna. Desde 2003, o crescimento médio do PIB mexicano foi de 2,2 por cento ao ano, cerca de metade da taxa geral para a América Latina e o Caribe.
Entre 2006 e 2010, o número de mexicanos que vivem com até 2.100 pesos (150 dólares) por mês saltou de 45,5 milhões para 58 milhões, segundo a Coneval, órgão governamental de estatísticas.
Em 2008, o governo alterou a definição oficial de pobreza, passando milhões de pessoas para a classe média. Mas, mesmo pela nova metodologia, o número de pobres subiu mais de 3 milhões desde então, chegando a 52 milhões.
Os 10 por cento mais ricos da população mexicana ganham em média 27 vezes mais do que os 10 por cento mais pobres, de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Nos EUA, por exemplo, a disparidade entre os mais ricos e os mais pobres é de 14 vezes.
O principal programa mexicano de combate à pobreza, chamado Oportunidades, beneficia 5,8 milhões de famílias, principalmente em zonas rurais.
A verba para o programa mais do que dobrou desde 2003, e mais de 1 milhão de pessoas adicionais passaram a ser beneficiadas. O programa inclui atendimento de saúde e educação para os mais necessitados.
Mas o México ainda investe bem menos nos programas sociais do que o Brasil. Em 2009, o governo mexicano destinou 11,2 por cento do PIB para os programas sociais, contra 27 por cento no Brasil, segundo a Cepal (agência da ONU para estudos econômicos da América Latina e Caribe).
Enquanto no México a pobreza avança, o Brasil conseguiu tirar cerca de 40 milhões de pessoas da pobreza durante os oito anos de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Favorito para a sucessão de Calderón, Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), diz que o México não está criando empregos suficientes. Ele propõe que todos os mexicanos tenham direitos a benefícios de saúde, seguridade social e seguro-desemprego.
Mas as propostas de Peña Nieto seriam custosas, e talvez ele não tenha maioria no Congresso.
“Custa muito dinheiro: 4 ou 5, talvez 6 por cento do PIB, e a única forma de financiar isso é com uma grande reforma tributária”, disse Jorge Castañeda, que foi chanceler do paisnno governo de Vicente Fox, do Partido Ação Nacional, ao qual também pertence Calderón.
Fonte: Reuters
Blog do Deputado Federal Gonzaga Patriota (PSB/PE)
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