De juras de morte para juras de lealdade. A quase unanimidade política do governador Eduardo Campos (PSB) conseguiu um feito inédito numa das regiões mais conturbadas de Pernambuco – na política e pela violência -, a Mata Sul, unindo as duas famílias inimigas, tradicionais e detentoras do poder político em Palmares, Água Preta, Joaquim Nabuco, Xexéu e Maraial. Um “pacote” de candidaturas do PSB nessas cinco cidades está referendando essa unidade, que fez transitar descontraidamente, sábado passado, os dois líderes dos clãs, o ex-deputado estadual Enoelino Magalhães (ex-DEM, recém filiado ao PSB) e o prefeito de Água Preta, Eduardo Coutinho (PSB), candidato à reeleição, no novo Hospital Regional do Palmares, inaugurado pelo governador. O acordo prevê a candidatura de Enoelino em Palmares, mas gerou uma debandada no PSB local, com históricos socialistas e sindicalistas abandonando a legenda em protesto.

A mudança extrema tem a bênção de Eduardo Campos, mas foi costurada pelos deputados estaduais Clodoaldo Magalhães (PTB) e João Fernando Coutinho (PSB), 1º secretário da Assembleia Legislativa, respectivamente filhos de Enoelino e de Eduardo Coutinho. O pacto de aproximação das famílias gerou, além da debandada no PSB, constrangimento, mal-estar e divisão na base governista. O prefeito de Palmares, Beto da Usina, do PDT, faz parte da base de Eduardo Campos, tem o apoio do deputado estadual socialista Aluísio Lessa (PSB) – filho da cidade e amigo pessoal do governador – e vai disputar a reeleição contra Enoelino Magalhães. De outra parte, uma terceira força se apresenta para disputar: o ex-prefeito de Água Preta César Romero Magalhães (PSL), filho de Enoelino. Os dois já estão afastados pessoalmente, mas o pai afirma que vai procurar o filho para convencê-lo a desistir. “Não falei com ele recentemente. Oportunamente, haveremos de conversar e vamos chegar a uma conclusão. Tenho certeza do bom senso”, disse Enoelino.

Candidato a uma quarto mandato em Água Preta, Eduardo Coutinho – que nos momentos radicais, andava com segurança policial – ressaltou que a unidade das famílias “atende a um projeto maior do governo estadual” para o PSB. O acordo inclui o apoio também a Enoelino em Palmares, a Eudo Magalhães (PSB, irmão de Enoelino e ex-prefeito de Água Preta) em Xexéu, a João Bezerra (PSB, atual vice de Palmares) em Maraial e a João Carvalho (PSB), disputando a reeleição em Joaquim Nabuco. “Houve um entendimento entre os deputados João Fernando e Clodoaldo, com o aval do governador, para a pacificação das duas famílias na região. Acabam as divergências, num gesto de maturidade, e construímos uma unidade para o crescimento da região”, disse Coutinho. “Estamos numa fase preliminar de conversa. Entrei no PSB e estamos unindo as famílias que eram adversas, para que a gente possa prestar melhor serviço à Mata Sul. Havia a necessidade dessa junção política. Graças ao governador, foi possível acontecer. Cada um cedeu, todos sentaram e se abraçaram para trabalhar por Pernambuco”, endossou Enoelino, ex-deputado em 1990 e 1994. O irmão Eudo também foi deputado (1998).

O acordo fere e divide a unidade da Frente em Palmares. O prefeito Beto Usina, candidato à reeleição, tem o apoio de Aluísio Lessa, opositor do pacto. “Aqui, eu voto contra o PSB. O atual vice-prefeito (João Bezerra) atrapalha a gestão. Beto pegou uma herança maldita (da gestão Enoelino). Nas eleições, no lugar onde houver bola dividida (candidatos da base), o governador não vai fazer campanha”, conforta-se Lessa. O governador, todavia, procurou minimizar o racha. “Aqui, eu tive apoio dos dois (Enoelino e Coutinho) em 2010, em função do trabalho que estamos fazendo. Nossa relação política é muito clara. Trato isso com muito respeito. Agora, são naturais as divergência no ambiente municipal. Quando não é possível superá-las, o povo escolhe o melhor projeto pelo voto”, analisou.

Fonte: Jornal do Commercio

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)