Processo que resultou no impeachment de Collor completa 20 anos
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
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Um dos principais fatos da denominada Nova República, o início do processo que resultou no impeachment do ex-presidente Fernando Collor, atualmente senador de Alagoas pelo PTB, completa 20 anos neste sábado. O episódio, carregado de simbolismos históricos, ainda é alvo de polêmicas entre políticos e especialistas da área. Isso porque o presidente cassado voltou a Brasília e reconquistou um mandato eletivo no Senado, “absolvido pelo povo”, nas últimas eleições. Ex-parlamentares de Pernambuco, que estavam representando o estado no Congresso Nacional na época, têm opiniões divergentes sobre o caso.
Conhecido pelo estilo polêmico, o ex-deputado Gilson Machado (ex-PFL) revelou que votou contra a determinação do partido, ou seja, pela permanência de Collor na presidência da República. “Ele não teve direito a defesa. Como você acusa alguém e cassa sem ter este direito básico? Por isso, votei contra”, argumentou em entrevista recente ao Diario. O fato é registrado no livro autobiográfico De capeta a constituinte, lançado recentemente em virtude dos 70 anos do político.
Presidente nacional do PPS e deputado federal por São Paulo, Roberto Freire, na época deputado federal de Pernambuco pelo PCB, tem visão divergente. Segundo ele, haviam provas contudentes contra o ex-presidente. Freire, inclusive, tira por menos o fato de Collor ter sido eleito senador na última eleição. “Um assassino quando comete um crime e cumpre a pena na prisão, tem o direito de conviver em sociedade. Agora, eu, pessoalmente, não voto e não votaria nele”, declara.
Candidato na eleição de 1989, Fernando Collor se elegeu com a promessa de caçar “os velhos marajás” do país. “Ele foi o político que introduziu a política moderna no Brasil, com uma campanha profissional. Foi a primeira no país com estudos de pesquisa e uma equipe de marketing integrada. Ele importou o modelo norte-americano de fazer política”, argumentou o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Michel Zaidan.
Para Zaidan, o maior erro político de Collor não foi ter se envolvido em denúncias de caixa dois na campanha ou de corrupção, e sim, de estratégia. Lembrando que o presidente foi acusado de ter usado cheques fantasmas para o pagamento de despesas pessoais, como uma reforma na charmosa Casa da Dinda, em Brasília, e a compra de um carro Fiat Elba. “Ele achava que por ter uma alta popularidade, e ter sido eleito após a ditadura, não ia precisar do Congresso. Introduziu reformas importantes, mexeu com muita gente, mas sem buscar apoio político. Mas o grande mérito dele foi implantar o estado moderno no Brasil, enxugando a máquina e abrindo o capital”, arremata.
Linha do tempo
1989
Fernando Collor (PRN) vence o então candidato do PT, o Lula, nas eleições presidenciais
1990
Jovem e exibindo um visual moderno, Collor assume o governo no dia 15 de março. Um dia depois, a ministra Zélia Cardoso anuncia o Plano Collor
1991
Surgem as primeiras denúncias contra o presidente, a exemplo de desvios de cestas básicas da Legião Brasileira de Assistência (LBA), comandada pela ex-primeira-dama Rosane Collor
1992
No mês de maio, em entrevista a uma revista, o irmão do presidente, Pedro Collor, acusou o parente de manter sociedade com o ex-tesoureiro da campanha, PC Farias
Em junho, o Congresso Nacional instaurou uma CPI para averiguar as denúncias contra PC Farias. A investigação concluiu que o esquema de notas frias abastecia contas fantasmas
Em agosto, o presidente pediu aos brasileiros que saíssem de casa usando o verde e o amarelo, mas no dia 16 o povo vestiu preto nas ruas
No dia 1º de setembro, o pedido de impeachment foi entregue à Câmara dos Deputados. No dia 18, os “caras pintadas” tomaram as ruas do país em protesto
No dia 29 setembro, a Câmara dos Deputados aprovou o processo de impeachment por 441 votos a favor e somente 38 contra
No dia 2 de outubro, o vice-presidente, Itamar Franco, assumiu a Presidência da República
Collor renunciou no dia 29 de dezembro. O Senado prosseguiu com o processo de impeachment e cassou seus direitos políticos por oito anos
1994
Em 12 de dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) inocentou Collor do crime de corrupção passiva
2006
Fernando Collor (PTB) voltou ao Senado, ocupando a cadeira da ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), após sair vitorioso nas urnas, pelo estado de Alagoas
Fonte: Diário de Pernambuco
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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