Yoani espera que Dilma mostre preocupação com direitos humanos

A blogueira cubana Yoani Sánchez, que tenta mais uma vez visitar o Brasil,desta vez para conferir estreia de documentárioA blogueira cubana Yoani Sánchez espera que a presidente Dilma Rousseff escute “a maravilhosa diversidade de vozes cubanas” na visita que fará a Cuba na próxima terça e que esteja tão preocupada com os investimentos brasileiros na ilha como com os direitos dos cidadãos cubanos comuns.

“Que essa visita não seja apenas de tapete vermelho”, afirmou Sánchez à Folha.

A premiada blogueira opositora do regime dos Castro recebeu anteontem da embaixada brasileira em Havana visto de turista para visitar o Brasil no próximo mês.

Ela solicitou o documento para participar, no dia 10, do lançamento do documentário “Conexão Cuba-Honduras”, de Dado Galvão, em Jequié (Bahia).

Para estar presente no evento, porém, falta o mais difícil: a anuência do governo cubano. Havana exige dos cidadãos cubanos uma autorização de saída, o chamado “cartão branco”, e o critério de concessão dele tem corte político.

Há quatro anos a blogueira tenta sair de Cuba sem sucesso.

Ela vê um “gesto positivo” na concessão protocolar do visto, a poucos dias da visita de Dilma. Diz oscilar entre o “ceticismo e a esperança”.

Para a blogueira, Dilma chega à Havana num momento complicado, de aumento de “agressividade verbal” contra opositores após a morte, depois de 50 dias em greve de fome, do prisioneiro político Wilmar Villar há oito dias.

Conta que o nível de vigilância aumentou: foi seguida ao buscar seu passaporte na embaixada brasileira, anteontem, e que o marido foi detido na segunda.

“Esperamos que Dilma esteja interessada não só no estado da construção do porto de Mariel mas também no estado da construção dos direitos cidadãos em Cuba”, disse.

Dilma não deve tocar publicamente em temas de direitos humanos na ilha e a intenção oficial é carregar o caráter pragmático e de vantagens econômicas mútuas da relação bilateral, cujo maior símbolo é justamente o porto ao qual a blogueira faz referência.

Mariel é o maior projeto da relação bilateral atualmente: está sendo feito pela brasileira Odebrecht com financiamento de US$ 600 milhões do BNDES –o governo brasileiro deve aprovar a última parcela de US$ 230 milhões do empréstimo.

Leia abaixo a entrevista.

FOLHA – Vê alguma sinalização política de Brasília na concessão do visto de turista Tem esperança de vir?

YOANI SÁNCHEZ – Queria ter essa esperança [de que há uma sinalização política].

Estou entre a esperança e o ceticismo. Sem dúvida nenhuma, é um gesto positivo, de respeito ao meu trabalho jornalístico, a mim como cidadã, antes de ter a ver com a carta que enviei à Dilma ou o apelo pela ajuda dela.

Cumpriu-se um trâmite burocrático de uma simples cidadã, e isso talvez seja importante simbolicamente também. Entreguei todos os requisitos, antecedentes penais e tudo que pediam no tempo requerido. Não havia um só motivo para não conceder o visto e eu o recebi.

Tenho um passaporte cheio de visto de vários lugares, do Chile, da Espanha. Nos últimos quatro anos tem sido assim: eu recebo o visto para entrar em outros países, mas não para sair daqui.

FOLHA – O que espera da visita de Dilma?

YOANI – Esperamos dela é uma agenda muito mais ampla do que contatos com o governo e com a Chancelaria. Esperamos que ela esteja interessada não só no estado da construção do porto de Mariel [obra financiada pelo BNDES e feita pela Odebrecht] mas também no estado da construção dos direitos cidadãos em Cuba.

Que essa visita não seja apenas de tapete vermelho, que ela se aproxime e consiga escutar a maravilhosa diversidade de vozes cubanas.

Dilma chega a Cuba num período complicado, de aumento da agressividade oficial, de radicalização do discurso por causa da morte de Wilmar Villar, há oito dias. Tem havido detenções e muita violência verbal contra nós que informamos sobre o caso.

Hoje, no Granma [jornal oficial], há uma reflexão de Fidel Castro cheia de ataques que faz lembrar a Primavera Negra [a prisão de quase 75 dissidentes em setembro de 2003].

Desde a morte de Wilmar, aumentou a vigilância. Ontem [anteontem] justamente, quando fui à embaixada brasileira apanhar meu passaporte, havia dois homens em dois carros me vigiando. Essa situação acontece quando há esse tipo de tensão, após uma detenção importante, morte por greve de fome. O cerco é bastante forte. Na segunda passada, meu marido [Reinaldo Escobar, blogueiro] foi detido. Uma dessas detenções de curta duração sem nenhum papel de comprovação. Esse é o ‘estilo Raúl’.

FOLHA – Você pediu um encontro com a presidente Dilma. Algum sinal de que vá acontecer?

YOANI – Até agora não há nenhuma sinalização. Creio que não haverá espaço.

FOLHA – No Twitter, você citou se comparou à Dilma, na foto em que ela aparece sendo julgada por militares durante a ditadura. Por quê?

YOANI – A foto de Dilma é emblemática, me impressionou muito. É como eu me sinto nesse momento: embora não tenha sido condenada nem julgada, eu também me sinto numa prisão em formato de ilha, na qual as grades são o mar.

Apesar das diferenças de momento histórico, o que há de semelhante, creio, é a covardia do repressor. Eles que a julgam não mostram a cara. Os meus repressores também não dão as caras: não dão um motivo claro e público pelo qual não tenho permissão para sair do país.

Tenho lido sobre a presidente Dilma e vejo semelhanças de biografia. Essa formação de aqui e acolá, de imigrantes que atravessaram o Atlântico. Em um determinado momento, Dilma descartou a luta violenta e por meio da luta política chegou à Presidência. Desde o princípio, eu optei pela luta pela palavra, pelo jornalismo.

FOLHA – Qual é a situação de força dos opositores em Cuba. Há ambiente para uma “primavera cubana”?

YOANI – A primavera cubana ainda não está madura. É como um fruto ainda na árvore: tem de passar frio, sol. Há muito medo. Num Estado totalitário, o medo pode ser paralisante.

A sociedade civil é muito fragmentada. Os que discordam de algo são insultados na TV.

Num país onde só há TV estatal, isso é uma espécie de ‘morte social’, ser chamado de conspirador, de mercenário.

Por outro lado, os mais rebeldes e inconformados acabam deixando a ilha. O exílio é uma grande válvula de escape. E à diferença dos países do norte da África, não temos meios de mobilização digital, fazer uma convocatória à uma praça.

A porcentagem de pessoas com acesso a celular e internet é muito baixa. Num país com 11 milhões de cubanos, só 1 milhão tem celular, controlado por uma empresa estatal e com tarifas muito altas.

Fonte: Folha.com

Blog do Deputado Federal GONZAGA PATRIOTA (PSB/PE)

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