Turismo de Aventura lucra R$ 515 milhões por ano
O Ecoturismo – ou Turismo de Aventura – está em alta no Brasil. Anualmente, já são 5,3 milhões de pessoas em busca de uma forma mais consciente de lazer, ligado às atividades esportivas, ao ar livre e valorizando o contato com a natureza. Número que abriu os olhos do mercado. Em apenas três anos (entre 2006 e 2009), a quantidade de empresas no segmento cresceu de 1,6 mil para 2,1 mil e o faturamento médio anual do setor foi elevado de R$ 490 milhões para R$ 515 milhões. Mas Pernambuco não tem acompanhado esta evolução. Apesar do grande potencial turístico e geográfico, o setor empacou. Os investimentos do Governo ligados ao fomento estão, em sua maioria, centralizados em Fernando de Noronha e são inexpressivos para outros pólos em potencial, do Litoral ao Sertão. Como consequência, o empresariado local também não despertou para essa fatia, que já provou na matemática o quanto pode ser lucrativa.
O Brasil é o maior País da América Latina. O tamanho favorece tanta diversidade climática e geográfica. São dezenas de ecossistemas e a maior variedade biológica do planeta entre Floresta Amazônica, Mata Atlântica e Cerrado. Tudo isso, unida à tendência da sustentabilidade, tem elevado, e muito, a procura para o segmento de Turismo de Aventura. E enquanto outros estados do Nordeste – principalmente Bahia e Ceará -, têm caminhado lado a lado dessa evolução, Pernambuco desperdiça potencial. Os olhos de empresas e governo, voltados somente para a pequena Fernando de Noronha, não enxergam oportunidades em lugares como Bonito, Buíque ou Vale do Catimbau, onde a prática de atividades ao ar livre e de contato com a natureza é constante e pode fascinar esses milhões de visitantes, com disposição de desbravar novos destinos.
A própria Secretaria de Turismo do Estado confirma um maior foco do segmento para o arquipélago e as atividades de mergulho direcionadas aos diversos naufrágios do território oceânico. Tem seus méritos. A famosa ilha tem mesmo a cara dos desbravadores. Mas com quase 100 mil quilômetros quadrados de extensão e características peculiares, ainda há muito a ser explorado em Pernambuco. Por todo lado, há um potencial perdido para prática de orientação, canoagem, rafting, escalada, cannion, rapel, trekking, kitesurf, paraquedismo, montanhismo, tirolesa, voo livre, mountain bike, asa delta, corrida de aventura, mergulho e arvorismo distribuídos em dezenas de municípios.
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura (Abeta), que revela o perfil desse turista, é ainda mais motivadora – 86% pertence às classes A e B, 71% possui boa escolaridade – entre superior incompleto e pós-graduação, 80% dá preferência a viagens e atividades culturais para se divertirem e, em sua maioria, viajam cinco vezes por ano nas férias, feriados e até mesmo nos fins de semana. Em resumo, é um personagem com estudos e alto poder aquisitivo, fidelizado, independente da sazonalidade. E o melhor, com disposição para gastar.
Prova disso são os dados da Adventure Sports, maior evento de esportes e turismo de aventura da América Latina, que acontece na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, no próximo mês. A expectativa dos organizadores é receber um público de 70 mil pessoas e atrair para a cidade mais de R$ 20 milhões com o turismo, similar ao montante de 2009 divulgado pela São Paulo Convention & Visitors Bureau. De acordo com pesquisa realizada pela SPTuris em 2009, os aventureiros que viajam para conhecer a Adventure Sports Fair gastam por volta de R$ 2.442,47 cada um. Na edição 2010, foram 310 compradores que negociaram produtos e equipamentos em 1.230 reuniões.
De acordo com o Secretário de Turismo de Pernambuco, Alberto Feitosa, o Governo tem feito investimentos relacionados à infraestrutura, fundamental para despertar o interesse do empresariado. Com recursos do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) foram construídas estradas, reformas e sinalização, além de divulgação destes polos ligados à pratica esportiva e contato com a natureza, mas a responsabilidade para o crescimento do setor deve ser geral. “O que está faltando é o setor empresarial perceber que, em todo o País, tem muita gente ganhando dinheiro com o Ecoturismo, que virou uma atividade econômica lucrativa”, disse. “Neste caso, o Estado funciona como meio, e não como fim”, completou.
Fonte: Folha de Pernambuco
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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