Corte no juro básico estaria perto do fim, avalia a Febraban
A injeção de R$ 30 bilhões no sistema financeiro, depois da redução dos depósitos compulsórios dos bancos anunciada pelo Banco Central (BC) na última sexta-feira (14), indica que o ciclo de redução da taxa básica de juros, a Selic, estaria chegando ao fim.
A avaliação é da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que em informativo divulgado ontem diz que a liberação dos recursos recomendaria “alguma parcimônia adicional” na decisão futura sobre os juros.
Por isso, diz a nota, “aumentaram as chances de a Selic permanecer nos atuais 7,5% ao ano por um período razoável de tempo”. Para a Febraban, “as atenções do mercado agora devem voltar-se para o comportamento da inflação num quadro de retomada da economia e de um cenário externo um pouco mais favorável”.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, também acredita que a liberação dos compulsórios reduz as chances de uma nova queda da Selic. Segundo ele, parte do dinheiro liberado pelo BC deve ser aplicado em títulos públicos, e outra, direcionada para o setor privado, na forma de concessão de crédito e compra de títulos de dívida privada. Com isso, o economista espera aumento da concessão de crédito e da concorrência entre os bancos. “Se esse novo crédito for concedido com análise criteriosa, viria acompanhado de uma melhora nos índices de inadimplência.”
Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, o afrouxamento do compulsório visa a socorrer os bancos de menor porte, que continuam com dificuldades para captar recursos. “Os grandes bancos podem voltar a comprar carteiras de crédito dos bancos menores. Comprar carteiras, que pagam entre 120% e 130% do CDI, é um negócio muito lucrativo, desde que feita uma boa avaliação do risco desses créditos.”
A liberação de R$ 30 bilhões de depósitos compulsórios foi uma reação do governo à freada no crescimento e na queda de custos dos empréstimos. Os dados mais recentes do BC mostram que o volume de crédito dos bancos públicos subiu 1,5% em julho, enquanto, o setor privado apresentou uma leve retração de 0,1%.
Já a taxa cobrada nos empréstimos a pessoas físicas ficou, em média, em 36,2% ao ano, o menor patamar desde 2000. Dessa taxa, 28,4 pontos percentuais são spread bancário. Para a pessoa física, o spread caiu 5,3 pontos percentuais desde o início do ano, e os juros, 7,6 pontos. Os bancos argumentam que a queda do spread é mais lenta por causa da inadimplência. Em julho, esta passou de 7,8% para 7,9%, o maior patamar desde 2009.
Em seu arsenal, o BC dispõe de um estoque de R$ 383 bilhões em depósito compulsórios — último número disponível. Mas esse volume já recuou em decorrência de outras medidas do BC, como a liberação de R$ 18 bilhões para os bancos financiarem automóveis.
Fonte: Diário de Pernambuco
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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