Médicos prometem greve para pressionar planos de saúde
Em meio à crise do setor de saúde que coloca em xeque a qualidade e a capacidade de atendimento aos usuários do sistema particular, planos e médicos se preparam para outra queda de braço. Nessa quarta-feira (21), em mais um dia de protestos, os profissionais vão suspender o atendimento aos planos, reeditando a paralisação nacional de 7 de abril. A medida vale para os convênios que não negociaram reajuste no valor das consultas.
Os profissionais decidiram radicalizar o movimento e não aceitam menos que o valor estabelecido como mínimo pela Associação Médica Brasileira (AMB). No fogo cruzado fica o consumidor. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o setor, informa que a operadora deve garantir o atendimento, mas não é o que tem ocorrido.
A tensão na saúde vem se agravando. Segundo a ANS, existem cerca de 30 mil processos administrativos contra as operadoras. Os procedimentos foram iniciados com denúncias de clientes sobre procedimentos negados. Apesar de os reajustes às mensalidades serem anuais e acima da inflação oficial do país, e o setor experimentar crescimento recorde, usuários chegam a comparar o serviço particular ao atendimento público. A espera nas urgências de hospitais pode superar três horas e a marcação de consultas superar três meses de espera. Levantamento da Instituo Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) também mostrou que o tempo de espera para ir ao médico pode chegar a seis meses.
“Os planos de saúde se tornaram o SUS particular”, comenta a usuária do sistema e nutricionista Lavinne Sousa. Segundo ela, sempre que precisa levar as crianças ao hospital, é difícil esperar menos de três horas. “Já a marcação de consulta pode demorar três meses”, comenta ela, que já teve de esperar para ir à ginecologista. O tempo foi ainda maior para o dermatologista. Apesar de considerar que o movimento dos médicos reflete nos usuários, ela concorda com o protesto. “Pagamos caro. E o valor que os médicos recebem é baixo pelo trabalho que oferecem.”
O diretor de saúde suplementar da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Márcio Bichara, informa que houve movimento de algumas operadoras para reajustar os honorários médicos, mas nenhuma atingiu o piso. Outras nem mesmo negociaram. “Há 10 anos os honorários representavam 40% dos custos das operadoras, hoje representam 18%.” Ele também apontou que o número de usuários vem crescendo, ao contrário da capacidade de atendimento. “Ampliar a rede significa crescer o custo para as empresas.”
Depois de aguardar mais de 30 dias por uma consulta, a pensionista Euzi Faria decidiu mudar de médico. Mesmo assim, precisou aguardar mais um mês para se consultar com o especialista. A filha da pensionista, a aposentada Vera Lúcia Marotta.
“Os planos de saúde se tornaram o SUS particular”, diz a nutricionista Lavinne Sousa diz que não tem estado muito satisfeita. “Acho justa a paralisação dos médicos.” Segundo ela, o que mais tem incomodado é a dificuldade para encontrar profissionais. “A gente liga e eles dizem que não estão atendendo mais pelo plano.” A bancária Paula Vasconcellos comentou que paralisações na saúde são complicadas. “É um setor delicado. Por outro lado é a forma que os médicos têm de se fazer ouvir.”
Fonte: Estado de Minas
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/-PE)
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