Uso de terapias medicamentosas contra o envelhecimento é proibido pela Anvisa
Uma decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada no Diário Oficial da União, na última sexta-feira (19), tem dividido médicos e especialistas. A resolução de número 1.999/2012 declarou proibido o uso de terapias hormonais e de algumas drogas no processo de retardo do envelhecimento, o que inclui vitaminas, antioxidantes e os chamados hormônios homólogos, também conhecidos como bioidênticos por terem estrutura similar aos naturais. O documento justifica que não há evidências científicas que apontem a eficácia de tais medicamentos, alegando, inclusive, a ocorrência de efeitos colaterais.
A partir de agora, a utilização dessas terapias só é permitida caso comprovada alguma deficiência na produção hormonal do organismo do paciente, como em casos de problemas na tireóide ou durante a menopausa. A resolução do CFM determina, ainda, a possibilidade de advertência e até cassação do registro de médicos que descumprirem a nova regra.
A presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerentologia (SBGG) em Pernambuco, Alexsandra Siqueira Campos, considerou a medida um avanço. “Há medicamentos que custam mais de R$ 500 e que prometem o rejuvenescimento, mas não há nenhum estudo que comprove isso. A proibição vai coibir que pacientes tomem remédios que sequer foram estudados antes de chegarem ao mercado e que podem até provocar distúrbios e eventos cérebro-vasculares, tanto em idosos como em pessoas que começam a se tratar quando mais jovens”, esclarece.
O professor de Ginecologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sabino Pinho, por sua vez, acredita que é necessário diferenciar o objetivo com que vitaminas e tratamentos à base de hormônios são prescritos ao paciente. “O fato de uma pessoa fazer uma terapia de reposição hormonal por conta da tireóide ou uma complementação vitamínica por causa de uma osteoporose, por exemplo, é totalmente diferente de uma abordagem que oferece a jovialidade de forma indiscriminada, prometendo à pessoa ser uma ‘branca de neve’. É uma maneira até imoral de praticar a Medicina”, assevera.
Ainda conforme os especialistas, o tratamento médico oferecido por um geriatra não propõe necessariamente o aumento da longevidade, mas recomenda hábitos que proporcionem uma terceira idade o mais saudável possível. “Dizem que esses tratamentos são para repor hormônios que vão sendo perdidos no processo do envelhecimento, mas não existe, até hoje, nenhuma evidência científica que reverta o envelhecimento das células. O que recomendamos é a uma mudança no estilo de vida do paciente, evitando fumar e beber, com uma boa alimentação e atividades físicas, além de controlar doenças como hipertensão e diabetes”, explica Alexsandra Siqueira Campos.
Já o presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento, Edson Peracchi, classificou a decisão do CFM como precipitada e capaz de assustar a parcela da população mais desinformada sobre essas terapias. “Creio que o desejo das pessoas de viverem com mais saúde e de forma mais produtiva é maior. O fato é que o Conselho tomou essa decisão sem consultar toda a comunidade científica e com base em um material obsoleto, de 2006. Em nenhum lugar do mundo, a prescrição de hormônios é proibida. Estamos na contra-mão em relação aos outros países”, rebate.
Embora não tenha nada contra o uso de hormônios para retardar o envelhecimento, a aposentada Judite Ataíde, de 71 anos, sempre optou por uma dieta balanceada e pela realização de exercícios físicos. “Comecei a me preocupar com isso após os 40 anos, quando parei de beber e passei a comer muita fruta. Agora, faço hidroginástica e ioga duas vezes por semana. Acho muito mais válido do que tomar remédios”, opina a idosa.
Fonte: Folha-PE
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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