Doentes, brasileiras vítimas do silicone francês perdem até R$ 30 mil com cirurgias

A veterinária Camila Torres da Silva Faldon, de 26 anos, mostra ressonância magnética que comprovou rompimento da prótese de silicone da mama esquerda. Ela pagou R$ 30 mil para retirar, colocar novas próteses e limpar o silicone

Desde que as autoridades francesas recomendaram, em 2010, a interdição do comércio dos implantes mamários da marca francesa PIP (Poly Implant Prothese), por elas terem mais chance de se romperem do que as demais, suas portadoras em todo o mundo mergulharam em um mar de dúvidas.

As indagações se transformaram em pânico quando foi comprovado recentemente que dentro dessas mesmas próteses continha silicone industrial.

O que, portanto, deveria ser feito? Retirar a prótese imediatamente ou só em caso de rompimento? Que efeito isso poderia causar à saúde? Quem pagaria a conta?

No Brasil, as tantas dúvidas ainda estão sendo discutidas pelos profissionais da área e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Mas vítimas brasileiras da fraude, entrevistadas pelo R7, tentam resolver seus problemas por conta própria.

“Pude pagar R$ 30 mil. E quem não pode?”

É o caso da veterinária Camila Torres da Silva Faldon, de 26 anos. Assim que ouviu falar dos primeiros alertas das autoridades francesas, foi atrás de respostas. Moradora da zona central de São Paulo, Camila colocou as próteses da marca PIP aos 22 anos para “realizar um sonho”. A escolha da marca foi por recomendação médica.

Ainda em 2010, ela descobriu que a prótese do lado esquerdo estava rompida, assim como a cápsula de fibrose que se forma normalmente em volta das próteses, espalhando o silicone para a axila esquerda, depois de muita insistência e exames. Mas até então não sentia nada. A cirurgia de troca foi realizada em junho do mesmo ano.

– Depois que eu troquei a prótese começou a doer do lado esquerdo, acho que porque teve que limpar todo o tecido. Meu cirurgião disse que existem pouquíssimos trabalhos na medicina que mostrem as consequências de ter esse silicone no linfonodo axilar. Então, disse para eu tomar remédio para dor, anti-inflamatório e se persistisse a dor, tiraria os linfonodos. Mas hoje não sinto mais nada.

A cirurgia de retirada das próteses, mais a limpeza do silicone e a colocação de novas custou a bagatela de R$ 30 mil para a veterinária e uma recuperação de oito meses.

– Eu tinha condição de fazer essa cirurgia e quem não tem e está com o material rondando por ai?

De acordo com o Ministério da Saúde, as brasileiras podem recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde), para fazer exames e, se houver recomendação médica, fazer a cirurgia.

Ainda segundo a Anvisa, o Brasil importou, ao todo, 34.631 unidades da marca PIP, das quais 24.534 foram comercializadas. As outras 10.097 próteses serão recolhidas e descartadas.

“Estou com uma doença sem cura”

A gaúcha Jany Simon Ferraz, de 54 anos, descobriu ainda em 2010 que estava não somente com a prótese direita rompida, mas com o silicone espalhado pelo corpo. O material chegou à axila e foi parar no tórax. Antes, a esteticista já havia se recuperado de um câncer de mama que culminou em uma dupla mastectomia (retirada de ambos os seios), em 2005, e na colocação das duas próteses da marca PIP, por recomendação de seu próprio cirurgião.

Sua cirurgia de retirada das próteses foi paga pela importadora das próteses no Brasil, a EMI, depois que de uma ação na Justiça. No entanto, seus gastos recorrentes com medicamentos, viagens a Porto Alegre para uma nova cirurgia e acompanhamento médico, não. Por isso ela espera a decisão de uma nova ação contra danos morais para arcar os mais de R$ 20 mil gastos.

– Estou com os linfonodos inchados, com inflamações e com hipereosinofilia [aumento na produção de glóbulos brancos], que me faz tomar corticoides e remédios para dor. Não consigo mais trabalhar direito porque tenho que passar por supervisões médicas em Porto Alegre.

Jany descobriu o problema autoimune após laudo médico de 21 de dezembro de 11, dado por sua oncologista, a que o R7 teve acesso. Nele, a médica afirma que o quadro surgiu após o rompimento da prótese.

“Anvisa me ignorou”

Antes de entrar com a ação, as advogadas de Jany entraram em contato com a Anvisa por e-mail, pedindo reparação, e só recebeu um e-mail com número de um protocolo. Segundo as advogadas Marina Ferrari e Sandra Loch Moreira, foi a “única resposta” do órgão sanitário.

Questionada, a Anvisa afirmou que o número de notificações informadas até o fim do ano passado era inferior à estatística esperada e que, portanto “o caso dessa senhora era fora da curva”, disse o diretor-adjunto da agência Luiz Roberto Klassmann. Segundo a agência, 94 casos haviam sido notificados.

– Entre 2010 e dezembro de 2011 não tínhamos o número de casos fora do esperado no Brasil porque existe uma quantidade de rompimentos de bolsas de silicone, uma possibilidade de que se tenha o problema na peça e não fugia do esperado, não era estatisticamente significativa.

Entretanto, no mês passado a agência havia afirmado que o Brasil não tinha notificação de vítimas até então.

“Minha vida não caminha”

A artista plástica Denise Barreta, de 56 anos, é outra brasileira que ainda sofre problemas de saúde, depois de descobrir que sua prótese da PIP estava rompida, ainda em 2010. Ela precisou abandonar compromissos profissionais e pessoais por causa da cirurgia de remoção e de outra que precisou ser feita para retirar as sobras de silicone.

– Sinto dor, meu seio fica quente, existe processo inflamatório sim, mas não tomo medicação.

Ela colocou as próteses da PIP em 2007 por recomendação de seu cirurgião, mesmo querendo usar de outra marca. Em 2010 resolveu voltar ao médico após sentir uma bola dolorida na axila esquerda. A prótese de silicone estava rompida (observe a foto acima) e a recomendação foi sua retirada imediata.

Em uma última ressonância magnética, foi comprovada que seus linfonodos continuam inchados e que ainda tem silicone na região da axila, o que poderá ser retirado em uma nova cirurgia.

– Minha vida não caminha, a cabeça fica a mil, porque você pensa: “Até que ponto não vou ter sequelas no futuro? Ou se é que não estou. Qual é o mal que esse produto pode estar fazendo, que silicone é esse?”

Denise teve de deixar de frequentar aulas em um ateliê, de visitar a filha em Londres e de mudar-se do Rio Grande do Sul (é natural de Santo Ângelo) para o Rio em 2010 por causa das consequências do pós-operatório. Ela se mudou só em 2011.

Hoje Denise processa a EMI e aguarda resolução da ação por danos morais e de ressarcimento da cirurgia. A importadora não respondeu aos contatos da reportagem.

Fonte: R7

 

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