Ex-morador de rua, artista e fã de música clássica, morre como exemplo de vida

Seu David, mesmo acometido de muitas dores, nunca deixou o sorriso de lado (Teresa Maia/DP/D.A.Press)A obra de Seu David ficou incompleta. Os ajustes nas cores e o desenho do carro de boi não seguiram o cronograma. Faltou-lhe ar no meio do trabalho. David Wilibaldo de Luna, aos 57 anos, completou a sua luta e, no final da noite desta segunda-feira (17), despediu-se, afinal. O homem que morou nas ruas do Recife por 40 anos foi paciente terminal da Casa de Cuidados Paliativos do Hospital Pedro Segundo, no bairro dos Coelhos. Sorrindo, resistiu, por cinco meses, ao fardo imposto por um câncer de pulmão, que já lhe tomava os ossos. A mensagem que tentava deixar na tinta acrílica de seus últimos quadros era mais do que clara na história de quem alguma vez o ouviu falar sobre música clássica ou geografia mundial: em seus últimos dias, numa cama de hospital, Seu David descobriu a felicidade que tantos buscam, nas coisas simples que tantos têm.

Da solidão que o acompanhou durante boa parte da vida, ficou apenas a história. Ao seu lado, várias pessoas acompanharam seu último sono, interrompido por uma insuficiência respiratória. “Estou com medo. Não ‘fico’ até amanhã. Quero dar tchau”, disse. Diálogo esperado. Nem por isso, menos amargo. Junto ao corpo, seu David recebeu flores. O rosto foi afagado por diversas mãos. De amigos conquistados no período de internação, foi cumprimentado com lágrimas. Já há saudades. A dona de casa Lenira Vasconcelos, de 54 anos, conheceu a história de vida do artista das ruas por acaso. Desde então, fez, de cada domingo, um compromisso e um reencontro. “Justo neste final de semana, tive que ficar com meus netos e não vim vê-lo. Era para eu ter dado um jeito, meu Deus”, lamenta, entre lágrimas. Assim foi o cenário durante toda a tarde, enquanto acompanhantes de outros pacientes, voluntário e equipe médica do Imip se revezavam para prestar suas homenagens de adeus.

Da família, nenhum dos cinco irmãos estiveram presentes no velório. A probabilidade de que nem saibam é grande, já que o último contato foi feito há 30 anos. Apenas uma prima, a vendedora Gerusa Holanda, 58, acompanhou o cortejo. “Quando estava com saúde, ele ia na casa da minha mãe almoçar aos domingos. Não iria morar com a gente porque ele tinha medo. Não queria morar com ninguém desde que fugiu de casa porque apanhava muito do padrasto, quando morava em Escada”, conta. Sem abrigo, Seu David passava o resto de seus dias no entorno do Camelódromo, no Centro do Recife. Com ajuda de comerciantes, mantinha uma coleção de discos de vinil, fitas K7 e um enciclopédia Barsa, que completou, informalmente, boa parte de sua educação, concluída apenas até a segunda série.

Com uma exposição de seus trabalhos promovida pela equipe médica, em junho deste ano, Seu David recebeu encomendas de quem se comoveu com sua história. A criação com tinta acrílica em grandes telas brancas foram retomados há duas semanas. A paisagem, incompleta, deve figurar na sala da administradora Veruska Marques, 36. “Eu queria o quadro de qualquer forma possível. Ele é uma inspiração”, resumiu. Os demais quadros não concluídos pelo artista completavam a despedida, marcada por música clássica, conforme seu desejo. Entre as composições, a peça “David Davida”, composta em sua homenagem. “Estive com ele até as últimas horas. Ele me ensinou muito. Dizer adeus dói”, conta o compositor Cláudio Almeida.

O final de David Wilibaldo estaria escrito em qualquer diagnóstico médico ao qual pudesse recorrer. Fazendo do cigarro alimento e companhia, o artista era candidato ideal para engrossar as estatísticas de um dos mais letais tipos de câncer, que atinge 18 a cada 100 mil homens todos os anos e responde por 12,7% de todas as variações da doença. Seu destino, no entanto, fez questão de mudar. Educou-se sozinho. Fez-se artista, sem recursos. Conquistou notoriedade por sua inteligência e pelo sorriso com o qual desdenhava da própria enfermidade. De sua morte, fica o exemplo de buscarmos ser tão cultos quanto um morador de rua, tão sonhadores quanto os que nada têm e t&˜o corajosos quanto os que nada perdem. Talvez assim possamos ser tão humanos quanto se possa ser.

Fonte: Diário de Pernambuco

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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