Controvérsias em Imunizações – Especialistas de vários estados se reúnem em Recife para discutir sobre vacinação em situações especiais
É a primeira vez que o evento ocorre fora de São Paulo
Especialistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco e Pará estarão reunidos em Recife, no próximo dia 25 de novembro, para a realização do evento Controvérsias em Imunizações, que ocorrerá pela primeira vez no nordeste do Brasil.
O objetivo é discutir e buscar consenso para diversas situações envolvendo a indicação de vacinas em situações especiais. Temas como indicações alternativas da vacina contra o HPV (possibilidade de recomendação para pessoas fora da faixa etária recomendada em bula); a vacinação de gestantes contra a coqueluche; indicação de doses de reforço contra a meningite C; indicação do anticorpo palivizumabe contra o VSR (vírus sincicial respiratório – uma das principais causas de infecção respiratória grave em bebês pequenos), entre outros, serão debatidos pelos médicos a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações – SBIm.
“Esse evento anual representa uma grande oportunidade de discutirmos questões extraordinárias, que implicam em tomadas de decisão visando à proteção do paciente, mas que estão além do que é determinado como padrão de conduta clínica. A partir das conclusões dos especialistas, poderemos estabelecer orientações para médicos de todo o país”, destaca o presidente da SBIm Nacional, Renato Kfouri. O médico tratará das indicações da vacina contra a meningite C, tema extremamente relevante por conta dos surtos da doença registrados em estados como Bahia e Minas Gerais.
A indicação da vacina contra coqueluche para grávidas é um dos principais tópicos devido ao aumento dos casos entre bebês, tendo os pais como principais transmissores da bactéria Bordetella pertussis, causadora da doença. O tema, que será tratado pela médica pernambucana representante da SBIm – PE, Analiria Pimentel, vem merecendo atenção mundial, principalmente pelo fato de os adultos estarem transmitindo a doença para as crianças pequenas, situação que motivou a criação da “Estratégia Cocoon\”.
Para a médica Isabella Ballalai, presidente da SBIm- RJ, que fala sobre a prevenção da doença pneumocócica em crianças e a vacinação contra o meningococo C, “a meningite pneumocócica é muito séria e pode deixar sequelas neurológicas, além de perda auditiva nos pacientes. Uma vez instalada, se não for tratada precocemente com antibióticos, em tempo hábil, a doença pode ser letal”, avisa a médica. O pneumococo é uma bactéria que pode se desenvolver na parte nasal da faringe (região anatômica localizada acima do palato mole – nasofaringe) de pessoas saudáveis, que não manifestam qualquer sintoma. Quando a bactéria encontra um ambiente favorável, como por exemplo, pessoas com imunidade reduzida, ela consegue se reproduzir rapidamente e levar a uma infecção. Cerca de 30% a 60% das crianças menores de cinco anos são portadoras dessa bactéria e a transmitem sem saber.
Outro tema importante é a vacina que previne as diarreias pelo rotavírus, que foi incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2006. O país foi um dos primeiros a introduzir a vacina no calendário de vacinação infantil. Dados obtidos em análises do Instituto Evandro Chagas – IEC, do estado do Pará, mostram que a vacinação reduz em 48% as hospitalizações por rotavírus em crianças menores de um ano. De acordo com Alexandre Linhares, médico pesquisador do IEC e da Secretaria de Vigilância em Saúde do Pará, isso representa um impacto direto com redução de 20% no número de hospitalizações por rotavírus, mesmo naquelas crianças com idades entre 1 e 4 anos\”. “Os benefícios da vacina vão além da faixa etária estabelecida para receber a imunização. É o que chamamos de imunidade de rebanho, quando o vírus passa a circular em níveis mais baixos e as crianças mais velhas não ficam doentes”, explicou Linhares.
A médica Jacy Andrade, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fala sobre o papel do uso de vacinas conjugadas contra o pneumococo em adultos e sobre a validade da dose de reforço. Já o médico Guido Carlos Levi (vice-presidente da SBIm Nacional) vai tratar das indicações da vacina contra o HPV em homens. No sexo masculino esse vírus pode causar câncer de ânus e pênis. A vacina quadrivalente contra o HPV é eficaz contra os tipos de HPV 6 e 11, responsáveis por 90% das verrugas genitais e está oficialmente indicada para homens de 9 a 26 anos.
O evento tem o apoio da Secretaria de Saúde de Pernambuco, da Sociedade de Pediatria de Pernambuco e da Sociedade Pernambucana de Infectologia. “O objetivo da SBIm ao escolher Recife para sediar essa edição é democratizar o acesso às informações de qualidade, atendendo, assim, ao estatuto da entidade que prevê o incentivo à educação continuada na área de imunizações”, destaca Renato Kfouri. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas.
Fonte: Pautas Incorporativas
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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