Dependente precisa dar um passo de cada vez
Admitir problemas com drogas é o início de um longo caminho de progresso até a recuperação. Chama-se de adicto aquele que tem dependência química e essa doença só pode ser identificada quando aceita pela própria pessoa. Segundo a irmandade de caráter mundial dos Narcóticos Anônimos (NA), o adicto perde o orgulho, a autoestima e, até mesmo, o desejo de viver. Esses sentimentos ficam escondidos e por vezes esquecidos num “inferno” particular que só tende a aumentar e tornar mais profundo. A fé e a crença em uma força superior muitas vezes se transformam num estepe na busca incansável pelo controle da dependência. A situação é mais complicada no caso em que as vítimas das drogas são mulheres por conta da ligação direta com a prostituição, aumentando ainda os riscos de contaminação por doenças venéreas. A vontade de consumir droga anula qualquer outra coisa. Normalmente, em casos em que a família não abandona o adicto, ele é levado para clínicas de reabilitação ou até para comunidades terapêuticas na expectativa de que consigam retomar à vida.
A curiosidade pelo mundo das drogas começou cedo. Com apenas 12 anos Paula Victor experimentava loló. Hoje com 32 anos, ela já passou por inúmeras internações para tratamento da dependência química. Maconha, cocaína e crack foram as drogas mais frequentes. “Muitos morrem por conta das drogas, me considero um milagre”. E foi agarrada na expectativa de recuperação que Paula, em parceria com o pai, Paulo Victor, abriram a Comunidade Terapêutica Reviver. Em um casarão, localizado próximo à orla de Paulista, essa entidade é específica para tratamento de mulheres. Lá, assim como em várias instituições do mundo, é utilizada a metodologia Minnesota, que é baseada na teoria dos 12 passos, assim como é feito no NA e AA. Essa programação está diretamente à espiritualidade que, neste caso, acontece independente de religião.
Na teoria dos 12 passos, os dependentes químicos são colocados à prova com a meta de 24 horas sem usar droga. A diretora da Reviver, Paula Victor, complementa informando que a metodologia caracteriza a recuperação como um dia de cada vez. “Nosso lema é que ‘Só por hoje, não vou usar drogas’. E, então, esperamos as próximas 24 horas para renovar esse lema”. Na Comunidade Reviver, o trabalho é realizado com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, além dos conselheiros terapêuticos e monitores que são pessoas que também são adictos em recuperação. “Nós conhecemos cada dor, cada angústia. Assim, estamos em casa um com os outros”. Paula afirmou ainda que somente um adicto em recuperação pode, de fato, ajudar outro adicto.
“Não falamos de um Deus específico, mas em ter fé. É preciso que as pessoas acreditem em uma força maior para retornar à sanidade”, explicou a conselheira terapêutica Bianca Breuel Gonçalves, 31 anos. A Comunidade Reviver conta com seis residentes com idades entre 13 e 60 anos. “Elas entram na programação, reaprendem a ter responsabilidades como arrumar o quarto e cozinha e também voltam a ter fé num poder maior para nos apoiar e viver um dia de cada vez”.
Retornar ao convívio social, especialmente ao da família, não é fácil. A bióloga Roberta dos Prazeres, de 34 anos, sabe das dificuldades. “Após a internação, tive a fé reascendida, eu queria me tratar”. O primeiro porre dela foi aos 6 anos, motivado pela curiosidade. “Aos 12 experimentei drogas mais fortes, mas o crack foi meu fundo do poço”. Depois de passar nove meses internada na comunidade Reviver e de conhecer a metodologia dos 12 passos, ela teve o resgate da fé. “Cavei meu espaço nas artes e estou construindo meu futuro. Acredito que isso ajuda mais e mais na minha ressocialização”.
SERVIÇO:
Comunidade Terapêutica Reviver (81) 3436-2587 / (81) 9829-8210 www.comunidadeterapeuticareviver.com
Fonte: Folha-PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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