A seca no Nordeste, a insustentabilidade e as eleições municipais

A seca no nordeste brasileiro está entre as questões mais discutidas e noticiadas no Brasil desde os tempos do Império. Dom Pedro II determinou a construção de açudes durante a seca que durou de 1877 a 1879.  Desde então, milhares de açudes foram construídos, o que torna, entre outras razões, o nordeste brasileiro o maior detentor de volume de água represado em regiões semi-áridas.

Mesmo assim, a população de áreas mais pobres do nordeste vem sofrendo com a seca que atinge a região. Segundo números do Ministério da Integração Nacional, 525 municípios do Nordeste estão em situação de emergência, e outros 221 sofrem efeitos da estiagem e aguardam avaliação da Secretaria Nacional de Defesa Civil.

Na Bahia, 232 municípios decretaram situação de emergência, estima-se que a estiagem atinja cerca de 2,6 milhões de baianos. Segundo a defesa civil, esta é a pior seca dos últimos 47 anos no estado.

A insustentabilidade

Existem atualmente cerce de 70 mil represas no nordeste brasileiro, estocando aproximadamente 37 bilhões de metros cúbicos de água. Se existe tanta água, por que a seca atinge tão fortemente a população? O problema é a má distribuição, a água não chega à população mais distante, e principalmente as mais pobres.

Obrigando milhares de nordestinos a andar centenas de quilômetros, ou como eles mesmo dizem, centenas de léguas para buscar água para beber. Em algumas localidades, a água é trazida por carros pipas, que não é distribuída igualmente entre a população, que briga para conseguir um balde de água. A luta para matar a sede gera imagens que ilustram os noticiários televisivos há décadas.

Um dos “efeitos” mais noticiados nacionalmente da atual seca  é a redução drástica no volume de água da Barragem do Rio Mirorós, localizada na cidade de Ibipeba – Bahia.  A barragem tem capacidade para acumular 170 milhões de metros cúbicos de água, tendo atualmente menos de 8% desta capacidade.

As 14 cidades atendidas pela barragem, inclusive a minha – Ibititá, já sofrem com o racionamento desde meados de novembro do ano passado. O fornecimento para irrigação já foi cortado. Segundo informações da Embasa, se o volume da barragem descer mais três metros o abastecimento da região entra em colapso.

A seca é apenas um dos fatores que geraram essa crise. Danos ambientais e a total desproteção do rio e de sua nascente, além do descontrole no uso da água na irrigação são outras partes dessa equação desastrosa.

As eleições municipais

Muitos acreditam que o coronelismo e a indústria da seca já foram extintos do nordeste, mas eles apenas ganharam uma nova roupagem. Segundo a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União, foi desviado somente ano passado R$ 312 milhões em verbas do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), órgão ligado ao Ministério da Integração Nacional.

A presidente Dilma Rousseff determinou em abril a liberação de mais de R$ 2,7 bilhões para adoção de medidas emergenciais e de infraestrutura de combate à seca. Entre as ações devem estar incluídas a doação de cestas básicas, o que me faz lembrar como essa distribuição era feita há algum tempo, quando os representantes dos coronéis retiravam os alimentos de melhor qualidade, ou de maior valor comercial para vender em seus mercados, e repassava apenas o que sobrava à população que passava fome. O Anúncio dessa liberação foi dado ao mesmo tempo em que um estudo revelou um rombo de R$ 312 milhões em verbas do combate à seca.

Lembrando que este ano teremos eleições municipais, o que me leva a perguntar quanto desses R$ 2,7 bilhões serão desviados para financiar campanhas e compras de votos?  Quantas pessoas terão seu sofrimento amplificado, para financiar a boa vida de políticos e de seus correligionários?

A indústria da seca e o coronelismo ainda resistem à custa de tantas vidas severinas que labutam por um pouco d’água. Sob novos nomes e novos programas, o que vemos no nordeste é a continuação de um processo histórico, é a perpetuação do sofrimento  e da miséria a favor do lucro.

Fonte: Esse tal Meio Ambiente

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