Esta semana alguns municípios baianos, que sofrem com a Seca, anunciaram o cancelamento das suas festas juninas. O assunto virou polêmica em Quijingue, que possui um dos mais antigos festejos da região. A possibilidade que aqui aconteça o mesmo foi o assunto da semana.
Informações dão conta de que nas próximas horas será editado o decreto de cancelamento da festa.
Segundo informações oficiais, a seca que afeta a Bahia é a pior dos últimos 47 anos. Para quem vive nos centros urbanos ou em comunidades com água encanada, ainda não há a percepção clara da gravidade da estiagem. Porém, logo percebemos que os postos de saúde começam a ficar mais cheios, as feiras livres mais fracas, sem muitas opções e com produtos mais caros, o comércio local começa enfrentar dificuldades com a redução do fluxo de dinheiro. Com a economia local enfraquecida, todos ‘pagam o pato’. O desenvolvimento local trava, menos empregos são gerados, a pobreza aumenta e por aí vai…
Sem falar dos personagens que sofrem diretamente os terríveis efeitos da estiagem prolongada, os que vivem da agricultura ou pecuária e as comunidades que ainda não possuem água encanada.
Diante de um quadro alarmante supracitado, os municípios que sofrem com esse problema decretam Situação de Emergência. Aí podem solicitar recursos aos governos Estadual e Federal a fim de amenizar os estragos da longa estiagem, pois não podem dar conta da situação apenas com recursos próprios.
Há alguns dias o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) recomendou aos municípios que estão em Situação de Emergência que façam contenção de gastos, por conta das dificuldades enfrentadas.
Esses fatos levantam as seguintes questões:
Com a necessidade de utilização mais consciente dos recursos públicos surge o dilema de realizar ou não os festejos juninos este ano. E agora?
Quijingue completou este ano 50 anos de história, mas a história do surgimento da localidade, cujo nome ainda era Lagoa Grande, é muito mais antiga e nos mostra que naquelas primeiras povoações já se comemoravam o São João, que passou a ser o Padroeiro desta terra. Ou seja, o nosso São João é (o) um dos mais tradicionais da região sisaleira, com mais de 130 anos de história.
Posto isso, percebemos que a decisão de ter festa ou não é, sim, uma questão delicada. Em respeito às tradições locais, em respeito à população, é uma decisão que não deveria ser tomada dentro das quatro paredes de um gabinete.
Em Quijingue, o São João está embrenhado na cultura local, na subjetividade das pessoas; é algo que não pertence a este ou aquele governo, esta ou aquela família; o São João é patrimônio de todo o povo.
E devemos lembrar, também, que SECA sempre existiu e nunca se cogitou cancelamento dos festejos por conta disso. A situação é grave sim, mas a manutenção de festejos tradicionais pode ser uma solução e não O PROBLEMA.
Realizar as festas não é só para o lazer dos ‘foliões’, mas é, sobretudo, para possibilitar trabalho e renda à diversas famílias neste período. É dar alívio ao pequeno comerciante local que espera o ano todo para vender um pouco mais. Lucro que retorna em impostos para o desenvolvimento local.
É bom lembrar que o São João sempre existirá, independente da festa profana, pois é uma tradição religiosa.
Quijingue, assim como muitas cidades, sempre condicionou a realização dos festejos juninos à Prefeitura. O poder público pode e deve realizar tais comemorações como defesas da manutenção das suas tradições; existem até recursos que podem ser captados exclusivamente para isto. Mas o que não precisa haver são os gastos exagerados em uma festa. Como poderia um município solicitar recursos para enfrentar as dificuldades causadas pela estiagem e depois realizar uma MEGA FESTA? Nisso, todos concordam.
Mas, na verdade, gastos exacerbados não precisam acontecer em momento algum, seja em período de SECA ou CHUVA. É perfeitamente possível realizar os festejos com poucos recursos, sem gastança, sem atrações ‘afamadas’. É possível mobilizar o comércio local, que tanto ganham com as festas, para ajudar.
Momentos de dificuldades nos desafiam a encontrar alternativas e não recuar. A prefeitura deveria enxergar as tais circunstâncias como oportunidade para realizar uma festa mais cultural, voltada à simplicidade do tema, um verdadeiro ‘são João da roça’, com sanfoneiros e atrações locais. Assim, manteríamos a tradição viva e sem gastos absurdos.
O ideal fosse que o poder público local promovesse audiências públicas para que a população decidisse o que fazer e a melhor forma de fazer, considerando os obstáculos enfrentados. Assim aconteceria em uma gestão democrática e com participação popular.
Viva o São João de Quijingue!
Fonte: Quijinguecom
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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