Pesquisa diz que, em 2011, 83% dos pernambucanos contraíram dívida
Para o consultor econômico do centro de pesquisa (Cepesq) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE), Luiz Kehrle, o grau de endividamento do pernambucano é razoável. Levantamento da instituição aponta que 83% dos entrevistados afirmaram ter contraído alguma dívida em 2011. Foram entrevistados 2.434 consumidores em todo o Estado com o objetivo de mensurar o endividamento e avaliar o nível da dívida atual em relação ao ano anterior.
O percentual de endividados em Pernambuco, em todas as classes de renda, é alto. A classe AB, a menos endividada, chega a quase 80%, nas C e DE ultrapassam 82%. A professora Dalmares das Neves Leandro já se viu com problemas devido aos cartões de crédito. “Tem que tomar cuidado, a pessoa acha que cartão não é dinheiro e no fim do mês fica sem ter como pagar. Eu pagava o mínimo da fatura do cartão e vi minha dívida virar uma bola de neve. Agora, tento me controlar para não deixar acontecer”, conta Dalmares.
Preocupada com a possibilidade de contrair mais dívidas do que pode pagar, a química industrial Sara Horário de Oliveira mantém apenas dois cartões. “Fim de ano, todo mundo acaba se endividando um pouco mais, parcela as compras de Natal. Como tem que comprar presente para toda a família, acabo passando uns seis meses pagando a conta”, explica Sara.
Na Região Metropolitana do Recife, o endividamento cresceu mais que a média do Estado. Quase 45% informaram crescimento nos débitos, contra 23% de diminuição. “Eu ando preocupado, tô devendo bem mais que o ano passado”, admite o segurança Manoel Batista que, para tentar driblar as dificuldades, joga na loteria. “Tem que ter fé de que tudo vai se acertar, não é?”, pergunta Batista.
No Agreste do Estado, o resultado é relevante também em Garanhuns, com a diferença de que a maior taxa é registrada nas famílias de renda mais elevada. Ainda assim, o economista Luiz Kehrle acredita não estar acontecendo nada em especial. “No Estado, o endividamento está dentro da média. Já na Região Metropolitana do Recife o numero é maior, passando de 88%. Isso é resultado também da oferta de crédito das duas áreas, a capital tem uma oferta maior que o interior e, consequentemente, mais possibilidades de endividamento”, comenta.
Em Caruaru e Petrolina, Agreste e Sertão do Estado, respectivamente, a situação melhora. Nos dois municípios o endividamento é semelhante, mas um pouco inferior à média estadual. Sem diferença significativa entre os três grupos de renda AB, C e DE, os dados demonstram que quase 40% admitem o aumento do endividamento e 27,5% afirmam que houve diminuição das dívidas.
Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste do Estado, destaca-se como a área com menor percentual de devedores, cerca de 73%, onde as classes de renda apresentam os mesmo números. O município foi a única cidade onde o endividamento melhorou em relação ao ano passado.
Kehrle explica que a taxa de inadimplência está dentro do normal. “Perguntamos o que as pessoas iam fazer com o 13º salário e mais de 50 % disseram que iriam usar para pagar dívidas, situação perfeitamente administrável”, diz. Como economista, Kehrle acredita que o crédito não tem mais o papel de três anos atrás. “Quando se aumentou a oferta de crédito tinha um espaço para crescer porque as famílias estavam menos endividadas, o Brasil tinha 25% do PIB, hoje temos o dobro. Mesmo com a flexibilidade do governo, que ajuda a vender, ainda é muito menos que antes. A renda familiar está comprometida, em média, em um terço com débitos”, informa.
“Não vamos mais ter aquele crescimento de 20% ao ano, teremos 10%, 15%…Dois fatores são limitantes para esse dado: as famílias endividadas e o crédito mais rigoroso por conta da inadimplência. Agora, o que vai puxar o varejo é o crescimento do rendimento médio do trabalho e o nível de emprego”, explica o consultor. Ele diz que o desemprego em Pernambuco é de 6% na Região Metropolitana do Recife, oito anos atrás era 12%, o dobro de hoje. “As pessoas sabem que vão ter emprego e renda, isso afeta as expectativas porque as pessoas ficam dispostas a gastar”, conta.
Fonte: G1 PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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