Consumo e crédito crescem, mas colocam economia do país em risco
Consumo e crédito continuam crescendo sem parar no Brasil, mas isso não é necessariamente uma coisa a ser comemorada. A combinação de juros altos e inflação é uma verdadeira bomba para o bolso do consumidor, e os economistas já falam em superaquecimento brasileiro. Em um cenário como esse, há um jeito quase infalível de o trabalhador proteger o próprio dinheiro: poupando e evitando financiamentos longos.
Nesta quarta-feira (20), os juros do país subiram novamente, para 12,5% ao ano, para manter a política do Banco Central de controle da inflação. A nova taxa afeta diretamente os gastos do dia a dia, desde a compra do mês no supermercado até o financiamento do carro novo.
Um levantamento feito pela revista inglesa The Economist mostra que o Brasil é o país que tem “uma das maiores taxas de juros reais do mundo”, o que o coloca entre os emergentes que mais “correm o risco de superaquecer”.
Os juros reais descontam a inflação da taxa nominal da economia. Aqui, essa taxa é de “quase 6%”. A revista levou em conta a Selic na casa dos 12,5% e subtraiu dela o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 6,3% (com os dados da inflação de maio).
A lista dos “emergentes ferventes” tem 27 economias, analisadas a partir de seis aspectos: juros reais, inflação, emprego, crédito, balança comercial (a diferença entre o que o país importa e exporta) e o PIB (Produto Interno Bruto, isto é, a geração de riquezas). A Argentina é a economia mais perigosamente aquecida, com dados alarmantes nos seis componentes. O Brasil e outros cinco (Hong Kong, Índia, Indonésia, Turquia e Vietnã) vêm em seguida.
No caso brasileiro, cinco dos seis indicadores preocupam, sobretudo por causa dos dados contraditórios. A inflação só saiu do controle porque o governo vem incentivando o consumo desde o final de 2008, após o estouro da crise econômica, com juros menores e mais crédito na praça para os trabalhadores.
O economista Felipe Leroy, professor do Ibmec-MG, explica que o governo agora quer reverter os juros para deixar o crédito mais caro, mas o brasileiro tem salários cada vez maiores e quer continuar consumindo independentemente do financiamento ter ficado mais pesado ou não.
O que faz a renda subir é justamente a busca mais intensa das empresas por funcionários. Por causa disso, por exemplo, é que o desemprego está em seus menores níveis da história.
– A nossa inflação é de demanda. Há procura maior do que a oferta. O culpado por toda essa inflação é o próprio governo, que baixou a Selic [em 2009], ampliou crédito para a construção civil, o que pressionou os preços de imóveis, e cortou impostos para automóveis, entre outras medidas. Tudo foi feito para aquecer a economia [na época da crise], mas agora é hora de controlar.
E como falar em renda alta é falar em mais grana rodando no mercado, uma coisa leva a outra: com um dinheirinho extra o consumidor quer comprar, o comércio vende mais, a fábrica eleva a produção e tem que contratar mais para dar conta de abastecer o mercado, pagando salários maiores, que virarão mais consumo.
Fonte: R7
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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