Greve tem adesão de pelo menos 7 em cada 10 professores em universidades da região Norte
Na região Norte, a adesão à greve das universidades federais chega a, pelo menos, 70% do contingente, segundo os sindicatos das categorias. No Pará e Amapá, por exemplo, a paralisação nas instituições dos dois Estados atinge, sobretudo, os alunos da graduação. A situação se repete nas outras instituições da região Norte, tais como Ufac (Universidade Federal do Acre), Unir (Universidade Federal de Rondônia), Ufam (Universidade Federal do Amazonas e UFRR (Universidade Federal de Roraima)
Na UFPA (Universidade Federal do Pará), a maior das instituições, o comando grevista estima que 80% dos professores tanto da capital quanto dos campi do interior aderiram à greve iniciada há quatro dias.
A paralisação só não atingiu institutos que tradicionalmente não param, como o de geociências e o de biológicas, além dos cursos de pós-graduação e dos laboratórios. Atualmente, a instituição tem aproximadamente 1.600 docentes e cerca de 32,1 mil estudantes se graduando.
Além de cobrar o governo federal, os professores da UFPA querem, por exemplo, remuneração integral de quem está afastado para se capacitar e que a orientação de trabalhos, participação em bancas examinadoras e comissões de avaliação sejam computadas como parte da carga horária. Hoje, só se considera a sala de aula.
A pauta nacional, segundo o Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), é a luta pela reestruturação da carreira de docente e por melhores condições de trabalho.
Ufopa
Na Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), a estimativa é que 70% dos cerca de 180 professores estejam parados. A greve atinge o campus em Santarém e os campi de Alenquer e Itaituba. O vice-presidente do Sindicato dos Docentes da Ufopa, Enilson Souza, disse que a expectativa é chegar a 80% até o final de semana.
O modelo de ingresso, através do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), é, inclusive, um dos principais pontos da pauta própria da Ufopa. Para o sindicato, é preciso aprimorar o modelo para que as deficiências do ensino médio local não prejudiquem os estudantes do oeste paraense.
Na Ufra (Universidade Federal Rural da Amazônia), duas das principais preocupações são o déficit de professores e a precária infraestrutura dos cursos ofertados fora da capital paraense. O Sindicato dos Docentes da Ufra realizou uma assembleia em que pediu o apoio dos estudantes para cobrar melhorias. A estimativa da Sindufra é que a adesão docente já tenha alcançado 90%. Segundo o professor Benedito Santos, da coordenação, a paralisação atinge todos os setores.
Já na Unifap (Universidade Federal do Amapá), onde estudam cerca de 7 mil alunos, a paralisação é de 100% em ensino, pesquisa e extensão, segundo o diretor do Sindicato dos Docentes, Paulo Cambraia.
Unir, Ufac, UFRR, Ufam
De acordo com levantamento do UOL, 70% dos estudantes da Ufac (Universidade Federal do Acre), da UFRR (Universidade Federal de Roraima), da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e da Unir (Universidade Federal de Rondônia) estão sem aulas. Nestas duas últimas, a paralisação já atinge os campi no interior dos Estados. Procuradas, as reitorias das quatro universidades não quiseram comentar as paralisações.
No Amazonas, houve uma manifestação de estudantes a favor da paralisação. Funcionários da Ufam também se mostraram favoráveis ao movimento grevista dos professores e reivindicam reajuste de salário de pelo menos 7,5%. A reforma de unidades da instituição localizadas no interior também está na mesa dos servidores e professores.
Já em Rondônia, pelo menos cinco dos campi que a Unir mantém no interior do Estado aderiram ao movimento grevista iniciado pelos docentes da instituição na última quinta-feira. Além da demanda nacional, os professores da Unir reivindicam a contratação de novos técnicos e melhorias na infraestrutura da universidade.
Em Roraima, na UFRR, segundo o presidente do sindicato dos professores, Marcos Braga, a segurança dos campus faz parte da pauta de reivindicações. “Foram registrados assaltos nas adjacências da instituição colocando em risco a vida dos professores, alunos e visitantes. Também estamos lutando para que isso mude”, disse.
Por sua vez, a Ufac não enfrenta somente a greve docente da instituição. Os próprios servidores também ensaiam paralisar as atividades na próxima semana. O protesto é por melhores condições de trabalho. Se não houver acordo com o governo, a greve deve começar de vez em junho.
Unifesp e UFRJ em greve
Os professores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) decidiram, nesta terça-feira (22), entrar em greve por tempo indeterminado. No mesmo dia, docentes de cinco campi da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) também anunciaram a adesão à paralisação nacional organizada pelo Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior). Até o momento, 41 universidades estão paradas, além de 3 institutos federais.
O presidente da Adufrj (Associação dos docentes da UFRJ), Mauro Iazi, acreditava na aprovação da greve mesmo antes da assembleia. “Vivemos a contradição da expansão do ensino superior, sem recursos para acontecer. É preciso a regulamentação do plano de cargos, carreiras e salários, a reestruturação da carreira, a valorização do professor”, declarou.
Na UFF (Universidade Federal Fluminense), os professores também entram em greve ontem.
Em Minas, há avaliações
Os docentes das Universidades Federais de Uberlândia, Viçosa e Alfenas, em Minas Gerais, aderiram à greve nacional dos professores. Segundo os responsáveis pelo movimento grevista, de 50% a 60% dos professores estão oficialmente em greve, mas alguns optaram por concluírem as avaliações de final de semestre.
Na UFV (Universidade Federal de Viçosa), segundo a presidente do comando local da greve Márcia Fontes Almeida, há mil docentes divididos nos campi Viçosa, Rio Paranaíba e Florestal. No dia 15 deste mês foi feita uma assembleia entre 200 professores e 183 declararam serem a favor da paralisação. “Não temos o número exato de professores que estão parados, mas sabemos que é metade. Vamos fazer uma reunião na próxima quarta-feira para definir os rumos da greve e informar os professores sobre a pauta”.
Mesmo com a greve declarada, a presidente explica que houve um acordo para que as avaliações que já estavam agendadas até o fim desta semana fossem aplicadas. “Nós dividimos o comando em comissões e uma delas avalia as exceções, caso seja necessário aplicar alguma atividade ou avaliação após esse prazo”, disse.
Na UFU (Universidade Federal de Uberlândia), a situação é parecida. De acordo com o presidente do comando local, Antônio Cláudio Moreira Costa, 50% dos 1,8 mil professores do ensino básico e superior dos campi de Uberlândia, Pontal do Triângulo Mineiro e de Patos de Minas aderiram ao movimento.
Já o campus de Varginha da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), segundo a presidente do comando de greve daquela região, Francisca Isabel Ruela, está totalmente parado. A Universidade conta com três campi, a de Alfenas, Varginha e Poços de Caldas. Ao todo, são 360 professores concursados. Desse total, 83 paralisaram as atividades. “Vamos fazer a recontagem, porque houve mais adesões”, disse.
Em Juiz de Fora, a greve na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) começou nesta segunda. Pela manhã, os professores distribuíram panfletos pelo campus e em algumas ruas da cidade com a pauta de reivindicações. Além das reivindicações nacionais, os professores pedem maior transparência nas deliberações da administração da universidade e abertura mais vagas para docentes. Em nota, a Administração Superior da UFJF disse que “respeita” a mobilização.
Os professores da UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), em Uberaba, aderiram ao protesto na quinta-feira (17). Segundo o representante da diretoria de comunicação da associação de docentes, Bruno Curcino, a greve está em expansão, mas cerca de 42% dos alunos (2 mil estudantes) já estão sem aulas. A universidade informou que na sexta-feira dos 400 professores, cerca de 100 aderiram ao movimento. As aulas do turno da noite não aconteceram porque os alunos também apoiaram a greve e resolveram parar as atividades.
Na Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto), a greve gera grande mobilização de docentes com apoio de alunos desde quinta-feira. De acordo como o presidente da seção sindical, David Pinheiro Júnior, são 600 professores na instituição e adesão é de quase 100%. Além dos apelos de âmbito nacional, os educadores também questionam o número excessivo de alunos por turma e a sobrecarga de hora-aulas para os professores. A reitoria disse que não vai comentar sobre a greve.
A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), por sua vez, não aderiu à greve pelo fato de seus professores não estarem filiados à Andes-SN, o sindicato nacional da categoria.
Rio de Janeiro
Os professores da UFRJ podem se juntar aos da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), que cruzaram os braços no último dia 17. Segundo o movimento grevista, a adesão é de 90% dos profissionais de educação. Os professores estão em assembleia permanente e tem nova reunião marcada para amanhã no prédio principal da universidade.
“Falta material nos laboratórios, turmas superlotadas e a contratação de professores temporários para dar conta do currículo. Além disso, existe o problema de obras que não foram feitas e outras que foram feitas de maneira inadequada Os professores do campus de Três Rios reclamam muito da qualidade do prédio. O Departamento de Geociência está em condições muito aquém das condições básicas para as aulas”, disse o integrante do comando de greve, Alexandre Mendes. Procurado pela reportagem do UOL, o reitor da Rural, Professor Ricardo Motta Miranda, não respondeu ao contato.
Já na Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), o campus da Urca é o de maior adesão à greve, segundo a presidente da associação de docentes, Elisabeth Orletti. De acordo ela, em assembleia na próxima quinta-feira (24), os estudantes da Unirio podem também decidir entrar em greve. Há também pautas locais em jogo na instituição, tais como o pedido da associação para a criação de uma alternativa às fundações de apoio, que ajudam a manter a universidade.
A reitoria diz que a greve afeta aulas, mas que não tem um balanço “conclusivo” sobre a adesão dos docentes.
No Nordeste, adesão bate os 80%
Na Paraíba, a greve se estende à UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), do interior do Estado, deixando cerca de 17 mil alunos sem aulas. A instituição tem sete campi pelo interior da Paraíba e em todos houve adesão à greve. Tanto a Aduf-CG (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Campina Grande) quanto a reitoria da instituição falam em 100% de adesão à greve que começou no último dia 17.
Já na UFPB (Universidade Federal da Paraíba), mais de 40 mil alunos estão sem aula também desde o dia 17. A reitoria reconhece a forte adesão da greve (em torno de 90%) nos quatro campi da instituição: João Pessoa, Areia, Bananeiras e Rio Tinto. A UFPB conta com aproximadamente 2,5 mil professores.
Na UFPI (Universidade Federal do Piauí), segundo o presidente da Aduf-PI (Associação dos Docentes da Universidade do Piauí), Mário Ângelo Meneses, a greve atingiu todos os cinco campi. No campus da capital Teresina, a adesão é de aproximadamente 80%; no de Parnaíba, o número de docentes que apoiam o movimento chega perto de 90%. “De uma forma geral, podemos afirmar que a adesão à greve na UFPI é de 85% em todo o Estado”, declarou. A reitoria da instituição não quis se pronunciar.
Segundo a Associação de Docentes da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), a greve tem adesão de 95% dos professores na instituição e paralisa aulas nos três campi. A reitoria diz que “respeita” a decisão dos professores de paralisar as atividades. A UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) também está parada.
A UFMA (Universidade Federal do Maranhão), por sua vez, está com 80% dos docentes parados, segundo a associação de professores. Além das reivindicações nacionais, estão na pauta local o limite no número de alunos por turma e de horas-aula (máximo de 12h para contratos de 40h) e a ampliação e reforma na estrutura física sejam planejadas de forma a atender as necessidades e especificidades de cada curso.
Já na Ufal (Universidade Federal de Alagoas), há pautas locais. As duas principais são: falta de segurança nos campi de Maceió e Arapiraca (que ficam ao lado de presídios e são alvos constante de invasões de presos em rota de fuga) e luta pela não terceirização dos serviços do Hospital Universitário. A assessoria de imprensa da universidade disse ao UOL Educação que não conseguiria não poderia informar se ainda existem alunos assistindo aulas nos campi, por não acompanhar a greve de perto.
Centro-Oeste
A UnB (Universidade de Brasília) entrou em greve nesta segunda-feira. Há pautas locais, tais como melhoria da infraestrutura e das condições de trabalho. A reitoria da instituição diz que não se coloca “nem contra, nem a favor” do movimento.
Na UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), todos os professores estão parados, afirma a associação dos docentes. Em Cuiabá, afirma o órgão, 93% deles estão sem trabalhar desde o dia 17. Segundo a reitoria, há quatro campi totalmente parados. A administração da universidade afirma que “nunca foi” a favor da greve, por trazer prejuízo “não só para gestão, mas aos alunos também”, mas diz que acha “justa” a reivindicação de um plano de carreira.
Aulas interrompidas no PR e no RS
Apenas um dos dez campi da Unipampa (Universidade Federal do Pampa), no Rio Grande do Sul, não paralisou atividades, informa a reitoria. Segundo a universidade, os professores cruzaram os braços nos campi Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana. A reitoria não sabe informar, porém, qual o percentual de adesão à greve em cada um dos campi, e diz que isso só será possível após comunicação com os setores e departamentos da universidade.
Na UFPR (Universidade Federal do Paraná), a adesão chega a 80%. Nesta segunda-feira, a APUFPR (Associação de Professores da UFPR) informou que 80% dos 3.000 docentes da universidade aderiram à paralisação. A greve também afeta os serviços de pesquisa, extensão e os cursos de pós-graduação (parte deles pagos). A reitoria informa que não tem ainda um levantamento detalhado sobre a adesão à greve, mas afirma que a maioria dos cursos do setor de ciências humanas está parada. Por outro lado, diz que cursos como medicina, odontologia, direito e enfermagem funcionaram parcialmente na sexta-feira (18), primeiro dia da paralisação.
Já na UTFPR (Universidade Federal Tecnológica do Paraná), professores dos campi de Curitiba, Apucarana, Campo Mourão, Francisco Beltrão, Londrina e Ponta Grossa entraram em greve por tempo indeterminado. A adesão é maior na capital, onde nesta segunda-feira (21) 80% das aulas não aconteceram. A UTFPR diz que a adesão à greve não é total, mas não tem estimativa de quantos professores trabalham nos campi. Para a reitoria, a greve é um “direito dos professores”. Ao menos por enquanto, não há previsão de suspensão do calendário escolar.
* Com reportagem de: Sandra Rocha (Belém), Paula Litaiff (Manaus), Carlos Madeiro (Maceió), Valéria Sinésio (João Pessoa), Mariana Monzani (São Paulo), Renata Tavares (Uberlândia), Luana Cruz (Belo Horizonte), Felipe Martins (Rio de Janeiro) e Rafael Moro Martins (Curitiba).
Fonte: Uol Notícias
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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