Maior parte dos endividados é composta por homens jovens, aponta CDL-Recife
Homem de 21 a 30 anos, com ensino médio completo e renda de até dois salários mínimos (R$ 1.244). Compras em excesso no cartão de credito, seguida de pagamento mínimo da fatura e falta de planejamento orçamentário. O roteiro já é conhecido, mas ainda é o retrato dos endividados na Região Metropolitana do Recife (RMR). Esse perfil corresponde a maioria dos inadimplentes da RMR, segundo resultados da primeira Pesquisa de Inadimplência de 2012, realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife).
Segundo os dados, referentes ao mês de abril, o público economicamente ativo com faixa etária entre 21 e 50 anos soma 82% das pessoas com dívidas pendentes, apesar da alta de 4,5% na inadimplência entre as pessoas com menos de 20 anos, comparados à última pesquisa realizada em dezembro de 2011. Também equiparada ao mesmo período, a parcela dos devedores com renda familiar mensal menor que um salário mínimo cresceu, enquanto aqueles que recebem até dois salários mínimos mensais ficaram 9% abaixo da média registrada anteriormente.
Isso revela, na análise do CDL, que esta parcela da população está mais conscientizada sobre a real capacidade de pagamento. A pesquisa revelou, na comparação anual, aumento dos que alegam falta de planejamento/descontrole como causa do débito, chegando a 30% dos negativados. Já entre os que justificam desemprego como motivo da dívida, houve variação negativa. Enquanto em fevereiro de 2011, 48% associavam o débito à falta de emprego, em abril de 2012, este valor apresentou diminuição de 13%.
“A queda do desemprego insere as pessoas na economia e movimenta o mercado. Mas percebemos que ainda falta planejamento no orçamento para as famílias evitarem cair nas rmadilhas do crédito, por exemplo”, explica o presidente da CDL-Recife, Eduardo Catão. A maioria dos inadimplentes, de acordo com o levantamento, indica os cartões de crédito e de lojas como vilões. Eles somam 45% das dívidas, em razão da comodidade e facilidade nas transações e por ser o principal meio de pagamento usado nas compras por impulso.
“O problema é que os consumidores compram desordenadamente sem qualquer tipo de gerenciamento das finanças. Além disso, como boa parte deles não tem uma remuneração tão alta, acabam pagando o mínimo das faturas. Mas sabemos que no mês seguinte o valor aumenta e não controle no pagamento”, pontua Catão. Mesmo assim, os cartões também são prioridade de pagamento para a maioria dos entrevistados. No entanto, com o aumento dos que possuem dívidas com prestadoras de serviços (água, luz, telefone), estes segmentos já são prioridade de pagamento para 15% da população endividada, representando alta de 10% em relação a 2011.
Regularização
A pesquisa do CDL-Recife também apontou que a quantidade de pessoas que afirmaram não ter tomado nenhuma medida para saldar a dívida diminuiu 20% em relação ao ano anterior, e houve um aumento de 12% dentre os que cortaram gastos com lazer para normalizar sua situação financeira. Esse panorama indica, na avaliação de Catão, que os deveddores estão mais conscientes da necessidade de de quitar o débito. “O consumidor está buscando se organizar, diminuir gastos desnecessários e priorizar o pagamento de seus débitos. De um modo geral, percebemos que a inadimplência está diminuindo.”
O número de entrevistados que deseja normalizar seus débitos em até 60 dias cresceu 14% na comparação anual, enquanto o índice dos que estimam pagar em prazo superior a seis meses obteve queda de 12% na comparação com 2011. O levantamento revelou, ainda, o desejo da população de liquidar rapidamente os débitos e melhorar as condições financeiras. Houve crescimento, na análise anual, de entrevistados que possuíam atrasos de pagamentos de dívidas inferiores a 30 dias de 7% e diminuição de 11% dentre os atrasos com mais de 91 dias.
A quantidade de consumidores com parcelas atrasadas de valor acima de R$ 300 registrou aumento, passando de 26%, em 2011, para 38%, em 2012. Isso reflete, segundo o CDL, no crescimento da renda da população que tem migrado para a classe C, podendo assim adquirir bens que antes não tinham acesso. Já 64% dos negativados pretendem quitar suas dívidas com o recurso do salário, revelando a importância da expansão do mercado de trabalho e manutenção da renda para economia. Para 68% dos entrevistados, a situação financeira apresentou melhora, se comparada ao ano anterior. No levantamento, 59% dos inadimplentes apontaram a intenção de continuar consumindo e realizar novas compras à prazo, após quitar os débitos atuais.
Por Augusto Freitas, da equipe do Diario
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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