Brasileira foge da guerra civil na Síria com filhos e marido
Após ver a guerra civil chegar ao bairro onde morava em Aleppo, a maior cidade do norte da Síria, Priscila Bacha, de 25 anos, conseguiu sair do país com a família. A brasileira contou ter conseguido deixar a Síria depois de uma longa e exaustiva viagem, cheia de preocupação, porque não sabia se chegaria com segurança até o Líbano.
Priscila é casada com Hekmat, que é sírio. Os dois são pais de Nayla, de 8 anos, e de Orfen, de 5. No dia 20 de julho, ela viu a guerra civil chegar em Aleppo. Era o primeiro dia do Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos, quando eles fazem jejum durante o dia.
“Bem na hora de quebrar o jejum, via os aviões jogando bombas, atacando. É como se tivesse caindo na minha frente, um barulho muito alto”, relata Priscila.
Durante duas semanas, ela contou histórias para acalmar os filhos: “A gente tentava inventar historinha para eles não entenderem, não passarem o que a gente está passando”, recorda.
Segundo ela, a situação piorou no início de agosto. “Abria a porta, a janela assim do meu quarto e comecei a espiar, ver o que estava acontecendo e vi aqueles homens armados. Naquele momento, a gente começou a analisar: onde a gente vai com as crianças?”, relata.
Há um ano e meio, um cenário de guerra civil é a realidade de muitas cidades na Síria. Aviões, helicópteros e tanques do regime do presidente Bashar al-Assad tentam derrotar as forças rebeldes que ocupam vários pontos do país.
O mês agosto, de acordo com organizações de direitos humanos, foi o mais violento desde que o conflito na Síria começou. Quatro mil pessoas teriam morrido nos confrontos entre tropas do governo e rebeldes.
Abrigo na casa da cunhada
Diante da situação de guerra civil, a família decidiu buscar abrigo na casa da cunhada. “De repente, começaram os tiros, a gente se jogou completamente no chão. E a gente foi se arrastando até o corredor. Ficamos ali, o único lugar da casa que a gente mais conseguiu se proteger. Passamos a noite no corredor”, relata Priscila.
Segundo ela, foi depois desse episódo que ela decidiu que iria voltar para o Brasil. Com a ajuda da Embaixada Brasileira, ela embarcou no dia 10 de agosto num voo de Aleppo para Damasco, capital da Síria. Priscila conta que chegou ao aeroporto por sorte. “Pegamos o avião e, lá embaixo tinha conflito”, diz.
No dia 15, a família de Priscila conseguiu viajar de carro até Al Masnaa, na fronteira com o Líbano. A brasileira, o marido e as crianças atravessaram a fronteira que fica a apenas 35 quilômetros de Damasco, a capital da Síria.
“Foi uma sensação de alívio e tranquilidade e de estar num lugar mais seguro. Foi um momento também triste por ter deixado a família ali”, declara Priscila.
Dias depois de deixarem Aleppo, Priscila e Hekmat ficaram sabendo que a casa dos sogros foi completamente destruída. Por sorte, ninguém se machucou. “Acabou, pra mim acabou tudo. Não existe mais pra mim Siria”, lamenta Hekmat Bacha.
Volta para o Brasil
Priscila e as crianças embarcam de volta para o Brasil na madrugada de terça-feira. A família dela, em Foz do Iguaçu, no Paraná, mal pode esperar. “Já estou contando os minutos! Não dormia, preocupada, agora não vou dormir com a emoção da chegada dela”, diz a mãe de Priscila.
A maior preocupação agora é com Hekmat, marido de Priscila. Ele ainda precisa regularizar documentos para poder viajar para o Brasil. “Se Deus quiser, vou voltar mais rápido possível, porque governo do Brasil não vai me deixar longe dos meus filhos”, diz Hekmat.
Fonte: G1
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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