Trabalhadores sem-terra se preparam para marcha em 17 estados quarta-feira
Um grupo de quatro mil famílias de pequenos agricultores e trabalhadores rurais sem-terra já começou a se instalar em Brasília para uma marcha na próxima quarta-feira por mais crédito e assentamentos da reforma agrária. No total, o movimento reunirá em 17 estados, segundo a Via Campesina, 50 mil famílias. O problema do endividamento da agricultura familiar está na pauta das reivindicações. Lideranças de diversos movimentos, como MST, Movimento dos Afetados por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento Indigenista Missionário (Cimi) estão dialogando com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e esperam ser recebidas por Dilma Rousseff.
“Esperamos que esta ação possa sensibilizar o governo, que sejamos ouvidos e atendidos. Se isso não ocorrer, vamos avaliar novas pressões para lidar com o governo daqui pra frente. Queremos negociar, mas não adianta só negociar. Precisamos de uma solução. A corrupção instalada é a prova de que tem dinheiro (no governo), mas está indo para o lugar errado”, disse Valdir Misnerovicz, integrante da Coordenação Nacional do MST.
Segundo o MPA, o setor tem uma dívida de R$ 30 bilhões, sendo que os devedores de R$ 12 bilhões não têm como quitar o débito. O movimento defende uma negociação definitiva para resolver o problema, que impede que sejam dados novos créditos para o produtor continuar sua atividade. Já o MAB afirma que o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) exclui muitos produtores rurais necessitados.
“O modelo de crédito para os camponeses é inadequado. O Pronaf exclui grande parte dos agricultores e atende aos bancos”, disse Gilberto Cervinski, integrante do MAB.
Por outro lado, para resolver a questão do déficit de terra para quem não tem onde produzir, o MST calcula serem necessários R$ 1,5 bilhões por ano. Este ano o governo deverá investir, segundo o movimento, R$ 530 milhões na obtenção de terras para a reforma agrária. Como forma de pressão, o MST diz ter mantido a média de 250 ocupações por ano. Só em 2011, 100 áreas já foram invadidas.
“Os recursos destinados para atender às demandas são insuficientes. O problema não é a falta de dinheiro, é uma questão política do governo, que está priorizando atender a força do capital”, disse Misnerovicz.
No próximo dia 24, os grupos de produtores rurais se unirão a centrais sindicais para fazer um movimento para unir as reivindicações do campo e da cidade. Do lado urbano, entidades como CUT e Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) pedirão redução da jornada de trabalho e o investimento de 10% do PIB em educação.
Fonte: Agência O Globo
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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