Recife é a capital do conhecimento tecnológico do Brasil
O professor Silvio Meira (foto) sabe até hoje o momento que sua vida mudou. Foi um detalhe que descobriu ao ver pela primeira vez um computador, no início do curso de graduação em Engenharia Eletrônica no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). “Ao contrário das outras máquinas, vi que o computador faz o que a gente quer porque é programável”, ele conta.
Olhando para trás e lembrando os tempos em que as condições tecnológicas ainda eram rudimentares, e terminais de computadores eram poucos e caríssimos no país, o professor não hesita em definir: “Eram tempos heróicos”.
Muita coisa mudou de lá para cá e hoje vivemos uma realidade completamente diferente. Embora estivesse envolvido com esta evolução desde os primórdios, Meira acredita que ninguém foi ou seria capaz de prever a rapidez ou profundidade das mudanças. “É a mesma coisa que tentar prever com exatidão como será o mundo daqui a 25 ou 50 anos”, diz.
Como professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele foi uma das pessoas-chave para o desenvolvimento tanto da área de Informática da UFPE, quanto à frente da criação do Porto Digital do Recife, assim como do C.E.S.A.R. – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife. O conceito nasceu em duas salinhas do Centro de Informática da UFPE, o CIn, e hoje é referência mundial.
“Percebemos que as pessoas se formavam aqui, mas iam embora, e resolvemos intervir para tentar conter este movimento”, explica. Não apenas conseguiram inverter o quadro, como passaram a receber pessoas de fora também. O C.E.S.A.R. recebe de duas a três visitas institucionais por semana e mantém um fluxo contínuo de interesse sobre o funcionamento do centro.
O que faz do C.E.S.A.R. tão único? A combinação de criatividade, empenho e coragem. É um instituto privado, sem fins lucrativos que incentiva a inovação. No C.E.S.A.R., a equipe se dedica a descobrir problemas potenciais para os clientes. A partir daí, busca soluções para resolver/prevenir os problemas, de modo que a solução seja mais competitiva para o cliente.
É esta capacidade que é vendida para o mercado e a demanda não para de crescer.
O Porto Digital foi uma evolução lógica desta iniciativa. “A idéia era criar ao mesmo tempo maior densidade empresarial em Recife e também ter um vetor para recuperar o Centro da cidade, uma área historicamente importante e que estava muito abandonada há 11 anos”, conta o professor.
Além disso, estar fora do campus da UFPE ajuda a manter o que ele chama de distância segura: um espaço onde se capacita profissionais criativos e outro onde se capta as qualificações. “As competências técnicas é que são relevantes no profissional, mesmo que a demanda do mercado digital seja cada vez mais global e móvel”, diz Meira.
Só não compare o Porto Digital ao Vale do Silício, área americana onde está o berço da tecnologia norte-americana. “Nós somos o Delta da Parnaíba”, ele brinca antes de emendar a explicação: “O Vale do Silício é apenas no Vale do Silício, não há como comparar a outro lugar no mundo porque o contexto é diferente e o arranjo deles é completamente peculiar, centrado em capital físico e a inteligência deste capital. É bobagem dizer que temos um Vale do Silício. Não temos, nem geograficamente”, explica.
Meira aposta na particularidade do Porto Digital de Recife como a chave para uma efetiva mudança econômica. O Prêmio Faz Diferença do jornal O Globo, que ele ganhou em janeiro deste ano, na categoria Economia, é um sinal de que sua aposta tem futuro.
“É um projeto econômico de longo prazo e que precisa ser entendido assim”, ele alerta. “Só começamos a ver a ponta do iceberg, há muito que ser feito ainda”, diz.
Fonte: pe360graus.com.br
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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