Obra sustentável cresce e desperta interesse de bancos
As construtoras estão cada vez mais incorporando conceitos de sustentabilidade nos projetos que chegam aos bancos para financiamento. Em um primeiro momento, tais práticas podem até encarecer a obra, mas segundo os agentes financiadores, o melhor emprego de recursos nesses empreendimentos resulta na longevidade do imóvel e menos custos de manutenção. Na concessão do crédito, os bancos veem esses projetos com outros olhos. O Santander criou um selo para obras sustentáveis. Outros bancos, como o Bradesco, chegam a contratar até engenheiros para acompanhar a construção.
Ainda não há uma relação direta entre esse tipo de construção sustentável e um diferencial na taxa de juros do financiamento. Conforme Octávio de Lazari Júnior, diretor do departamento de Empréstimos e Financiamentos do Bradesco, tudo vai depender do projeto apresentado e do histórico da construtora como tomador de crédito no mercado. De qualquer forma, diz o executivo, por se tratar de um empreendimento sustentável, os bancos já analisam o crédito de forma diferenciada.
Segundo Lazari, do total dos projetos das construtoras que chegam ao departamento de crédito do Bradesco, pelo menos, 20% contemplam algum aspecto sustentável. A liberação dos recursos ocorre conforme o cronograma da obra que é acompanhada por engenheiros credenciados pelo banco.
O Bradesco tem também outras linhas de crédito no âmbito da construção sustentável. As primeiras foram colocadas à disposição em 2007 e hoje já somam 33. Uma das que têm apresentado forte demanda, segundo Lazari, é o crédito para compra de equipamento de aquecimento solar, com tíquete médio de R$ 7 mil. O financiamento pode ser feito de 60 a 72 meses nessas linhas, com taxas que chegam a custar 50% menos do que outras modalidades de crédito como empréstimo pessoal.
O programa Obra Sustentável do Santander Brasil também surgiu em 2007 e já contemplou dez empreendimentos com a placa. As empresas precisam atender a uma série de requisitos que constam do questionário de risco socioambiental. A análise tem caráter instrutivo e ao detectar problemas, são apontadas soluções, incentivando a mudança de atitude. Para a liberação dos recursos são realizados estudos técnicos e econômicos e exige-se da empresa a Declaração de Solo Limpo, documento que atesta que o terreno está livre de resíduos. Em uma escala de um a dez, o projeto que consegue nota sete está apto para receber a placa de “Obra Sustentável”. Para manter a placa o empreendimento passa por avaliações periódicas que determinam a permanência entre as edificações reconhecidas pelo programa até o término da obra. O acompanhamento é feito por uma equipe de engenheiros contratados pelo banco.
A ideia do programa é estimular iniciativas que apresentem soluções como eficiência energética, conforto ambiental do edifício, conservação da água, seleção de materiais, incentivo a reúso e reciclagem. Segundo Fernando Baumeier, superintendente de Negócios Imobiliários do Santander Brasil, os projetos no âmbito do programa ainda não chegam a 10% do total financiado pelo banco, mas há uma tendência crescente tanto da parte das incorporadoras em apresentá-los, como da parte do consumidor em adquirir imóveis com essas características.
O executivo entende que a incorporação das práticas sustentáveis não adiciona custo no projeto, a medida em que a utilização de materiais mais adequados aumentará a vida do empreendimento, com consequente ampliação do prazo de manutenção. No limite, diz o executivo, os valores dos condomínios tendem até a cair, uma vez que a maior utilização da luz natural, o uso de placas que captam energia solar e o melhor aproveitamento da água vão ter efeitos diretos sobre as contas de fornecimento desses serviços essenciais.
Alexandre Lafer Frankel, diretor presidente da Vitacon Incorporadora, diz que o aparecimento de obras sustentáveis tem sido mais forte em imóveis comerciais. “Alguns locatários, especialmente multinacionais, exigem o selo sustentável para alugar o imóvel”, disse o executivo. No segmento de residências, o executivo destaca que ainda são poucos projetos sustentáveis, mas a tendência é de crescimento no número de obras. “É um diferencial positivo e as pessoas se sentem bem comprando um imóvel assim. Os bancos veem com bons olhos, mas não tem havido diferencial de juros”, disse.
Fonte: Agência Estado
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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