Última no PIB per capita, Curralinho, PA, enfrenta falta de infraestrutura
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
A cidade de Curralinho, da ilha do Marajó, no Pará, foi apontada pelo IBGE como sendo o município brasileiro com o menor Produto Interno Bruto per capita do país em pesquisa divulgada nesta quarta-feira (12). Os números indicam que o município é o que, proporcionalmente, tem o menor valor de produção por habitante, R$ 2,2 mil por pessoa em 2010.
“É importante ressaltar que o PIB não indica distribuição de renda, é um indicador de produção, significa gasto e consumo”, explica Sérgio Castro Gomes, diretor de estatística do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp).
O município, de quase 28 mil habitantes, é sustentado pela transferência de recursos oficiais, já que a administração municipal é responsável por 61% da produção de renda bruta na cidade. Além do emprego público, a população tem como principais atividades o extrativismo, a pesca, a criação de animais de pequeno porte e a agricultura, sendo o açaí e o palmito os produtos mais explorados.
De acordo com os moradores de Curralinho, a cidade tem carência de oportunidades. Serviços e o acesso a direitos do cidadão, como saúde e lazer, são precários. A circulação de renda também fica prejudicada, pois o único banco da cidade não atende às necessidades da população e, além da instituição, existe apenas uma casa lotérica onde os moradores fazem grandes filas para pagar suas contas com a pequena remuneração que recebem no final de cada mês.
População reclama da baixa renda
Dona Nazaré, que pediu para não ter seu sobrenome divulgado, é moradora de Curralinho há 50 anos e conta que uma das maiores dificuldades da população é a inserção no mercado de trabalho. “É dificílimo encontrar trabalho em Curralinho, porque o único órgão que oferece emprego é a prefeitura, e são poucas vagas. No comércio, as pessoas recebem em torno de R$ 300 por mês, bem menos do que um salário mínimo”, explica. “Se tivesse oportunidade de viver em um município que oferecesse condições melhores para as famílias, eu me mudaria”, conta a aposentada.
A manicure Vanessa Souza da Silva também sente no bolso as dificuldades de viver no município. “Aqui se paga pouco. Ganho R$ 100 por semana. Cada pé e mão que eu faço são R$ 10”, conta. Porém o que mais frustra a população, segundo ela, é o descaso na saúde: o primo de Vanessa morreu em agosto, por conta de complicações após um tratamento de malária e, segundo ela, a situação está longe de ser um caso isolado. “A saúde está precária aqui. Falta remédio no hospital. Quem chega morrendo tem que ser transferido para cidades próximas, porque nunca tem médico”, relata.
Para a funcionária pública Maria da Conceição, o maior problema da cidade é a falta de infraestrutura. Ela conta que teve uma hemorragia interna durante a gravidez. Procurou atendimento médico e foi levada em um carro de mão, já que a ambulância não passava pelas ruas sem asfalto da cidade. “As ruas não são asfaltadas, não. São de chão batido. Vai chegar o inverno e nós vamos ficar como? Nadando? Vamos precisar ir de canoa para o comércio, porque fica tudo alagado”, desabafa.
Falta de oportunidades gera criminalidade
Os moradores de Curralinho também se queixam da segurança. Segundo eles, a ausência de instituições públicas de ensino faz com que muitas pessoas acabem entrando no crime. “Muitas coisas estão faltando. Não temos um curso técnico para os alunos, e a droga está dominando o município”, reclama Vanessa de Souza. “Está bem ruim a questão do aprendizado aqui. O número de colégios precisa ser ampliado, e quem termina o ensino médio para de estudar, porque não temos universidade”, diz Maria da Conceição.
Especialista aponta soluções
De acordo com o economista Afonso Chermont, a situação de Curralinho e demais municípios do Marajó é consequência de um processo histórico. “Há 40 anos, a ilha do Marajó fornecia carne para Belém, era um grande centro produtor. Tudo mudou com os incentivos para produção de carne no interior do estado. Além disso, a opção de desenvolvimento do Pará foi através da riqueza mineral, e a pecuária do Marajó, de pasto natural, é primitiva e produz pouco. A riqueza do Marajó ficou prejudicada”, avalia.
Para o economista, a solução para os municípios da ilha seria investimento em infraestrutura, tecnologia e turismo. “Haveria saída para o Marajó se desenvolver, através de técnicas modernas de produção e um transporte mais eficiente, ligando a ilha a Belém e Macapá”, aponta o economista, que também vê no turismo e na economia verde uma forma de desenvolvimento para a região: “Outro aspecto importante é a produção de alimentos. O Marajó utiliza técnicas tradicionais, então poderia comercializar alimentos orgânicos em supermercados”, destaca.
Fonte: G1
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
Nenhum comentário