Seca faz maridos deixarem famílias e irem para o Sul

Rosto sulcado pelo tempo, como os leitos dos rios fantasmas que assombram a região. Pele e corpo ressecados, feito a terra outrora fértil que hoje se desfaz em areia levada pelo vento. Olhar profundo e vazio, o mesmo vazio a que está acostumado o prato do sertanejo. O chão há vários meses não vê chuva que dê para o cultivo.

A seca que atinge todo Nordeste expulsou maridos dos sertões de Canindé, no Interior do Ceará. Para sobreviver, foram obrigados a migrar principalmente para São Paulo, cortar cana e trabalhar de galego (vendedor de porta em porta), Rio de Janeiro, para o trabalho de garçons e cozinheiros, e para o sul de Minas Gerais para colheita do café.

Como os maridos passam a maioria do tempo fora de suas casas, dando o duro para a sobrevivência, as “viúvas dos maridos vivos”, como são chamadas a contragosto suas esposas, acabam se tornando chefes de família. Esse fenômeno ocorre com mais frequência nos sertões de Canindé, que compreende ainda as cidades de Paramoti, Itatira, Caridade e Madalena.

Quando chove, é possível arrumar emprego nas lavouras ou plantar a sua própria roça. Com a estiagem, a terra não consegue segurar o trabalhador no campo. A busca pela cidade grande é quase inútil. Não há vagas, nem no pequeno comércio local, nem nas prefeituras, que muitas das vezes já dedicam mais verbas do que é permitido por lei a folhas dos funcionários.

A solução aparece no ônibus mandado pela indústria canavieira paulista ou mato-grossense. Em cidades como Canindé, Itatira e Madalena, já viajaram para o sul mais de 2 mil pessoas. Para se ter uma ideia do problema, só em abril deixaram o Município de Itatira, para o corte de cana, 545 pais de famílias. E o processo do vai-e-vem não é recente, como a seca também não é. Tanto que, não raro, as pessoas rompem a corda desse ioiô humano e acabam ficando no sul do Brasil.

Durante o tempo que estão fora, os homens mandam um pouco que recebem para a família. Três, cinco, seis, sete pessoas têm que se manter com R$ 90 ou R$ 120 por mês. Dona Francisca Maria da Silva, de 55 anos, residente no Distrito de Bonito, em Canindé, ficou com seis filhos, recebeu do marido João Ferreira da Silva, que está em São Paulo, no mês de abril, R$ 80.

A seca destrói a vida de todos. Contudo, a natureza não pode ser a única a sentar no banco dos réus. Os governos têm grande parcela de culpa nessa história, porque o grande problema do Nordeste não é a seca, mas sim a cerca. A burocracia emperra o sonho de muitos sertanejos que sonham em permanecer em suas terras, mas as condições adversas fazem com que deixam para trás a família e sigam para o sul, sem direito de pelo menos ter uma moradia parecida com a que deixou no sertão.

Fonte: Diario do Nordeste

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