Comunidade Ruy Frazão: a ocupação organizada como um condomínio
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
Disciplina. Esta é a palavra de ordem da Comunidade Ruy Frazão. Falando assim, não parece tratar-se da ocupação do Movimento de Libertação dos Bairros, Vilas e Favelas, o MLB, que ostenta a sua bandeira em terreno pertencente à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desde 29 de janeiro.
Nessa quarta-feira (29), a Ruy Frazão comemorou um mês de resistência com um bolo, mesmo sabendo sobre a decisão judicial de reintegração de posse para a União. Segundo a Justiça, eles deveriam desocupar o terreno até esta sexta-feira (2). “A UFPE está mostrando solidariedade com os moradores. Ficou decidido em reunião que eles entrariam com uma petição na Justiça para adiar o prazo, pedindo mais trinta dias”, disse Graça Alves, uma das coordenadoras do MLB.
Mesmo após o prazo, os moradores não pretendem deixar a comunidade. “O terreno estava inutilizado há 20 anos. Na verdade, lutamos para que seja construído aqui o Conjunto Habitacional Ruy Frazão, dando uma casa a cada família. Já enviamos cartas a Dilma Rousseff e Eduardo Campos solicitando”, apontou Graça.
A VIDA – Ao passar pelo portão de entrada, diariamente, Essília Maria Brito, 70 anos, tem que identificar-se e fornecer o número do seu barraco. Uma das inúmeras idosas da comunidade diz que procurou o movimento porque sempre teve o sonho de de morar sozinha. Ela vivia com dois dos seus doze filhos no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife.
O mesmo faz Sulamita Ramos, que mora com o marido e uma filha adolescente em um lote de 30 metros quadrados que abriga o único barraco vermelho da Ruy Frazão. “Meu apê fica na Rua da Vitória. Aqui, todos ganham muitas coisas, é só alegria!”, brincou Sulamita. Ela morava em “quartinhos” em favelas de Olinda, no Grande Recife.
A identificação ao entrar na Ruy Frazão é só o primeiro indício da organização dentro da comunidade. Todos os dias, à noite, os moradores obedecem a uma escala de trabalho para realizar rondas de segurança. Durante o dia, para os que não trabalham, há mutirões de limpeza das ruas e de construção dos barracos. Outro compromisso para os moradores é a realização de assembleias para discutir a evolução das atividades.
As ruas da ocupação, de nomes como sucesso, vitória e progresso, receberam dois mutirões nesta quinta-feira (29): de limpeza e de recuperação da creche comunitária, onde a lona estava sendo costurada. Além de receber as crianças, o espaço de funcionamento da creche também recebe palestras e oficinas. Os próximos eventos agendados abordarão a violência contra a mulher e a adoção de banheiros secos pelos moradores.
O INÍCIO – “É preciso muita coragem para vir. No começo, é difícil, mas depois você passa a amar a comunidade pela solidariedade dos vizinhos e pela segurança. Antes, para pagar aluguel, eu deixava de colocar comida na mesa”, explica Sulamita o motivo pelo qual escolheu viver na comunidade.
“Não tem casa de alvenaria, não tem polícia, mas fazemos questão de manter a segurança e não deixamos uma moradia ficar amontoada na outra, por exemplo”, diz a dona do barraco vermelho, fazendo questão de ressaltar, como os outros moradores, que a Ruy Frazão não é uma favela.
Assim como Sulamita, a maioria dos ocupantes vivia de aluguel em favelas na Região Metropolitana do Recife ou em casa de parentes. Antes da ocupação, houve um cadastramento para decidir quantas e quais famílias participariam. Foi uma iniciativa do Movimento de Libertação dos Bairros, Vilas e Favelas, iniciando a procura por candidatos há sete meses.
Quando as 350 famílias foram selecionadas, passaram por um trabalho de disciplina para entender o regulamento da Comunidade Ruy Frazão. Os moradores deveriam entender que não poderiam consumir bebidas alcoólicas, usar drogas, brigar ou praticar violência doméstica. Caso não cumpra as regras, a família perde o cadastro.
Fonte: NE10
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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