Tendência é situação de seca se agravar no Norte de Minas
Rios com leitos esturricados, poços tubulares que secaram e municípios com racionamento de água são alguns dos problemas provocados pela estiagem no Norte de Minas. Produtores e comunidades rurais da região temem o futuro, já que a seca deve atingir o seu ponto crítico entre agosto e setembro. “A situação é realmente desesperadora. Já estamos no outono, aproximando do inverno. Ou seja: antes de outubro ou novembro não há mais como cair um grande volume de chuvas na região, capaz de provocar alguma melhora. Ou seja, o cenário é só de piora”, avalia Ricardo Demichele, gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) em Montes Claros.
Demichele ressalta que desde setembro (quando iniciou o período chuvoso) até ontem, em alguns municípios do Norte de Minas (da Microrregião da Serra Geral) foram registrados menos do que 500 milímetros de chuva. Entre as cidades estão: Catuti (414 milímetros), Mato Verde (420),e Monte Azul (417). “São densidades pluviométricas comparadas às da região da caatinga, no Nordeste”, observa o gerente da Emater.
Demichele salienta que, diante desse quadro, junto com um planejamento para o enfrentamento da estiagem a médio e longo prazo, o governo federal terá que auxiliar a região, enviando recursos para ações emergenciais, que incluem até frentes de trabalho. “Se não existir esse tipo de ajuda, o Norte de Minas terá uma verdadeira catástrofe”, alerta o técnico.
Tragédia Ele lembra que há o risco de repetir a tragédia provocada pela estiagem de 2007/2008,quando cerca de 300 mil cabeças de gado morreram no Norte de Minas, devido à falta de água e de pasto nas propriedades rurais. Em Cristália (5,8 mil habitantes), onde foi decretada situação de emergência, a população vive angustiada. Na sede do município, já foi iniciado o racionamento, com os moradores recebendo água nas casas apenas em determinada parte do dia. A medida também foi adotada em Mamonas e Guaraciama. Nessas duas últimas cidades, está sendo necessário ainda o uso de caminhões-pipa para levar água às casas.
O drama se repete em centenas de comunidades rurais. É o caso da localidade de Lagoa do Boi, no município de Glaucilândia. O poço tubular usado para abastecer as casas do lugar secou. Os córregos e pequenos rios da região também pararam de correr. “É a pior seca da região de todos os tempos. Nunca vi uma situação dessa”, lamenta o agricultor Elton Ferreira da Silva, de 42 anos. Ele plantou uma rocinha de milho e mandioca, além de tentar formar pasto. “Perdi praticamente tudo”, diz Elton, que, sem a pastagem, não sabe o que fazer com suas 30 cabeças de gado. “O único jeito será vender tudo.”
Também de Glaucilândia, o pequeno produtor José Divino da Silva, de 77 anos, caminha num leito seco de um rio e lamenta a má sorte. “Plantei cana e capim. Mas veio o sol e acabou com tudo.” O técnico da Emater em Glaucilândia, Dumont Nascimento, lembra que já foram completados 71 dias seguidos sem chuvas no município. Segundo ele, as perdas das lavouras de milho e feijão giram em torno de 50%, e os prejuízos dos agricultores familiares do pequeno município passam de R$ 1 milhão.
O tamanho do problema
71
Número de cidades que decretaram situação de emergência, segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), sendo seis por causa da seca e os demais devido à estiagem
1.096.271
total de pessoas atingidas
Fonte: Em.com.br
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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