EUA vão dar imunidade a alguns jovens imigrantes ilegais

Um imigrante participa de um protesto no dia 1 de maio, em Los AngelesFoto: ReutersWASHINGTON — A Casa Branca anunciou nesta sexta-feira a suspensão imediata da deportação de jovens imigrantes ilegais sem histórico criminal que tenham chegado aos EUA quando crianças ou adolescentes e que não ofereçam riscos para a segurança pública e nacional. O grupo ainda vai ganhar visto para trabalho. A mudança é vista como uma resposta ao influente eleitorado latino no país, que até agora vinha se mostrando contrário às políticas de deportação do governo Barack Obama.

— Eles são americanos em seus corações, em suas mentes, em todos os sentidos, menos em um: no papel. Ponham-se no lugar deles. Imagine que você tenha feito tudo certo em toda a sua vida… Só que de repente enfrenta a ameaça de deportação. Não tem sentido expulsar jovens talentosos em todos os sentidos, que foram criado como americanos. A partir de agora, o Departamento de Segurança Interna está dando o primeiro passo para tirar a sombra da deportação da vida destes jovens. Somos uma nação melhor do que aquele que expulsa crianças inocentes e jovens — afirmou, durante discurso na Casa Branca.

A nova política deve afetar 1,4 milhões imigrantes ilegais, de acordo com uma estimativa do Pew Hispanic Center, além de responder a alguns dos objetivos do chamado Dream Act, um projeto há tempos debatido, mas nunca colocado em prática, para dar cidadania a jovens que entraram ilegalmente nos EUA, mas ingressaram em universidades ou serviram ao Exército americano. Durante o anúncio, Obama também pediu que o Congresso atue para oferecer melhores garantias aos jovens sem documentos, já que a medida é provisória.

Lei não pode ser considerada anistia

— Nos fortalecemos por ser uma nação de imigrantes. Digo repetidas vezes para o Congresso: enviem-me o Dream Act, coloquem-o na minha mesa, e eu vou passá-lo adiante imediatamente.

“As leis de imigração da nossa nação devem ser asseguradas de maneira firme e sensível”, disse em comunicado a secretária de Segurança Nacional Janet Napolitano. “Mas elas não devem ser feitas para punir cegamente sem consideração a circunstâncias particulares de cada indivíduo. Nem devem ter como objetivo devolver jovens produtivos a países nos quais eles nunca viveram ou dos quais sequer falam a língua. Discrição, que é usada e tantas outras áreas, é especialmente justificada aqui.”

— Essa concessão de uma ação protelada não é imunidade, não é anistia — afirmou Napolitano a repórteres em uma teleconferência logo após o anúncio. — Ela vai nos ajudar a continuar a aperfeiçoar a imigração e garantir que recursos não sejam gastos na busca da remoção de casos de baixa prioridade que envolvem jovens produtivos.

O anúncio da nova política de imigração de Obama foi feito uma semana antes do encontro do presidente com a Associação Nacional de Autoridades Latinas Eleitas e Indicadas, na Flórida. O republicano Mitt Romney, que deve sofrer mais tensão ainda por causa de suas políticas sobre os imigrantes, também deve falar ao grupo, na quinta-feira que vem. Ainda nesta tarde, Obama deve explicar as novas mudanças em um pronunciamento na Casa Branca.

O governo quer dar imunidade a imigrantes ilegais que entraram no país antes de completar 16 anos e têm menos de 30 atualmente. Eles ainda devem comprovar que estão nos EUA há mais de cinco anos contínuos, não têm histórico criminal, são formados em uma escola americana ou serviram ao Exército. Os imigrantes que cumprirem estes critérios poderão escapar da deportação e receberão um visto de dois anos, sujeito à renovação. Eles também poderão se candidatar a um visto de trabalho de dois anos, que poderá ser renovado infinitas vezes.

A nova lei, no entanto, não garante um caminho para a cidadania americana, retirando apenas a ameaça de deportação e dando oportunidades de trabalho legal.

“Muitos desses jovens já contribuíram para o nosso país de maneira significativa”, escreveu Napolitano.

O republicano Lamar Smith, presidente da comissão do Poder Judiciário do Congresso, se apressou em criticar a nova medida. Ele disse que a decisão de Obama é “uma violação da fé” e que vai ter “consequências horríveis” para os desempregados americanos.

A inédita mudança acontece em ano eleitoral, e o voto hispânico promete ser decisivo nas disputas em Nevada, Flórida e Colorado. Apesar de ter a maioria do apoio dos latinos, o entusiamo dos hispânicos com o democrata caiu com a lenta recuperação econômica, a falta de capacidade de Obama em conseguir apoio no Congresso para avanços na política de imigração e a política até então agressiva de seu governo em relação à deportação.

A nova medida é anunciada um ano depois de o governo divulgar que iria focar as deportações em casos de criminosos perigosos, imigrantes que são vistos como ameaça à segurança nacional e casos de grave violação das leis migratórias.

Fonte: O Globo

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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