Demóstenes Torres pede desfiliação do DEM e diz que partido fez “pré-julgamento público”
O senador Demóstenes Torres (GO) pediu a desfiliação do DEM no começo da tarde desta terça-feira (3) após uma série de acusações de seu envolvimento com o empresário do ramo de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O ofício foi encaminhado ao presidente do partido, José Agripino Maia (RN). Assim, o processo de expulsão aberto ontem (2) pelo DEM deixa de existir. Com a decisão, Demóstenes permanece no Senado, mas sem partido.
Em resposta à cúpula do DEM, que lhe enviou um ofício avisando sobre a abertura do processo de expulsão, Demóstenes escreveu em seu pedido de desfiliação que discorda “frontalmente da decisão” e que o partido fez “um pré-julgamento público” do seu caso.
Agripino nega que tenha havido pré-julgamento. Segundo ele, foi dado a Demóstenes prazo de uma semana para defesa. “Coisa que ele nunca fez”, afirmou o presidente da legenda. “Para nós isso é um assunto superado e agora o Conselho de Ética do Senado que vai tratar disso”, disse Agripino Maia.
“O Democratas mostra assim que é um partido diferente dos outros, que não passa a mão na cabeça de ninguém. Agimos com rapidez e fica o exemplo: nenhum membro do partido que for pego em situação semelhante terá condescendência”, completou o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA). “O partido está aliviado com decisão.”
Segundo análise do colunista Fernando Rodrigues, o argumento de Demóstenes para pedir a desfiliação visa proteger seu mandato: com a alegação de que estaria sendo perseguido internamente pela legenda, e que sofreu condenação do partido antes mesmo de se defender, ele poderia se livrar da resolução que disciplinou a chamada fidelidade partidária. “O argumento é temerário. Essa estratégia de Demóstenes é idêntica à usada (sem sucesso) por José Roberto Arruda, que foi governador de Brasília e acabou perdendo o mandato”, diz Fernando Rodrigues.
Relembre o caso Demóstenes
A relação entre Demóstenes e Carlinhos Cachoeira começou a ser divulgada pela imprensa dias após a deflagração da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que resultou na prisão de Cachoeira e mais 34 pessoas no final de fevereiro. Inicialmente, Demóstenes foi acusado de receber presentes caros de Cachoeira em seu casamento, mas negou conhecer as atividades ilegais do empresário.
Vazamento de interceptações telefônicas colhidas pela Polícia Federal mostraram, no entanto, que além de conhecer a atuação de Cachoeira, Demóstenes também participava do esquema, interferindo a favor do empresário em assuntos políticos e obtendo em troca o repasse de dinheiro resultante da exploração do jogo ilegal em Goiás.
Com as acusações, Demóstenes se recolheu em seu gabinete. Em seu microblog Twitter, o senador disse que não integrava nenhuma “organização ilegal”.
Com o risco de ser cassado, o senador estuda a hipótese de renunciar ao mandato, mas retarda sua decisão por receio de perder a prerrogativa de foro privilegiado –renunciando à cadeira no Senado, o inquérito não seria mais julgado pelo STF. Além disso, caso seja cassado ou renuncie ou mandato, Demóstenes corre o risco de ficar inelegível até 2017.
Fonte: Uol Notícias
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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