Mesmo em tratamento, Lula mantém articulações políticas
Há 25 dias de molho em casa para tratamento de um câncer na laringe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém uma agenda política ativa. Desde 5 de novembro, quando recebeu a primeira sessão de quimioterapia, o petista já recebeu aliados, ministros e até a presidente Dilma Rousseff em seu apartamento, em São Bernardo do Campo, Região do ABC. Nos próximos dias, ele deverá receber o ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo.
Há quase um mês Lula não vai despachar no instituto que leva seu nome. No entanto, um motoboy costuma levar documentos importantes em casa, que dependem de sua assinatura. O petista também passa boa parte do dia ao telefone falando com aliados para pavimentar o caminho que poderá levar Haddad ao gabinete de Gilberto Kassab (PSD). Lula também checa e-mails e acompanha os bastidores da crise que acomete o governo de Dilma Rousseff. Ele não dá palpites, mas já comentou com aliados que ela não deve demitir o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, motivada apenas por “pressão da imprensa”.
Um dos aliados que mais bate ponto no apartamento de Lula é o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, virtual candidato ao governo de São Paulo em 2014. Desde que o ex-presidente está se convalescendo em casa, ele já o visitou quatro vezes. Os dois conversam sobre política e doença. No fim de cada encontro, a visita sai com missões designadas por Lula.
Lula disse no último encontro com Marinho que todos os candidatos às prefeituras das cidades do Grande ABCD terão perfil sindicalista, já que a região é berço do PT. Nos despachos internos, o ex-presidente também já age para influenciar quem serão os candidatos à prefeitura de outras cinco capitais consideradas estratégicas para o PT nacional. Em determinados casos, ele aponta até nomes de petistas que devem ser sacrificados pelo partido em nome de alianças ou de candidatos de sua preferência, como ocorreu com Marta Suplicy, em São Paulo.
Entre os políticos que já deram expediente no escritório que Lula montou em casa estão o presidente do Senado, José Sarney; a ministra do Planejamento, Míriam Belchior; o governador de Roraima, José de Anchieta; o ex-ministro do Esporte Orlando Silva; e o atual, Aldo Rebelo; além da presidente Dilma Rousseff, que já o visitou duas vezes. Segundo o Instituto Lula, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deverá aproveitar uma viagem que fará à Argentina para participar da cerimônia de posse da presidente reeleita, Cristina Kirchner, no próximo dia 10, para dar uma esticada até São Bernardo do Campo. Assessores de Chávez já estão viabilizando a visita. O presidente venezuelano, que já enfrentou o mesmo tratamento que Lula, falou por telefone três vezes com o petista desde que ele iniciou o tratamento médico.
Para montar um escritório político em casa, Lula teve de modificar dois cômodos do apartamento. Comprou móveis novos, como mesa, sofá e poltronas, além de dois armários. No início, dona Mariza não havia gostado da ideia de transformar o lar em uma extensão do Instituto Lula. Mas ela mesma ajudou na escolha dos móveis depois que os médicos disseram que ficar em casa ajuda no tratamento. No lar, ele conta ainda com um enfermeiro que deixa os médicos dele informados diariamente sobre a evolução do tratamento.
Efeitos
A ideia inicial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era despachar diariamente no Instituto Lula ao mesmo tempo em que faz o tratamento contra o câncer. Mas assim que começaram a surgir os primeiro efeitos colaterais da quimioterapia, ele mesmo mudou de ideia. O primeiro dos três ciclos do tratamento deixou o petista fatigado e sem apetite. Com isso, ele passou a tomar soro para complementar a alimentação e passou a evitar uma rotina de trabalho pesada mesmo em casa.
Na avaliação dos médicos que tratam do ex-presidente, a reação ao tratamento está dentro das expectativas. “Todas as reações que surgiram até aqui estão dentro do esperado. Esses efeitos permanecem por um certo período porque cinco dias de quimioterapia é pesado demais para qualquer organismo”, diz o médico Paulo Hoff, do Hospital Sírio-Libanês.
Fonte: Estado de Minas
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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