Três em cada dez vagas de obstetras não são preenchidas no Brasil
Os médicos que ajudam a mulher na gestação dos bebês e na hora do parto estão assustados: a profissão precisa de ajuda. Sofre com o desinteresse dos estudantes. É a cada ano menor o número de obstetras no Brasil. Por quê? Por que três de cada dez vagas não são preenchidas hoje?
A médica Maria do Carmo Santos fez partos por mais de 20 anos, mas a obstetra virou especialista em estética. A rotina, com plantões a qualquer hora, a desanimou. “Se a opção é um parto normal, esse médico vai para o hospital acompanhando a paciente dele e vai ficar lá seis ou oito horas. Isso é comum”, explica.
Há desânimo também entre os iniciantes. A residência em ginecologia e obstetrícia do Hospital das Clínicas de Minas Gerais (HCMG) é uma das mais concorridas do país, mas desde 2005 vem recebendo menos candidatos.
“A especialidade tinha 24 candidatos por vaga. Hoje nós temos uma proporção de oito candidatos por vaga no programa de obstetrícia e ginecologia”, conta a coordenadora do programa de obstetrícia do HCMG, Regina Amélia Aguiar.
No Rio de Janeiro, também houve redução de 45% no número de inscrições. O resultado dessa falta de interesse se reflete nos hospitais. No ano passado, de cada dez vagas abertas no país para obstetras, três não foram preenchidas. Em Sabará, região metropolitana de Belo Horizonte, há mais de dois anos a prefeitura tenta preencher 15 vagas.
“A gente anuncia, vai às universidades, coloca cartaz, faz boca a boca de profissional para profissional e não consegue preencher as vagas de ginecologia e obstetrícia no município”, afirma a secretária de Saúde de Sabará, Nicole Cuqui.
O grupo que defende a valorização da área afirma que os obstetras recebem menos que outros médicos e são alvos frequentes de processos.
“A obstetrícia especificamente é, infelizmente, campeã no Conselho Regional de Medicina em todos os estados como a profissão que tem o maior número de processos éticos. Isso causa medo nos médicos, na hora de escolher a profissão”, justifica o diretor de defesa profissional, Carlos Henrique Mascarenhas.
Liana David de Matos começou a fazer a residência no início do ano e espera que a situação melhore. “Sou muito satisfeita com a minha escolha. É muito gratificante você trabalhar com a mulher em um momento tão especial que é o período da gravidez e do parto”, diz a residente de obstetrícia e ginecologia Liana David de Matos.
Fonte: G1
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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