Com seca severa, feijão é o vilão da alta de preço no prato do nordestino

Pior período de estiagem dos últimos 30 anos, a seca nordestina não está afetando apenas a vida do sertanejo. O bolso do consumidor da região está sendo atingido com a alta de preços dos alimentos cuja produção foi afetada pela aridez severa.  Em estados como Pernambuco e Bahia, quase metade dos municípios declararam estado de emergência. Produtos típicos, da mesa do nordestino especialmente grãos e verduras,  estão em alta no período elevando o gasto com alimentos: feijão, milho, batata doce e banana chegam a atingir em algumas capitais mais de 100% de aumento.

Na Bahia, entre os produtos da cesta básica destaque para o feijão, cujo valor médio de venda subiu 39,97% de janeiro a abril deste ano na capital, Salvador, de acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

De acordo com o último levantamento feito pelo Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba (Ideme), o preço da cesta básica no estado sofreu aumento de 1,75% no mês de abril. O acréscimo foi puxado, principalmente, pelo feijão, que já acumula um aumento de 50,82% este ano. A saca, que era vendida por R$ 200 em março, passou a custar R$ 300 em abril. Além do feijão, os produtos que revelaram aumentos mais significativos, segundo o Ideme, foram: laranja, pêra, banana prata, óleo de soja, açúcar e leite pasteurizado.

Em Pernambuco, pesquisa do Procon-PE indica que o feijão aumentou 40% de janeiro a abril deste ano. Na Região Metropolitana do Recife (RMR), o quilo do cereal variou 93,23%; 121,28% em Caruaru, no Agreste do Estado; e 86,98% em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata Sul.

De acordo com as Centrais de Abastecimento do Ceará, a Ceasa-CE, em abril deste ano, a saca de 60kg do feijão carioquinha (consumido em 75% do país) estava custando R$ 225,75 (média de R$ 3,76 o kg), enquanto em abril de 2011, quando a safra no nordeste foi boa, a mesma saca custava R$ 115,50, aumento de 95,5%. Se compararmos os meses de maio de 2011 e 2012, o aumento é ainda maior. Na Ceasa-CE, a mesma saca, este ano, custa em média R$ 276, enquanto em maio de 2011, ela custava R$ 105,63 (aumento de 161,30%).

COMPARATIVO DOS PREÇOS DO FEIJÃO NO MÊS DE ABRIL 2011 E 2012
Abril /2011 Abril /2012 Comparativo %
FEIJÃO CARIOCA 115,59 225,75 95,5
FEIJÃO MASSACAR 155,75 309,88 99,0

O segundo feijão mais consumido, o feijão macassar, também apresentou alta nos mesmos períodos, segundo a Ceasa. Em abril de 2011, a saca de 60 kg, custava R$ 155,75, enquanto em abril desse ano, o valor disparou para R$ 309,88 (aumento de 99%). Já no mês de maio do ano passado, a mesma saca era vendida por 136,25, este ano, no mesmo período atingiu preço máximo de R$ 320 (acréscimo de 134,86%).

COMPARATIVO DOS PREÇOS DO FEIJÃO NO MÊS DE MAIO 2011 E 2012
Maio /2011 Maio /2012 Comparativo %
FEIJÃO CARIOCA 105,63 276 161,30
FEIJÃO MASSACAR 136,25 320 134,86

De acordo com o analista de mercado da Ceasa cearense, Odálio Girão, o preço acima do normal da saca dos dois tipos de feijão é reflexo da perda da safra nos dois principais estados produtores no Nordeste, Pernambuco e Bahia.

O valor maior do feijão mexeu até mesmo com o preço da iguaria mais conhecida na Bahia. O acarajé é feito, principalmente, de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, frita em azeite de dendê. A baiana Ivonete dos Santos, mais conhecida como Nena, que tem um ponto de venda no bairro de Nazaré, teve que aumentar o valor da unidade sem camarão de R$ 3 para R$ 3,50. O acarajé com camarão aumentou de R$ 3,50 para R$ 4. Os preços não mudavam deste 2010. “Eu compro na Feira de São Joaquim (uma das mais populares de Salvador) e lá o quilo do feijão aumentou quase dois reais em um mês. O tomate (usado na salada que acompanha o acarajé) também subiu, de R$ 1,20 para R$ 2,20. E eu acho que ainda vai piorar mais, mas aí não dá mais pra eu aumentar meu preço aqui. Vou ter que aguentar”, reclama Nena.

REFLEXOS – Além do feijão, outros produtos sofreram altas consideráveis.  Na Paraíba,  entre hortifrutigranjeiros, tiveram maior aumento registrado no período o tomate e a batata doce, além do feijão do tipo macassar (também conhecido como feijão de corda). A caixa com 20 kg de tomate, antes comercializada por R$ 25, custa hoje em torno de R$ 60; um aumento de mais de 100%. Já a batata doce, de acordo com o balanço da Empresa Paraibana de Produtos e Serviços (Empasa), também registrou um aumento considerável, passando de R$ 55 para R$ 80 a saca com 50 kg; enquanto a saca com 60 kg do feijão macassar foi de R$ 180 para R$ 360.

Segundo o presidente da Empasa, José Tavares Sobrinho, o órgão tem concentrado seus esforços no sentido de garantir o abastecimento. “Estamos trabalhando na elaboração do Plano Nacional de Abastecimento, que deverá ser apresentado no dia 5 de junho. Podemos assegurar que a condição de abastecimento vai existir, independente de onde eles tenham que ser deslocados. É bem verdade que a oferta pode não ser tão farta quanto nos períodos de normalidade e o preço também pode sofrer uma alta”.

No Ceará, Onáscio Rodrigues trabalha só com a venda de batata doce na Ceasa, e desde março, quando a safra começou a ser perdida por causa da falta de chuvas, ele tem visto o preço disparar. “Ano passado o preço da batata doce não chegava a R$ 1. Hoje o preço subiu 23%. Você não compra uma saca de 6 kg por menos de R$ 75”. Na ceasa pernambucana O preço da batata, por exemplo, aumentou mais de 100% em apenas duas semanas. A batata inglesa acompanha: em menos de um mês, a saca com 20Kg de batatas passou de R$15 para R$35.

A abóbora é outro produto que também disparou quase 100% de aumento no valor do quilo entre 2011 e 2012, é o que garante um dos vendedores do produto na Ceasa, Antonio Vargas. “Ano passado a gente não conseguia era conter a queda do preço da abóbora. Era vendido por no máximo R$ 1 o quilo. Esse ano, você pode contrar o quilo até por R$ 2”, afirma.

Vai, sim, haver milho para o período junino na Paraíba. De acordo com o presidente da Empasa, estão sendo articuladas estratégias para garantir que não falte o insumo de maior consumo durante as Festas Juninas. O preço, porém, pode estar mais de 100% mais caro. Hoje, o milho está sendo comercializado a R$ 20 e R$ 25 na Paraíba, o dobro do preço do ano passado, quando o milho custava entre R$ 10 e R$ 12. A expectativa da Empasa é que o preço se mantenha no mês de Junho.

CARNE E LEITE – O feijão foi o mais afetado, mas a carne bovina e o leite também sofreram alterações de preços, em decorrência da escassez dos pastos e consequente fraqueza ou morte do gado. Na Bahia, Entre março e abril deste ano, a variação da carne foi de 6,28% e a de leite 0,96%. Outro item importante na culinária nordestina, a farinha de mandioca, teve o preço aumentado em 2,86% no mesmo período. Considerando a variação em 2012 (de janeiro a abril), a carne subiu 9,53%, o leite 2,44% e a farinha 9%.

Ainda não há um balanço específico, mas o monitoramento realizado pela Emater indica que cerca de 80% a 90% da cultura de subsistência cultivada na Paraíba se perdeu com a estiagem. Os donos de rebanho estão enfrentando sérias dificuldades para alimentar sua criação, já que a ração natural se perdeu.

DRIBLE NA MESA – De acordo com a professora em Economia Doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Fátima Massena, 40% da renda mensal familiar são destinados à alimentação. Para não comprometer o salário, ela orienta substituir os alimentos que estão mais caros por outros com mesmo valor nutricional, porém mais em conta. “É o caso do jerimum. A cor alaranjada do jerimum, o betacaroteno, também é encontrada na cenoura. Isso significa que podemos comer a cenoura, produto mais barato nesta época do ano”, explicou a economista doméstica. O baião-de-dois, alimento preparado com feijão, arroz, verduras e queijo é um prato com grande valor nutricional. “Mesmo com o feijão, grão muito caro no momento, é possível diminuir a quantidade do cereal e aumentar a do arroz, rico em carboidratos”, disse.

Fonte: NE10

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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