Pacote do governo não vai impactar crescimento, dizem economistas
O pacote de estímulo à indústria anunciado nesta terça-feira pelo governo não deve ter impacto significativo no crescimento deste ano, mas pode melhorar um pouco o resultado do ano que vem, afirmam economistas.
Eles observam que a maioria das medidas vai entrar em vigor apenas no próximo semestre ou em 2013. Em alguns casos, dependem ainda de aprovação do Congresso Nacional.
Na avaliação de analistas, as medidas são positivas porque mexem com as expectativas dos empresários, injetando otimismo no setor produtivo, o que é fundamental para estimular as decisões de investimento e contratação de mão de obra. No entanto, eles observam que os problemas estruturais que limitam a competitividade da indústria nacional persistem e não são de rápida solução.
“A resposta política atenua algumas distorções de curto prazo, mas não tem o poder de resolver os graves problemas estruturais da indústria, tais como o peso e a complexidade do sistema tributário, o custo e a qualidade da mão de obra e os custos diversos de infraestrutura”, observa o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani.
Para Padovani, as medidas anunciadas devem reforçar a recuperação da indústria esperada para o segundo semestre. Ainda assim, ele manteve sua projeção de queda de 1% da produção industrial no acumulado de 2012, pois acredita que o ritmo lento de retomada não deve ser suficiente para compensar a retração registrada no início deste ano.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, considera que a desoneração da folha de pagamento deve melhorar as condições de competitividade do produto nacional frente aos importados e diz acreditar em impactos positivos dos estímulos de crédito às exportações. Por outro lado, ele nota que algumas medidas têm efeito muito pontual, como a decisão do governo de priorizar a compra de produtos farmacêuticos e retroescavadeiras nacionais mesmo quando forem mais caros que similares importados. Já a linha de financiamento do BNDES criada para financiar a aquisição de novas tecnologias leva tempo para ganhar corpo, afirma Gonçalves.
“No curto prazo não há efeito a não ser por alguma melhora nas expectativas. Vamos rever a projeção de PIB para 2013 em diante, mas [o pacote] não deve ser suficiente para garantir muito mais do que 4,0%. Neste ano, seguimos com projeção de 3,3% para o PIB”, afirma.
Para Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, as medidas não são suficientes para mudar a trajetória da indústria. Ele diz que a desoneração anunciada não é suficiente para mexer na competitividade do setor.
“O governo insiste novamente em estratégias de curto prazo como postergar o pagamento do PIS/Confins de alguns setores para o final do ano. O que isso vai ajudar estruturalmente? Deveria haver um pensamento de longo prazo e um foco concreto e muito maior em inovação”, criticou.
A consultoria LCA também considera que as medidas não terão impacto relevante neste ano e manteve a projeção de crescimento do PIB em 3%. Segundo a LCA, o baixo crescimento externo e o elevado endividamento das famílias brasileiras vão limitar a expansão da economia neste ano.
Fonte: Folha.com
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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