Comandante de navio que naufragou na Itália cometeu erros, diz empresa
A companhia Costa Cruzeiros, proprietária do navio cruzeiro Costa Concordia, que naufragou na sexta causando ao menos 5 mortes, reconheceu neste domingo (15) que o comandante do navio “cometeu erros de julgamento” e “não seguiu os procedimentos” previstos para situações de emergência.
“Parece que o comandante cometeu erros de julgamento que tiveram graves consequências” e que “suas decisões na gestão da emergência ignoraram os procedimentos da Costa Crociere, que seguem as normas internacionais”, informou a empresa em comunicado à imprensa.
“A Justiça, com a qual a Costa Cruzeiros está colaborando, ordenou a detenção do comandante, sobre o qual pesam acusações graves”, diz o comunicado.
O texto diz que Francesco Schettino, que entrou na companhia em 2002, como responsável de segurança, foi promovido a comandante em 2006, após concluir com sucesso todos os cursos de formação.
A companhia afirma ainda que os membros da tripulação “realizam exercícios de evacuação a cada duas semanas” e que os “passageiros participam igualmente de um exercício” de abandono de navio logo após o embarque (veja a íntegra no final deste texto).
O capitão, de 52 anos, foi detido pela polícia italiana para interrogatório no sábado. Ele está sendo investigado sob a acusação de homicídio culposo e de não prestar auxílio aos passageiros.
Neste domingo, ele negou as acusações de que teria deixado a embarcação sem prestar auxílio aos outros ocupantes e afirmou que só deixou o navio após terminar o processo de evacuação.
Antes de ser detido, Schettino declarou que “segundo a carta náutica, deveria haver profundidade suficiente” no local onde ocorreu o acidente.
Segundo testemunhas, o comandante Schettino foi um dos primeiros a abandonar o próprio navio.
O acidente, ocorrido na noite de sexta próximo à ilha de Giglio, a cerca de 40 quilômetros da costa, também deixou pelo menos 40 feridos, dois deles em estado grave.
Cerca de 15 pessoas continuavam desaparecidas, e as buscas prosseguiam.
Dois japoneses que eram dados como desaparecidos foram localizados em Roma, onde haviam chegado, mas ainda não tinham se apresentado as autoridades.
Três sobreviventes resgatados
Mais cedo neste domingo, três pessoas foram resgatadas com vida do interior do barco.
Marrico Giampetroni, comissário-chefe de bordo do navio foi retirado e içado de helicóptero, pois tinha uma perna quebrada.
Ele foi levado a um hospital da cidade de Grosseto, no continente.
O acesso ao tripulante foi difícil, porque os resgatistas tiveram de atravessar regiões alagadas dentro do navio, que virou e está parcialmente submerso no Mar Mediterrâneo.
Lua de mel
Horas antes, um casal sul-coreano em sua lua de mel havia sido resgatado de dentro do barco, depois que os bombeiros, que trabalhavam na parte emersa do Costa Concordia, ouviram seus gritos de socorro.
Tratava-se de Hye Jim Jeong e Kideok Han, de 29 anos.
Eles haviam embarcado no navio na cidade de Civitavecchia, poucas horas antes.
Equipe da tripulação foi vista em botes de embarque domingo de manhã, com o seu equipamento de mergulho, que incluía um capacete especial com uma luz frontal.
Eles então foram vistos tocando o casco com as mãos perto do corte de 50 metros de comprimento onde a água inundou e causou a virada do navio.
O navio chocou-se contra uma rocha, encalhou em um banco de areia próximo à ilha de Giglio, na Toscana, região central da Itália, teve seu casco quebrado, virou e ficou parcialmente submerso.
O acidente ocorreu a cerca de 40 quilômetros do continente, muito perto da ilha de Giglio.
Havia 53 brasileiros a bordo -47 passageiros e 6 tripulantes-, mas não há notícias de brasileiros entre os mortos, feridos ou desaparecidos, segundo o Itamaraty.
A empresa Costa Cruzeiros, por intermédio de sua assessoria de imprensa no Brasil, deixou disponíveis os seguintes números de telefone para informações sobre os brasileiros, em São Paulo: 55-11-2123-3673 e 55-11-2123-3679.
No total, 12 navios e 9 helicópteros foram mobilizados para verificar se há alguém no mar, segundo o porta-voz da capitania de Livorno, Emilio Del Santos.
A capitania de Livorno, o maior porto da Toscana, anunciou a abertura de uma investigação sobre a causa do acidente e como os passageiros foram resgatados.
A “caixa-preta” do navio, dispositivo com o registro da sua trajetória, já foi encontrada e está sendo examinada. Francesco Verusio, procurador-chefe de Grosseto, disse que o exame deve estar pronto em dois dias.
Comunicado
Veja, a seguir, a íntegra da nota divulgada pela empresa Costa Cruzeiros neste domingo (15).
“Costa Concordia – 15 de Janeiro 2012 – 20:15h
Genova, 15 janeiro 2012 – Costa Crociere reitera sua profunda dor pelo terrível acidente que atingiu seus entes mais caros : seus hóspedes, seus funcionários, seu próprio navio; e se desculpa pelo sofrimento e o desconforto que estas pessoas passaram, desejando pêsames às famílias das vítimas verificadas.
Em todo o mundo, cerca de 1.100 pessoas da Costa Crociere estão trabalhando na gestão deste terrível acidente desde a noite de sexta feira. Nossa prioridade foi dar suporte às operações de salvamento e assistência aos hóspedes e à tripulação, conduzindo-os em segurança de volta às suas próprias residências.
As operações de busca e salvamento prosseguem, coordenadas pela Guarda Costeira e as autoridades italianas. Infelizmente confirmamos que ainda há desaparecidos e, vista a evolução da situação, não nos é consentido fornecer mais dados a respeito.
O Comandante Francesco Schettino, que ocupava o comando do Costa Concordia, ingressou na Costa Crociere em 2002 como oficial responsável pela segurança e depois de ter sido imediato, foi promovido a Comandante em 2006. Como todos os comandantes de nossa frota, participou de programas regulares de atualização e treinamento, superando positivamente todas as etapas de avaliação previstas.
Como já amplamente publicado, a Magistratura, com a qual Costa Crociere está colaborando, determinou a detenção do Comandante, contra o qual foram feitas graves acusações. Pareceria que o comandante tenha cometido erros de juízo que trouxeram graves conseqüências : a rota percorrida pelo navio muito próxima da costa, e aparentemente suas decisões na gestão da emergência não tenham correspondido aos procedimentos da Costa Crociere, que se alinham, e em alguns casos superam, os padrões internacionais.
Costa Crociere opera em pleno respeito às normas de segurança e se orgulha do empenho de seus funcionários à gestão da segurança dos hóspedes.
Todos os membros de sua tripulação são portadores de um certificado BST (Basic Safety Training), são capacitados e formados para a gestão de emergências e assistência aos hóspedes na hipótese de abandono de navio, através de numerosas exercitações. Funções, responsabilidades e deveres são claramente definidos e designados para consentir a gestão de situação de tamanha importância.
Todos os membros da tripulação passam por exercício de abandono do navio a cada duas semanas. Para todos os hóspedes do cruzeiro é promovido um exercício de salvamento em suas primeiras 24 horas a bordo, conforme determina a lei. Costa Crociere adota um sistema computadorizado de controle, que permite certificar que todos os hóspedes tenham participado de tal exercício.
A capacitação dos membros das tripulações da Costa Crociere é periodicamente controlada pelas Guardas Costeiras e demais entidades de classificação independentes alinhadas com os requisitos especificados no sistema SMS (Safety Management Systems).
A bordo do Costa Concordia e de todos os navios Costa estão disponíveis coletes salva vidas, lanchas e botes em numero superior ao máximo de pessoas que podem ser hospedadas pelo navio. As lanchas são dotadas de reservas de água e alimentos, pronto socorros portáteis com medicamentos, e instrumentos de sinalização e comunicação que permitem aguardar em segurança a chegada de socorro. As lanchas são objeto de minuciosos controles por parte da equipe do navio e dos órgãos de certificação. Todos os navios Costa Crociere são certificados pela RINA e são construídos de acordo com os mais altos padrões e tecnologia.
Ocorrido o acidente, Costa Crociere interveio imediatamente para impedir um potencial impacto ambiental e, desde sábado passado, conta com o suporte da Smit & Salvage, empresa líder no mundo neste setor, com quem está definindo um plano de ações. As mais imediatas consistem em realizar uma barreira de contenção ao redor do casco do navio.
A Magistratura determinou o arresto do navio e da VDR – a chamada “caixa preta”. Costa Crociere portanto doravante terá acesso ao navio apenas mediante autorização das autoridades.”
Fonte: G1
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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