Um encontro de super foliões nerds
- By : Assessoria de Comunicação do Deputado Gonzaga Patriota
- Category : Clipping
E eis que o feitiço virou contra o feiticeiro. Uma experiência como o Galo da Madrugada é mais forte e transformadora do que o anel do poder criado por Sauron, o Senhor do Escuro, em The Lord of the Rings (O Senhor dos Anéis). Quando elaborei o plano malígno de levar os primos paulistas para brincar no maior bloco de Carnaval do mundo não imaginava que eu mesmo iria sucumbir à sedução de uma festa que só tem ideia da sua grandiosidade quem já foi um dia. Tanto que nem fiz cara feia quando, neste domingo, me chamaram para ir à concentração do bloco Enquanto Isso na Sala de Justiça, na Cidade Alta, em Olinda. Até separei uma roupa mais adequada à ocasião. De uma camisa e uma bermuda de tecido camuflado eis que surge o capitão da Força Aérea Americana Guile, do Street Fighter, ou o seu alterego. Nada original, eu sei… mas foi o mais próximo de uma fantasia que consegui improvisar no guarda-roupa do meu irmão caçula marombeiro.
E chamem isso de uma transformação quase instantânea, viu? Porque quando fui ao Galo ontem só pensava em vigar-me dos parentes e ainda estava sob a influência do Lado Negro da Força. Por isso, saí com a primeira roupa que me veio na cabeça: a camiseta-amuleto de Wood Allen e uma bermuda surrada qualquer. Os galalaus despertaram no susto com a batucada que improvisei dos utensílios da cozinha e do jeito que estavam dormindo deixaram-se ir comigo ao Pinto da Madrugada, às sete da matina. Curaram a ressaca da noite anterior tomando uma lapada de cana de cabeça no desjejum. E, confesso, me acabei de rir ao vê-los fazendo caretas kkkkkkkkk. Mas a cachaça foi de leve, só para abrir os caminhos para o café da manhã que estava por vir: sarapatel. A prima ensaiou não comer quando soube do que era feito o prato (tripas e outras vísceras de porco, além do sangue coalhado e cortado em pedaços). Mas expliquei inventando que aquilo era uma tradição da festa e da culinária pernambucana e recusar seria uma desfeita. Comeu de olhos fechados e, para minha surpresa, pediu bis. Ô bicha runhenta, vôte?
De bucho cheio, acompanhamos a orquestra do Pinto pelas ruas do Recife Antigo com um número razoável de foliões e meia dúzia de cachorros rabujentos. Desta vez consegui enxergar os detalhes da decoração de José Cláudio. Que belezura! (não foi bem esta palavra que exclamei, mas a outra era um palavrão muito ão e podia soar chulo demais para quem me lê aqui). Apesar do forte odor de urina e mangue que insensava o Bairro Antigo, foi com alegria e disposição que o bloco seguiu atravessando ruas e pontes até a Avenida Guararapes, no Bairro de Santo Antônio.
Nesta altura, mesmo com as doses extras de cana que tomamos ao pé do galo gigante na Ponte Duarte Coelho, ainda estava firme na minha opinião sobre o Carnaval: festa de gente doida. E a maluquice parece ser contagiosa e generalizada. Porque em poucas horas faltava chão para a quantidade de palhaços, papangus, corvos, travestis e todo tipo de folião que quanto mais se espremia, mais sorria e brincava, formando uma grande massa da multidão. Quase impossível de achar alguém, mas muito fácil pra se perder.
Do Galo da Madrugada aprendi, pelo menos, duas lições pro resto da vida:
1- Antes de ir pra folia dê preferência a comidas leves, frutas, e muita água que passarinho bebe.
2- Se for brincar no meio da multidão, tire cópia dos seus documentos, separe o dinheiro e guarde-o em lugares diferentes (se possível, em bolsos camuflados ou algo assim) e, por nenhuma hipótese, leve o celular.
Lições aprendidas a duras penas, rumamos à Cidade Alta, em Olinda, como foliões mais safos e experientes. Eu disse folião?! É que…. bem… Já falei como a Ladeira da Misericórdia é íngreme? Pois é… só mesmo com super-poderes para subir aquele troço. Tem homem-aranha, tartaruga ninja e até aquele baixinho careca ali de túnica e pele verde…
– Yoda!!!! Eu não acredito!
– Por isso falha!, disse repetindo o diálogo clássico com Luke Skywalker, em Star Wars.
Visivelmente emocionado, abracei o Grande Mestre e balbuciei:
– Não sei se consigo subir toda a ladeira, mas vou tentar.
– Não! Tentar não. Faça ou não faça. Tentativa não há.
E pegou minha mão, guiando-me até o Alto da Sé.
Continua na segunda …
Fonte: Folha PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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