Vivenciar medos da criança ajuda a impedir traumas na vida adulta, diz psicóloga
Não são poucos os pais que costumam educar as crianças na base do medo. É comum eles dizerem “Não faz isso que o bicho pega” ou “não entra ali porque tem um monstro” ou ainda “cuidado com a multidão para você não se perder”, entre outros casos. Mas especialistas dizem que educar na base do medo pode provocar consequências que acompanham a pessoa da infância até a fase adulta.
A psicóloga Adriana Barros explica que há dois tipos de medo: o saudável e o negativo. “O medo é natural para qualquer ser humano e vem como um processo sinalizador. A gente geralmente divide entre o medo positivo e o medo negativo, que é aquele que a gente pode levar a uma condição de constituir uma patalogia. Já o medo saudável é aquele que sinaliza, aquele medo de que a criança vai ter que ter cuidado na piscina, nas brincadeiras, no shopping e não mexer nas tomadas. Os pais devem estar sempre sinalizando e mostrando a criança a realidade. Mas, infelizmente, algumas pessoas ainda educam fazendo o medo e isso é muito traumático porque, lá na frente, pode gerar adultos inseguros e com baixa autoestima. E o medo, de uma forma geral, tende a gerar um trauma. Então, se você não lida bem com o medo, ele pode virar fobia lá na frente”, afirma.
Em entrevista na edição desta quarta-feira (6) no Bom Dia Pernambuco, a psicóloga respondeu à dúvida do telespectador da Globo identificado apenas como Roberto e residente no Recife. Ele disse que, quando era criança, recebia castigo do pai e era colocado para dormir em um quarto escuro. Por isso, até hoje, aos 48 anos, ele tem medo de dormir no escuro. “Isso é um problema psicológico. O medo é construído e faz parte da forma como os pais vão educar a criança a lidar com esse medo. Como Roberto recebia uma punição passando pelo medo, lá na frente ele vai repercutir esse comportamento. O tratamento psicológico vai fazer referência ao seu processo de vida lá atrás e, a partir disso, ele possa lidar com o medo, coisa que os pais já deveriam ter ensinado as crianças desde tenra idade”, diz Adriana Barros.
Ela ressalta a importância de os pais não negar ou desconsiderar o medo das crianças. “É importante que os pais ajudem as crianças a enfrentar os medos, por exemplo, de fantasmas e bicho-papão. Por volta dos 3 e 5 anos, isso faz parte do imaginário da criança, até porque também faz parte da cultura e das brincadeiras da criança. É um medo que ela vai naturalmente superando dependendo da forma como os pais permitem que ela expresse esse medo. No momento que a criança estiver sinalizando que existe um monstro no quarto, no imaginário dela aquele monstro, de fato, existe. Então, não é interessante que os pais neguem a percepção da criança e digam que esse monstro não existe e que isso faz parte da sua imaginação. É importante que os pais entrem na fantasia da criança, acompanhem ela até aquele espaço e traga isso para a realidade”, afirma.
Ela ensina como o medo das crianças deve ser encarado pelos pais. “Eles devem permitir que as crianças verbalizem. A verbalização é fundamental nesse momento. E não devem negar a percepção da criança. Se eles não deixam a criança falar ou dizem que isso é besteira ou que não existe, a criança naturalmente vai guardando aquilo e o trauma vai se constituindo a partir desse processo. Quando os pais vivenciam isso e conduzem o enfrentamento do medo de uma forma saudável, isso não vai gerar trauma. A partir do momento que a pessoa desenvolveu um trauma, já chega na fase adulta carregando uma série de consequências, como ansiedade e baixa autoestima, e é importante que se vá trabalhar isso terapeuticamente”, diz.
Adriana Barros fala também qual é o tratamento para quem tem medo, fobia ou pânico.“O medo é uma condição natural do organismo. A fobia é quando existe um objeto-estímulo, como elevador, escuro, altura. Essas fobias fazem referência ao nosso psiquismo, são medos que ficaram guardados no nosso inconsciente e tem referência pela forma como você foi constituindo a sua personalidade na relação com as figuras significativas da sua vida, ou seja, seu pai ou a sua mãe. O tratamento é psicoterápico. Em caso de pânico enquanto sintoma, muitas vezes existe a necessidade de um processo medicamentoso. É quando entra a atuação do psiquiatra”, afirma.
Fonte: pe360graus
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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