Em Pernambuco, 247 detentos fazem as provas do Enem
Em Pernambuco, 247 detentos estão inscritos para realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nesta terça (4) e na quarta-feira (5), em seis unidades prisionais da Região Metropolitana e interior. Em relação ao ano passado o número de presos que serão avaliados triplicou, já que em 2011 foram 81 inscritos.
Vinte e uma presas da Colônia Penal Feminina, localizada no bairro do Engenho do Meio, Zona Oeste do Recife, estão realizando o exame. Fiscais da Cesgranrio vão à unidade fiscalizar a prova e garantir que o sonho de algumas reeducandas fique um pouco mais perto da realidade.
Neste primeiro dia, são respondidas questões de Ciências Humanas e Ciências da Natureza em quatro horas e meia de prova. Na quarta (5), são questões de Linguagens e Códigos e Matemática, além da Redação, em cinco horas e meia de exame. A prova regular foi aplicada nos dias 4 e 5 de novembro para todo o Brasil. Chegou a vez das unidades prisionais do país e esta é a quarta vez que o Enem é aplicado na Colônia Penal Feminina do Recife.
No total, 740 mulheres estão em regime fechado na unidade. Delas, apenas 21 optaram por testar seus conhecimentos e tentar uma vaga em alguma universidade. “Só são 21 porque não há muitas mulheres aqui que concluíram o Ensino Médio. E também abrigamos pessoas já formadas”, explica Fátima Vasconcelos, funcionária do setor de Laborterapia da Colônia Penal.
Não é o caso de Patrícia Roberta, de 26 anos. Ela está presa desde maio de 2011 por tráfico de drogas e, aos 27 anos, vai fazer o Enem pela primeira vez dentro do centro de detenção. Priscila está bem consciente do que quer para si. “Eu quero ter um futuro melhor, tenho muitos planos na minha vida. Quando eu sair, espero que as portas estejam abertas para realizar todos os sonhos que eu já tinha na rua. Não só pra mim, mas pra todas”, afirma, contando que pretende cursar Direito.
As detentas na Colônia Penal Feminina são reeducandas sumariadas, ou seja, estão aguardando decisão judicial sobre a sentença. Lá, elas podem contar com aulas do Ensino Fundamental através da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O interesse e assiduidade às aulas é completamente voluntário, mas três dias de estudo ou trabalho descontam um dia na pena. “É o tipo da coisa que elas não são obrigadas a fazer mas elas se interessam muito”, diz Eliande Andrade, diretor da Escola Olga Benário Prestes, que funciona dentro da unidade.
Patrícia, no entanto, reconhece que a ansiedade é um empecilho na hora de estudar. Em 2011, ela não realizou o exame porque era recém-presa e não estava acostumada com a rotina. “A gente não pensa muito no começo. Só quer ir embora, embora, embora. A ansiedade é muito grande aqui dentro, o tempo todo. Mas como eu já tive minha audiência, já estou mais tranquila. Sou ré confessa e já sei mais ou menos o meu resultado e não tenho mais tanta expectativa de ir embora agora”, explica.
As detentas que forem aprovadas em alguma universidade que exija segunda fase, poderão ser escoltadas e fazer a prova no local determinado. Caso haja aprovação final, um juiz autoriza a saída para estudo e disponibiliza escolta para que a presa possa assistir as aulas. Se Patrícia passar, já sabe bem o que vai fazer. “Se realmente acontecer, vou agarrar a oportunidade com força”, diz, para finalizar: “Sonho a gente tem muito”.
O resultado do Enem realizado nas unidades prisionais será divulgado no dia 28 de dezembro.
Fonte: G1 PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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