Sacrifício pessoal como prova de arrependimento dos erros ou de controle das paixões. Essa é a principal finalidade da penitência praticada por muitos fiéis durante a Quaresma – período de 40 dias a partir da Quarta-feira de Cinzas e que antecede a Sexta-feira da Paixão. O sacramento, porém, não se resume à abstenção de carne, mas de quaisquer prazeres, como bebida alcoólica, refrigerante, doces, cigarro, sexo, jogo, ou ainda, hábitos como assistir televisão ou ir ao shopping.

Desde o fim do Carnaval a aposentada Ledilma Ribeiro Lima, de 67 anos, não toma bebida alcoólica, principalmente vinho. Ela também parou de tomar café. Voluntária do projeto Frei Damião da Igreja de São Félix, no Pina, Zona Sul do Recife, a ministra de Eucaristia acredita que quanto maior o sacrifício mais agradável é a Deus. “O amor de Deus é tão grande que ele usa dessa penitência, que não vale nada para ele, como meio de transformar os corações dos homens”.

Quando adolescente, como tinha mais disposição e saúde, dona Dilma lembra que fazia jejum de 24 horas. “Eu já passei o dia inteiro sem comer, mas hoje não posso porque tenho pressão alta”, explica. Por ser atuante nas atividades da Igreja, ela conhece pessoas que fazem penitência de várias maneiras: “Tem fiéis que ficam sem assistir televisão, outros não comem chocolate. Há ainda quem fique sem comer carne durante todas as sextas-feiras da Quaresma”.

Em Campina Grande, na Paraíba, a estudante de farmácia, Larissa Fernandes, 21, abriu mão do alimento de que mais gosta como forma de sacrifício quaresmal. Abstendo-se do pãozinho de cada dia, Larissa arrumou para si um desafio na hora de construir suas refeições, sobretudo matinais e noturnas. “É muito difícil fazer isso aqui em casa. Parece que só tem pão toda hora à minha volta”, brinca. Mas explica: “Na minha casa temos uma rotina muito corrida, então precisamos de refeições que sejam mais práticas, com queijo assado e presunto. Como comer isso sem pão? O jeito é se virar na bolacha ou substituir por uma fruta quanto estou sem paciência pra fazer algo mais elaborado, como cuscuz”.

Há seis anos, a estudante pratica o jejum no período da Quaresma como forma de penitência de seus pecados. Católica, ela sempre opta por renunciar àquilo de que mais vai sentir falta no cotidiano. “O jejum de coisas materiais ou comida vem acompanhado de mudanças de atitude que eu procuro ter. Vejo a abstinência de algo que eu goste como uma forma de penitência e as mudanças de atitude são minha conversão”, explica.

O ano de 2012 para Ana Claudia Maria Vasconcelos, 45, que mora em Fortaleza, no Ceará, será o terceiro de uma penitência, que para ela, é bastante difícil: conseguir largar o vício do refrigerante.

Ela conta que diariamente toma de 600 ml a um litro de refrigerante, não importa qual marca ou sabor. “A gente vai bebendo de pouquinho em pouquinho, naqueles copos de plásticos descartáveis, que dois goles já acabou. E no trabalho, então, a situação é mais complicada ainda”, afirma.

É por isso que, durante os 40 dias que antecedem a Páscoa, a penitência se torna o período de provação. “Muita gente larga o cigarro, pára de beber bebidas alcoólicas, deixa de comer certos tipos de alimento, mas para mim, deixar de beber refrigerante por 40 dias, é a minha penitência, meu maior sacrifício”, afirma.

E, segundo ela, o que não faltam são tentações. “O aniversário da minha mãe, do meu pai e de alguns colegas quase sempre coincidem com esse período, então é festa regada a refrigerante, e eu só negando, agradecendo e preferindo a minha água ou meu suco”, afirma.

Além do jejum, a penitência também se revela por atos como vigílias e peregrinações, transformando-se em momento de reflexão e conversão espiritual. Ela também pode ser feita como forma de agradecimento por uma graça recebida. A Igreja Católica propõe, ainda, outras duas linhas de ação: a oração e a prática da caridade.

Fonte: NE10

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)