Vale (quase) tudo na virada do ano
Para conseguir mais saúde, felicidade, dinheiro ou até aquele amor tão esperados, vale (quase) tudo na virada de um ano para outro. Há quem diga que é a hora de “descarregar” todos os sentimentos negativos para atrair boas vibrações. Outros creem que a cor da roupa também influencia e que, se não romper o ano com a tonalidade correta, algo de ruim pode acontecer. Muitos, inclusive, chegam a gastar uma considerável quantia em dinheiro, para garantir que tudo vai dar certo. A fé, por sua vez, é o que todos compartilham, independentemente da crença ou do objetivo final.
Os vendedores desses artifícios, geralmente, já são conhecidos dos clientes. A comerciante Josenilda Maria da Silva, 44 anos, dona Nilda para os íntimos, já trabalha há mais de 30 anos em um dos boxes que rodeia o Mercado de São José, localizado no bairro de mesmo nome, no Centro do Recife. “Muita gente vem todos os anos. O pessoal, aqui, procura de tudo: ervas, rosa, romã, sal grosso. São materiais que servem para chamar a paz, a prosperidade, o amor. Basta usar da forma correta”, afirma.
Quem prefere as ervas deve atentar para os dois tipos de banho existentes. “Tem o banho de descarrego, que é com sete ervas juntas e deve ser tomado no dia 30 de dezembro, para tirar tudo de negativo. No dia 31, tem o banho de cheiro, que é justamente para chamar as coisas boas e também é feito com sete ervas”, explicou Nilda. Um amuleto vendido pela comerciante também é uma das opções. “Você pode usá-lo durante o ano todo, que ele vai puxar para ele todas as más influências. Mas, no final do ano, se ele já tiver desgastado, tem que trocar e jogar o velho no mar, em uma encruzilhada ou em algum local longe”, atestou. Os preços dos artifícios variam entre R$ 0,50 e R$ 10.
O valor, por sinal, é algo desprezível ao babalorixá Francisco Moura, 63 anos. Ele reside em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, e todo final de ano vai ao Mercado de São José, onde gasta na faixa dos R$ 3 mil para comprar materiais espíritas. “Comprei pratos para Oxum; Lag d’Bá (colar) para vários orixás; sabão da costa, para fazer o banho dos noviços (iniciantes) do candomblé”, contou. “Também defumamos a casa toda e, à meia-noite, jogamos búzios para os filhos de santo, para sabermos se o orixá do próximo ano vai trazer coisas boas. Se tiver algo embaçado, a gente faz algo para melhorar”, complementou.
Já a técnica de enfermagem Emylly Silva Lustosa, 51 anos, tem a preocupação de achar a roupa branca para o ano novo. “Não tem quem me faça usar outra cor. Acho que é o que me traz sorte todos os anos, além de saúde, dinheiro e todas as coisas boas”, disse. E não é, apenas, a roupa. “É sapato, relógio, roupa íntima”, disse. A tradição veio de berço. “Minha mãe já tinha essa crença e eu passei para milha filha”, disse.
O local para romper o ano também é o mesmo de sempre. “Passamos na praia, porque eu tenho que pular a primeira onda do dia 1º. Quando vira a meia noite, eu pulo sete vezes com dez sementes de uva verde na mão. Guardo as sementinhas durante o ano todo e jogo as velhas no mar. Também coloco dinheiro no bolso, na hora da virada, porque faz multiplicar o dinheiro”, finalizou Emylly Silva.
Fonte: Folhape
Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)
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