Água contaminada no entorno das universidades federais
Uma pesquisa revelou que pelo menos 62,5% dos estabelecimentos em funcionamento ao redor das Universidades Federal e Federal Rural de Pernambuco utilizam água contaminada na produção de alimentos. A constatação surgiu a partir de levantamento realizado pelo próprio departamento de Tecnologia Rural da UFRPE.
De acordo com a pesquisadora, a doutora em microbiologia Neide Shinohara, um total de 40 estabelecimentos tiveram a água da torneira analisada. O material utilizado para cozinhar e lavar utensílios alimentares apresentou coliformes diversos (totais) em 25 amostras. “Além disso, deste universo, dezessete também apresentaram coliformes termotolerantes, mais conhecidos como ′fecais`, compostos por elementos que deveriam estar presentes apenas em intestinos de animais de sangue quente”, explica.
Em ambos os casos, há risco de doenças oportunistas para quem consome a água contaminada, incluindo náuseas, vômitos, febre e diarréia. Os coliformes ditos fecais são os mais graves entre o grupo total de micro-organismos, uma vez que apresentam a bactéria Escherichia coli, indicativo de contato direto da água com fezes. Isso significa que o consumidor pode apresentar complicações ainda mais graves, como infecções no sistema digestivo. “Em casos de quem tem uma imunidade mais baixa, a exemplo de crianças, idosos, transplantados ou imunodeficientes, pode até levar a óbito”, alerta Shinohara.
Segundo a Portaria 2914, assinada em dezembro de 2011, em caso de retorno positivo destes micro-organismos, deve haver ação imediata por parte dos responsáveis e recoleta da água nos dias subsequentes até que seja constatada que a água está própria para consumo. Para o chefe de serviço de saúde ambiental da Fundação Nacional de Saúde, Osman de Oliveira Lira, o grande perigo não seria a qualidade da água que é fornecida à população, mas da forma de acondicionamento da mesma. “A imensa maioria das contaminações acontecem em reservatórios e caixas d`água com problemas de manutenção, o que inclui falta de limpeza das paredes internas, rachaduras, infiltrações ou mesmo a falta de vedação, o que permite que corpos estranhos, contaminados, entrem em contato com a água. As demais, por conta da intermitência no próprio fornecimento do mineral”, explica.
Procurada, a Compesa verificou 14 estabelecimentos da área em que a pesquisa foi realizada, com 40 unidades de alimentação, e alega que a maior parte dos estabelecimentos não faz parte de sua lista de clientes ou mistura o mineral fornecido pela distribuidora de água com uma fonte própria, a exemplo de poços subterrâneos. “Nestes casos, havia cloro residual negativo, uma falta de tratamento que indica grande probabilidade de contaminação. Junto a clientes na mesma região, indicamos cloro positivo, o que diminui chances de haver coliformes. Agora faremos exames bacteriológicos” garantiu o diretor regional metropolitano Rômulo Aurélio Souza. Sobre os casos de contaminação na própria rede da Compesa, o diretor afirma que este tipo de problema diminuiu bastante. “Com Pirapama, não temos muita interrupção no abastecimento de água, então não há tanto espaço para que o sistema de tubulação succione elementos estranhos que estejam próximos à rede como antes”, afirma.
Quem já teve problemas com a água e os alimentos consumidos no entorno das universidades, prefere arriscar na escolha da própria fonte de alimentação. A doutoranda Jackeline Maciel, de 33 anos, estuda na UFPE desde a graduação, última vez em que consumiu comida em uma das lanchonetes fixas localizadas em uma das laterais da instituição. “Passei muito mal, na época, e fui diagnosticada com infecção intestinal. Desde então, nem mesmo suco eu tomo em local que eu não saiba a procedência da água”, ensina.
(Ed Wanderley)
Locais da pesquisa
• UFRPE – Bairro de Dois Irmãos
• UFPE – Cidade Universitária
• 40 unidades de alimentação avaliadas
• 25 amostras reprovadas
• 62,5% apresentavam coliformes totais
• 42,5% foram contaminadas por fezes
Fonte: Diario de Pernambuco
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)





Nenhum comentário